Ex-governador iniciou encontros políticos após anunciar pré-candidatura.
Notícias do Tocantins - Durante um encontro político, o ex-governador Mauro Carlesse (Agir) insinuou acreditar que o atual chefe do Executivo estadual, Wanderlei Barbosa (Republicanos), deverá renunciar ao cargo em abril de 2026 para disputar uma das vagas ao Senado Federal. A projeção foi feita por Carlesse durante um almoço com vereadores em Araguaína, onde também confirmou sua pré-candidatura ao governo do Tocantins.
O evento contou também com a presença de representantes de Xambioá e de outras lideranças do norte do estado. Segundo relatos de participantes, Carlesse afirmou que Wanderlei entregaria o governo ao vice, Laurez Moreira (PDT), para se dedicar à campanha ao Senado. No entanto, as apostas de Carlesse para as duas vagas recaem sobre os atuais senadores Eduardo Gomes (PL) e Irajá (PSD), que devem buscar a reeleição.
Carlesse também declarou que, a partir de agosto, iniciará uma série de viagens por todas as regiões do Tocantins para articular sua candidatura.
“O meu objetivo é só um: a candidatura ao governo. Tem muita coisa a fazer e tenho certeza absoluta de que posso ajudar muito. Entendi que tenho condições de disputar e estou preparado. Graças a Deus, fizemos um trabalho maravilhoso neste Estado e tenho o reconhecimento da população”, destacou.
A DÚVIDA ESTRATÉGICA DE WANDERLEI
A aposta de Carlesse se baseia em movimentações recentes. Wanderlei, que foi vice de Carlesse, lidera as pesquisas de intenção de voto para o Senado com 52,9%, segundo levantamento do Instituto Paraná Pesquisas. O dilema, no entanto, é estratégico: caso renuncie, Wanderlei deixará o comando do governo a Laurez Moreira, com quem tem uma relação política estremecida desde o rompimento público em 2023.
A manobra também enfraqueceria a articulação do grupo governista, que tem como nome preferido para a sucessão do Palácio Araguaia o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Amélio Cayres (Republicanos). O plano pode ser comprometido caso Laurez assuma o cargo de governador e decida disputar a reeleição com a máquina pública nas mãos.
Até agora, Wanderlei segue afirmando que pretende cumprir o mandato até o fim. Mas entre discursos de palanque e entrevistas com frases ambíguas, rastros de uma pré-campanha velada têm se acumulado - com entrega de obras, fortalecimento de base e reuniões com aliados.
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OBSTÁCULOS À CANDIDATURA DE CARLESSE
Enquanto projeta o futuro político de Wanderlei, Carlesse ainda precisa lidar com o peso de seu próprio histórico. Ele renunciou ao governo em 2022 para evitar um processo de impeachment, após ser afastado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em meio a investigações que apontam corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Em 2024, foi preso preventivamente sob suspeita de planejar uma fuga para o exterior, utilizando passaporte italiano, identidade uruguaia e uma casa alugada na Itália. A prisão foi revogada por liminar do STJ, que impôs medidas cautelares.
Apesar dos escândalos, o ex-governador sustenta que foi alvo de perseguição política e afirma contar com “apoio da população”. Com o anúncio, ele se junta a outros pré-candidatos ao governo do Tocantins: Professora Dorinha (União Brasil), Amélio Cayres (Republicanos), Laurez Moreira (PDT) e Ataídes Oliveira (sem partido).
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