Dezenas de acadêmicos do curso de Psicologia da Faculdade Católica Dom Orione de Araguaína realizaram, na noite desta quarta-feira (19), uma manifestação contra o veto da instituição à participação da palestrante
Valeska Zanello, professora doutora da UnB, no
"I Encontro de Psicologia Saúde Mental e Gênero – Novos Tempos, Velhos Paradigmas". O Conselho Regional de Psicologia manifestou apoio aos estudantes por tratar-se de "militância contra interferências da religião na ciência psicológica".
"Temos o entendimento de que a militância também contribui de forma significativa para a formação profissional e parabenizamos todas as pessoas envolvidas neste movimento", disse o CRP. Em nota, o Conselho afirmou que a censura pública de temas que são essenciais para a formação do psicólogo é extremamente prejudicial para a qualidade da formação profissional. "
Entendemos que a discussão de temas essenciais para o desenvolvimento das políticas públicas e a efetivação dos direitos e garantias fundamentais não configuram qualquer tipo de apologia, e que qualquer movimento contrário à liberdade de opinião e de pensamento coloca em sério risco a garantia da psicologia como ciência e profissão no Brasil", explica o Conselho. Após a repercussão da negativa da Faculdade, o Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Sexualidade, Corporalidades e Direitos da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e NUAmac – Núcleo Aplicado de Minorias e Ações Coletivas da Defensoria Pública da DPE-TO – Defensoria Pública do Estado do Tocantins também emitiram nota desfavorável ao posicionamento da instituição.
"Estamos tomando todas as medidas cabíveis para este caso e acompanhando diariamente a situação. Estamos em contato direto com a equipe docente e já solicitamos uma reunião emergencial com a direção do campus para tratar do assunto, após essa reunião, caso seja necessário, encaminharemos denúncia ao MEC e ao Conselho Federal de Psicologia", explica o presidente do CRP-23.
Religião O Conselho afirmou que compactua com o Posicionamento do Sistema Conselhos de Psicologia para a Questão da Psicologia, Religião e Espiritualidade, reconhecendo “a importância da religião, da religiosidade e da espiritualidade na constituição de subjetividades”, contudo “somos terminantemente contrários a qualquer tentativa fundamentalista de imposição de dogma religioso, seja ele qual for, sobre o Estado, a Ciência e a profissão e, a qualquer forma de conhecimento que procure naturalizar a desigualdade social, a pobreza ou o cerceamento dos direitos constitucionais. Por isso, não pouparemos esforços para garantir o estado de direito e as instituições democráticas, compreendendo ser essa a condição
sine qua non para a manutenção e o desenvolvimento da saúde psicossocial da população brasileira, base para um processo saudável de subjetivação”.