A araguainense Danielly Gomes de Oliveira, de 20 anos, mostra que o karatê lhe proporcionou mais do que a emoção dos desafios. Foi por meio do esporte que a atleta superou o estigma da deficiência auditiva, controlou a ansiedade e é exemplo de coragem nas artes marciais. Ela já participou de diversas competições e conquistou mais de 60 medalhas em campeonatos, duas delas de circuito nacional. “
A Dani nunca gostou de brincar de boneca, sempre preferiu o esporte. Há oito anos eu a inscrevi para treinar karatê no Centro de Atividade do Trabalhador (CAT). E isso virou a vida dela. O que também me ajuda com a criação, já que ela agora come melhor, é menos tímida e menos ansiosa”, descreveu a mãe, Maria Glória Gomes de Oliveira, que acompanha a filha nos campeonatos, se dedicando integralmente. O mestre de artes marciais sensei Cézar Fernandes, o Shina, disse que a veia competitiva da atleta ajuda superar suas limitações e acompanhar os demais alunos. “
Tudo dela é mais pesado, só enfrenta faixa preta e campeã. A categoria que ela luta é muito ágil. Mesmo assim, a Dani fica muito brava quando perde ou não consegue patrocínio para ir até a competição”, afirmou orgulhoso o sensei. Com a ajuda da professora intérprete da Central de Interpretação de Libras (CIL), Edla Alencar, Danielly mostrou com expressão de positividade que levará o karatê como uma profissão.
“A expressão facial é muito importante na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Quem convive com pessoas deficientes auditivas deve conversar com ela de perto. Para que o deficiente consiga ler os lábios de quem fala e a outra pessoa possa ver as expressões do deficiente auditivo”, explica Edla.
ATENDIMENTO Edla Alencar explica que a ação da CIL vai além da orientação, trabalhando também a assistência social. “
A maioria dos deficientes auditivos não têm conhecimento total da Libras. Então, a gente precisa sempre orientar as escolas, que nem sempre tem intérpretes. E vamos além disto. No caso da Dani, por exemplo, nós ajudamos a regularizar documentos, como o título de eleitor, e também ajudamos como facilitadores na comunicação com psicólogos”, afirmou. A Central de Interpretação de Libras de Araguaína é a única do Estado do Tocantins. A unidade é responsável por prestar serviços na sede do centro, também via internet e no local onde será realizado o atendimento. A CIL funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 12 horas e das 14 às 18 horas, na Secretaria da Secretaria da Assistência Social, Trabalho e Habitação, no antigo prédio da UFT, localizado na Rua Humberto Campos, nº 508, no Bairro São João. Os agendamentos podem ser feitos pessoalmente ou pelo telefone (63) 3415-2268.
MAIS INCLUSÃO Além dos serviços prestados junto aos deficiente auditivos atendidos pela central, servidores da Secretaria da Assistência Social, Trabalho e Habitação estão sendo capacitados por meio do Curso Libras Nível Básico, ofertado pela CIL para colaboradores do Município desde 2017. O curso também deve ser levado para os colaboradores e para a comunidade que frequenta as três unidades do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Araguaína. A disciplina também já foi aplicada aos professores da Rede Municipal de Ensino e para pais de deficientes auditivos e interessados. De acordo com a secretária municipal da Assistência Social, Fernanda Ribeiro, a realização dos cursos foi após perceber que há um grande número de surdos que recebem atendimentos nas secretarias. “
Atendemos 1.146 pessoas surdas ou com alguma deficiência auditiva”, disse.
(Flávio Martin)