A última terça-feira (12/07) foi marcada pela busca ativa de catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis, em Araguaína (TO). A equipe da Secretaria do Trabalho e Assistência Social (Setas), percorreu vários bairros no intuito de identificar esses profissionais e apresentar a eles o projeto Lixo e Cidadania. Além da identificação deles, foram analisadas as situação dos lixões e aterros sanitários locais. A pedagoga e ex-funcionária pública, Elza Miranda Costa de Souza, de 52 anos, mãe de quatro filhos, foi uma das catadoras identificadas. “
Há dois anos fiquei desempregada, passei de secretária administrativa para catadora e, posso dizer que tenho orgulho dessa nova profissão e pretendo continuar na cadeia produtiva da reciclagem”, disse.
Em sua casa, o esposo também trabalha nesse ramo de atividade.
“Eu e meu marido, com a ajuda de mais dois catadores, trabalhamos de segunda a sábado em busca de materiais como papelão, plásticos, garrafas peti, alumínio, cobre, entre outros”, explicou. Oswaldo Pereira Leite, 64 anos e Natália Leite, de 61 anos, são de uma família grande composta por três filhos, quatro netos e dois bisnetos. Apesar de considerarem o trabalho árduo e perigoso, o sustento da família vem dos descartes recicláveis. Com o olhar baixo e a pele marcada pelo sol forte, Oswaldo Pereira Leite não esconde o esforço exigido pelo trabalho e nem a discriminação que diz sentir. “
Nós catadores somos, dia após dia, exposto aos riscos de acidentes durante o recolhimento de material e, na maioria das vezes, discriminado pelos olhares da sociedade”, desabafou. Ex-tratorista, o catador lamenta o fato de a idade ser empecilho para não conseguir emprego na área, mas apesar disso, ainda consegue pelo que cata, aproximadamente R$ 2 mil reais por mês. Do setor Planalto a história é contada por Leandro Souza dos Santos, casado e pai de uma filha. Catador há dois anos, carrega nas costas quilos e mais quilos de produtos recicláveis.
“Eu trabalhava em serviços gerais, após sofrer um acidente de trabalho não consegui mais emprego fixo. Vivo desse trabalho e, é dele que sustento a minha família”, disse.
Cadastro O perfil e as condições de trabalho desses catadores serão levantados nos 139 municípios do Tocantins. O projeto visa incentivar a geração de trabalho dos catadores, por meio de políticas públicas e ainda incentivo à educação, qualificação social e profissional, saúde, assistência técnica, organização e fortalecimento de empreendimento de economia solidária.
“Vou participar do Projeto porque preciso de ajuda e orientação. Meu sonho é possuir uma estrutura adequada para o armazenamento dos materiais recolhidos e, poder me qualificar em cursos relacionados à coleta seletiva, técnica administrativa e também ter conhecimento sobre os materiais que podem causar danos a saúde”, disse, Elza Miranda Costa de Souza.
Perigo Os catadores em sua maioria trabalham sem luvas e máscaras, lidando com os restos e o lixo depositado pelas pessoas. A saúde deles é posta à prova a cada dia de serviço. Alguns confidenciam que já tiveram até micoses nos pés, mas o que todos querem é trabalhar em cadeia, bem como aprender a transformar o material reciclável em arte, obviamente ajudando o meio ambiente. Após o diagnóstico, serão feitas as capacitações com o público-alvo e por último, o aparelhamento de 14 empreendimentos solidários do Estado onde todos eles terão a oportunidade de trabalharem de forma organizada.