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Fiscal acusado de liberar carne com tuberculose diz que não fez nenhuma autuação em 22 anos

Por Agnaldo Araujo
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08/09/2017 10h54 - Atualizado há 5 anos
O auditor fiscal do Ministério de Agricultura no Tocantins Dagoberto Machado Prata, acusado pela Polícia Federal de receber propina para liberar animais infectados para abate em frigoríficos, até mesmo com tuberculose, se orgulhava de não ter autuado nenhuma empresa nos 22 anos de serviço na área. Áudios obtidos pela TV Anhanguera mostram que o Dagoberto não se preocupava em fiscalizar e ainda tentava evitar que outros fiscais autuassem frigoríficos por irregularidades. O salário do fiscal pago pelo Ministério da Agricultura é de mais de R$ 20 mil. "Eu sempre fui muito cavalheiro, muito gentil. Sempre tive uma conduta muito humana. Se você quer saber, eu nunca lavrei um auto de infração na minha vida. Nunca! Sou firme nisso. Eu não sei, eu tive uma formação para a extensão rural, eu não nasci para ser fiscal", diz nos áudios. Em um dos áudios, Dagoberto tenta convencer outra auditora a não suspender as atividades do frigorífico Boi Forte, onde ela detectou problemas. "Não é uma indústria perfeita e longe de ser. Mesmo por causa da estrutura deficitária. A indústria é uma das mais antigas do Brasil, talvez, né? Então nós temos que conviver com estes probleminhas ou então não tem condição. Esse tempo muito quente, você está entendendo? Quando você for tomar uma atitude mais... como eu diria... assim, troca uma ideia comigo. Para ver o que é que faz. Numa atuação conjunta vai ficar mais fortalecido, tanto eu quanto você”, afirma. Dagoberto foi responsável pelo serviço de Inspeção Federal do Frigorífico Boi Forte (LKJ), desde 2010, da Gelnex, de 2012 a 2013 e, novamente, a partir de 2015, e da Minerva S.A, entre os anos de 2012 a 2016. Sócios do frigorífico Minerva revelaram que entre os anos de 2010 e 2016 realizaram o pagamento mensal e sistemático de R$ 6 mil a Dagoberto, para que fosse mantido um “bom relacionamento” entre a empresa e a  Superintendência Federal de Agricultura. Além disso, ele era agraciado com ‘kits’ de carnes, com derivados da industrialização dos frigoríficos, que eram destinados à ração de animais de sua fazenda, a seus cães, e até mesmo, com o pagamento regular de suas despesas com combustíveis. A PF apontou também que ele teria destruído provas após a primeira fase da operação. Ele teria queimado mais de 30 quilos de documentos comprometedores na caldeira de uma das empresas. OUTRO LADO A defesa de Dagoberto Machado Prata disse que vai entrar com um pedido para que a prisão dele seja revogada e que vai provar a inocência do fiscal. O Ministério da Agricultura disse que as provas da Polícia Federal vão ser consideradas no processo administrativo disciplinar que já foi aberto. O frigorífico Minerva disse que não há indiciamento contra a empresa e seus executivos. A INVESTIGAÇÃO O fiscal do Ministério da Agricultura no Tocantins, Dagoberto Machado Prata, é apontado pela Polícia Federal como responsável por liberar alimentos contaminados e carne bovina com tuberculose em troca de propina. A informação está na decisão do juiz federal João Paulo Abe que autorizou a Operação Vegas, deflagrada na manhã do dia 30 de agosto, no Tocantins e em outros dois estados. De acordo com a investigação, Dagoberto teria recebido propina mensal no valor de R$ 50 mil e ainda R$ 5 mil de auxílio combustível do frigorífico Boi Forte (LKJ) para liberar carcaças de animais contaminados. O fiscal foi afastado das funções e teve a prisão preventiva decretada. A Vegas é um reflexo da Operação Lucas, deflagrada em maio deste ano, em quatro estados e no Distrito Federal. As investigações apontam que o esquema criminoso – que teria a participação da ex-superintendente substituta do Ministério da Agricultura no Tocantins Adriana Carla Feitosa – movimentou cerca de R$ 3 milhões entre 2010 e 2016. Com informações do G1 Tocantins. Leia mais... http://afnoticias.com.br/animais-infectados-com-tuberculose-eram-liberados-por-fiscal-para-consumo-humano-diz-decisao-judicial/

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