Ex-governador e mais oito são acusados de organização criminosa, abuso de autoridade e tráfico de drogas
O ex-governador do Tocantins, Mauro Carlesse (Agir), não parece muito preocupado com as recentes polêmicas envolvendo seu nome no início desta semana.
Em um vídeo compartilhado por ele nesta terça-feira (14/11) no Instagram, o ex-governador aparece à beira de um lago. "E aí, moçada, chegando aqui pra dar uma pescada, pegar um tucunarezinho. É isso aí, olha o sol, o sol tá raxando, mais tardinha vai pegar uns tucurané bom", afirmou.
Até a manhã desta quarta-feira (15), o vídeo já tinha quase 800 curtidas e mais de 50 comentários. "Com a vida ganha", postou um internauta. Outro disse: "Quem tá preocupado é ele (sic)". Tem até um comentário do cantor Camargo, irmão de Zezé di Camargo. "Da próxima vez me chama pra te ensinar a pegar uns toppp. Saudades".
Polêmicas da semana
Junto a oito pessoas, incluindo servidores da Polícia Civil, Carlesse se tornou réu acusado de organização criminosa, abuso de autoridade e tráfico de drogas. A 3ª Vara Criminal de Palmas aceitou a denúncia do Ministério Público do Estado (MPE-TO), formalizando o processo.
Conforme o Ministério Público, o ex-governador teria determinado que diversos policiais civis realizassem uma investigação clandestina – sem vinculação a qualquer procedimento formal – com o objetivo de esclarecer quem seria o responsável pela produção e divulgação de um vídeo de uma suposta traição da então primeira-dama do Estado.
Conforme narra a denúncia, os policiais teriam coagido diversas pessoas, inclusive realizando gravações, apreendendo celulares e tendo acesso a conteúdos privados sem autorização judicial.
Depois de identificarem o suposto autor do vídeo, os policiais teriam agido para colocar drogas e uma balança de precisão na moto e na residência do homem, para que ele viesse a ser acusado do crime de tráfico de drogas. A cocaína plantada, inclusive, teria sido transportada de Palmas para Gurupi, também de forma clandestina, por participantes da organização criminosa, afirma a Gaeco.
Após realizarem a ocultação da droga e da balança, os componentes da organização criminosa acionaram a Polícia Militar em Gurupi e repassaram a informação de que o suposto autor do vídeo traficava drogas na cidade, o que resultou em uma batida policial e na sua prisão em flagrante.
Posteriormente, celulares ilegalmente apreendidos, relatórios e outros documentos relativos à investigação clandestina foram encontrados em poder do então governador, em um cofre localizado no Palácio Araguaia.
Esta apreensão ocorreu pela Polícia Federal. Em outubro de 2020, Mauro Carlesse foi alvo das Operações Éris e Hygea, que resultaram em sua renúncia em março de 2022.
Além de Mauro Carlesse, foram denunciados: o delegado Ênio Walcacer Oliveira Filho; os policiais civis Antônio Martins Pereira Júnior; Carlos Augusto Pereira Alves e Santhiago Araújo Queiroz; o escrivão Victor André Sabará Ramos; e os agentes José Mendes da Silva Júnior; Marcos Augusto Velasco Nascimento Albernaz; Ricardo José de Sá Nogueira.
Investigação de corrupção durante a pandemia
Paralelamente, a Polícia Federal lançou uma etapa ostensiva de investigação criminal também no último dia 14 de novembro. A ação tem como foco supostas fraudes em licitações, organização criminosa e lavagem de dinheiro envolvendo empresários e servidores públicos do Estado do Tocantins, durante a pandemia de Covid-19.
Segundo a PF, aproximadamente R$ 90 milhões foram repassados a uma organização social para a gestão de dois hospitais durante os anos de 2020 e 2021, dos quais parte teria sido desviada em benefício de agentes públicos e empresários associados à referida organização. Carlesse era o governador durante esse período.
Outro lado
O AF Notícias tenta contato com ex-governador para repercutir o seu posicionamento sobre o assunto. O espaço permanece aberto, caso ele queira comentar.