Sobrinha-neta de Tarsila do Amaral diz que ‘Abaporu’ nasceu de autorretrato

Por Redação AF
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12/05/2014 09h45 - Atualizado há 5 anos
<span style="font-size:14px;">O livro foi a maneira encontrada por Tarsilinha para tornar p&uacute;blico o insight que a acompanha h&aacute; alguns anos: que o quadro mais famoso de sua tia - e um dos mais importantes da arte brasileira - foi, na verdade, um autorretrato de Tarsila, possivelmente nua, em frente a um espelho, feito para impressionar sua grande paix&atilde;o, na &eacute;poca, o escritor Oswald de Andrade.<br /> <br /> Foi por sugest&atilde;o de uma amiga que Tarsilinha aventou essa hip&oacute;tese pela primeira vez. Em 2011, resolveu fazer um inusitado teste - para &quot;tirar a prova&quot; de tal vers&atilde;o. Ela lan&ccedil;ou a possibilidade de que o quadro fosse a reprodu&ccedil;&atilde;o de uma imagem refletida num espelho, um espelho que estivesse levemente inclinado, criando a deforma&ccedil;&atilde;o que caracteriza a obra.<br /> <br /> Aproveitando-se da semelhan&ccedil;a f&iacute;sica com a tia-av&oacute; ilustre, Tarsilinha posou para um espelho inclinado - de forma similar &agrave; foto que aparece nesta p&aacute;gina. &quot;Ou seja, procurei imitar a prov&aacute;vel pose que a artista teria assumido quando pensava no quadro que faria, naquele long&iacute;nquo dia de 1928&quot;, diz ela, em trecho do livro. &quot;A m&aacute;gica se completou: a imagem que vi no espelho lembrava de maneira impressionante a figura do Abaporu, como se de repente tiv&eacute;ssemos nos deslocado no tempo e no espa&ccedil;o e, por um encantamento, encontr&aacute;ssemos a resposta de um enigma, uma chave nova para compreender uma obra por si t&atilde;o cheia de mist&eacute;rio.&quot;<br /> <br /> Tarsilinha recorreu a fotos e mem&oacute;rias de fam&iacute;lia para comprovar ainda mais fortemente sua interpreta&ccedil;&atilde;o. De acordo com uma sobrinha da pintora, Helena do Amaral Galv&atilde;o Bueno, na casa onde Tarsila vivia com Oswald em 1928 havia um enorme espelho inclinado, apenas encostado na parede, justamente no corredor anexo ao quarto-ateli&ecirc; que ela dividia com o escritor.<br /> <br /> &quot;Outra semelhan&ccedil;a entre a pintura e a pintora est&aacute; no p&eacute;. Assim como o Abaporu, familiares acreditam que Tarsila tamb&eacute;m tinha o segundo podod&aacute;ctilo maior do que o primeiro, o h&aacute;lux&quot;, conta Tarsilinha. &quot;Este detalhe anat&ocirc;mico teria sido percebido, na inf&acirc;ncia, por uma das sobrinhas-netas da pintora, Mar&iacute;lia Estanislau do Amaral Powers - ela pr&oacute;pria tamb&eacute;m dotada dessa caracter&iacute;stica, o que, por ser heredit&aacute;ria, s&oacute; refor&ccedil;a a tese. Irm&atilde;o de Tarsila, Milton Estanislau do Amaral, era outro da fam&iacute;lia que tinha os dedos dos p&eacute;s assim.&quot;<br /> <br /> Ciente da import&acirc;ncia de Abaporu para a arte brasileira, bem como da pot&ecirc;ncia das interpreta&ccedil;&otilde;es consagradas acerca do significado do quadro, Tarsilinha n&atilde;o pretende que essa sua conclus&atilde;o se sobreponha ao sentido mais amplo e metaf&oacute;rico que a tela atingiu. &quot;Com este livro, n&atilde;o quero mudar a brilhante ideia que Oswald de Andrade teve ao achar que o Abaporu era o homem plantado na terra. O importante &eacute; que fique tamb&eacute;m clara a inspira&ccedil;&atilde;o da obra, a perspic&aacute;cia de Tarsila do Amaral - sua capacidade de transformar uma cena do cotidiano, do acaso, no mais famoso quadro brasileiro de todos os tempos.&quot; Ou seja: ela lan&ccedil;a um novo olhar &agrave; obra da tia-av&oacute; e reconhece que, para artistas geniais, a simplicidade do cotidiano &eacute; o bastante para impulsionar a cria&ccedil;&atilde;o.</span>
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