Ele deu a entender que assumiu o comando do PSD como forma de 'blindagem'.
Notícias do Tocantins - Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (27), o vice-governador e pré-candidato ao governo em 2026, Laurez Moreira (PSD), deixou transparecer pontos polêmicos de sua estratégia política. Questionado sobre a proposta de privatização do Jalapão — iniciada ainda na gestão de Mauro Carlesse e amplamente rejeitada pela sociedade e moradores da região —, Laurez evitou respostas objetivas, mas acabou acenando positivamente à ideia.
“Se for aprovado no Brasil, sim. Se o Brasil inteiro aprovar, não há por que [o Jalapão] ficar de fora. Mas isso é uma questão nacional”, respondeu o vice-governador.
Provocado pela influenciadora digital conhecida como Maria Jalapão, Laurez inicialmente se esquivou, mas depois citou como exemplos Caldas Novas e polos turísticos do Nordeste, regiões onde o turismo foi impulsionado por grandes grupos privados. “Caldas Novas começou com investimento privado, foi se desenvolvendo, evoluiu. Se você vai ao Nordeste, os grandes grupos internacionais vieram investindo, depois compraram áreas para fazer seus investimentos”, afirmou.
A fala soou como um aval ao modelo de concessão privada, embora o Jalapão represente um caso distinto: trata-se de um patrimônio natural sensível, que pertence ao povo tocantinense e não pode ser entregue a grupos milionários de fora, sob risco de elitização e de cobrança abusiva de taxas que inviabilizem o acesso da população local.
Relação com Irajá
Outro ponto controverso da coletiva envolveu a relação com o senador Irajá Abreu, conhecido pelo histórico de rompimentos políticos. Sem citar diretamente as supostas "traições", Laurez deu a entender que assumiu o comando do PSD no Tocantins justamente como forma de "blindagem", tendo sido essa uma das condições impostas para ingressar na legenda. "Quanto ao senador Irajá eu não tenho essa preocupação, porque meu compromisso é com a direção nacional do partido e sou o presidente estadual do partido", disse.
O vice-governador também afirmou ter recebido carta branca da direção nacional para conduzir a sigla: “Quando eu assumo um partido no Tocantins, a orientação é a minha. Estou recebendo a incumbência de dirigir o PSD com a liberdade de fazer composição com quem eu quiser”.
O histórico de Irajá, no entanto, pesa: em 2018, prometeu apoiar o ex-juiz Marlon Reis, mas recuou; em 2022, anunciou Osires Damaso como candidato a governador, mas tomou-lhe o lugar e ainda prejudicou a candidatura da própria mãe, Kátia Abreu, ao Senado.
Para analistas políticos, Laurez admitiu indiretamente que só se sente seguro por presidir o PSD no Estado e demonstrou certo grau de temor e desconfiança em relação ao senador.
Questionado ainda sobre eventual alinhamento à esquerda e sobre apoio do presidente Lula, o vice-governador novamente evitou respostas objetivas, reforçando o tom genérico da coletiva.