Situações humilhantes

85% dos profissionais da educação no Tocantins já sofreram assédio moral no ambiente de trabalho, revela enquete

Por Agnaldo Araujo
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21/06/2017 09h39 - Atualizado há 5 anos
Uma enquete do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Tocantins (Sintet) revelou que 85% dos profissionais da área já sofreram assédio moral durante a jornada de trabalho, caracterizado como uma situação "humilhante ou constrangedora". O levantamento foi realizado entre os dias 9 e 20 de junho deste ano, no site institucional do sindicato. Uma outra pesquisa realizada presencialmente pelo sindicato também neste mês revelou que 58% dos entrevistados nas Escolas de Tempo Integral (ETIs) da rede municipal de ensino de Palmas disseram ter sofrido assédio moral nas unidades de ensino. A entrevista foi realizada em 19 escolas públicas da Capital e teve como objetivo investigar se os profissionais da educação já sofreram ou não assédio durante a jornada de trabalho. Uma professora da rede pública de ensino, que não quis se identificar, relatou ter sofrido assédio moral e que chegou a desenvolver uma síndrome do pânico pelo ocorrido. “Tudo iniciou com um colega que começou uma perseguição. Se, às vezes, eu me ausentava, ele ficava atrás. Eu busquei um auxílio na própria secretaria, mas não obtive resultado, então eu fui duplamente assediada. Quando você percebe que a sua saúde está indo, isso é a maior perda que a gente tem”, contou a vítima. Para o Sintet, a pesquisa vem comprovar as diversas denúncias recebidas pelo sindicato. "Não há nenhuma surpresa no resultado da pesquisa que evidencia que os locais onde os trabalhadores mais se dedicam como as ETIs e os CMEIs [Centro Municipal de Educação Infantil] são os principais laboratórios para o assédio moral. Acreditamos que estes casos estão diretamente ligados às ingerências políticas nas unidades de ensino e por isso defendemos o processo democrático para eleição de diretor de escola", disse o presidente do Sintet Regional de Palmas, Fernando Pereira. Segundo a diretora geral da Escola Superior de Advocacia do Tocantins (ESA/TO), professora Gisela Maria Bester, com o aumento das fiscalizações internas e externas ao meio ambiente laboral e o avanço da legislação, existia uma expectativa de que a tomada de consciência sobre o assédio moral iria diminuir a incidência desse tipo de violência cotidiana nos locais de trabalho, tanto dos assédios morais quanto dos psíquicos, mas a realidade mostrou o contrário. "Há exatos 12 anos, quando já muito palestrávamos, orientávamos dissertações de mestrado, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de cursos de especializações e de graduações e publicávamos sobre a temática, tínhamos essa esperança, mas isso não aconteceu. Por isso a Escola Superior de Advocacia somou-se aos demais organizadores para propiciar à comunidade esse importante e necessário momento de enfrentamento do problema", disse Gisela Maria Bester. Evento em Palmas Para abordar os reflexos do assédio moral nas relações de trabalho, também na vida das vítimas e demais violências psicológicas no setor público, será realizado nesta quarta-feira (21) em Palmas, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil no Tocantins o seminário "Assédio Moral na Administração Pública: Aspectos Médicos e Jurídicos". O evento é promovido pela Escola Superior de Advocacia do Tocantins – ESA/TO, da OAB-TO e pelo Sintet, com a parceria da Faculdade de Palmas- Fapal e do Instituto de Ensino e Pesquisa Objetivo. As inscrições podem ser feitas pelo endereço do Sintet na internet e também da ESA-TO. O investimento para participação será a entrega de 1 kg de alimento não perecível, exceto sal. Confira a programação completa clicando aqui. Dados completo da Pesquisa: A pesquisa de campo foi aplicada nas escolas públicas de Palmas (redes estadual e municipal), realizada por amostragem, colheu cerca de 100 entrevistas em 19 escolas de Palmas. Os trabalhadores em educação foram questionados primeiramente se sabiam o que é assédio moral, sendo que 100% responderam que sim. 58% dos entrevistados nas Escolas de Tempo Integral (ETIs) da rede municipal de ensino de Palmas responderam que sofreram ou presenciaram assédio moral. - 48% dos entrevistados dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) responderam que sofreram ou presenciaram assédio moral; - 38% dos entrevistados das Escolas de Tempo Integral do Campo (zona rural) responderam que sofreram ou presenciaram assédio moral; - 28% dos entrevistados das escolas estaduais responderam que sofreram ou presenciaram assédio moral; - 17% dos entrevistados das escolas municipais responderam que sofreram ou presenciaram assédio moral; Afastamento por questões de saúde motivado por assédio moral: Na Rede Municipal, 35% já se afastaram. Nas ETIS do Campo, 25%. Nos CMEIS, 20% e Na Rede Estadual, 5%.

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