Situação já tornou-se corriqueira até mesmo para os profissionais da saúde.
Notícias de Araguaína – O Hospital Regional de Araguaína (HRA), maior unidade pública de saúde do Norte do Tocantins e referência também para pacientes do Sul do Pará e Maranhão, vive uma crise recorrente, entra governo, sai governo — desta vez marcada pela falta sistemática de insumos básicos e até de água. A situação, que deveria ser excepcional, tornou-se rotina, deixando pacientes e familiares em um cenário de incerteza e improviso.
Criado em 1970, o HRA nasceu para suprir a carência de atendimento hospitalar na região, mas, ao longo das décadas, foi se transformando em uma unidade de média e alta complexidade. Com a ampliação da demanda, vieram também os problemas: estrutura comprometida, déficit de profissionais e, nos últimos anos, um colapso recorrente no abastecimento de materiais e medicamentos.
Nos últimos 30 dias, a crise chegou ao extremo: faltou água até para lavar os lençóis dos leitos. Em denúncia encaminhada ao AF Notícias, uma acompanhante relatou que nesta quinta-feira, dia 2 de outubro, os lençóis passaram a ser racionados. “A técnica de enfermagem me informou que só poderia pegar um (normalmente pego dois, um pra mim e outro para o meu pai), pois estão priorizando os pacientes. O hospital está sem água”, contou.
A situação ocorre porque parte do abastecimento depende da água da rua e, em caso de interrupção, setores como a lavanderia ficam paralisados. Nesse episódio, foi a ala responsável pela higienização da roupa de cama que ficou sem fornecimento.
Mas o problema não se resume à falta de água. A mesma acompanhante denunciou que precisou comprar remédio para controlar a diarreia do pai, já que o hospital não tinha no estoque. “O médico prescreveu Florax, mas no dia seguinte a enfermeira disse que estava em falta. Tive que sair à noite e comprar o medicamento”, afirmou.
Segundo ela, essa não foi a única despesa. Fraldas, coletores de urina e até sacos para coleta precisaram ser adquiridos pela família, porque o hospital não tinha como fornecer. O caso mais grave, porém, envolve a espera pela troca de uma traqueostomia: “Desde o início de setembro estamos aguardando a reposição no estoque. Até hoje não foi feita a troca”, denunciou.
A repetição desses episódios revela um colapso que deixou de ser pontual para se tornar crônico. Profissionais da saúde já tratam as falhas como parte da rotina, enquanto famílias de pacientes se veem obrigadas a bancar insumos que deveriam ser garantidos pelo sistema público.
O Hospital Regional de Araguaína, classificado como unidade de Porte III e peça central no atendimento de média e alta complexidade da região, hoje é símbolo de um problema maior: a incapacidade do Estado de assegurar condições mínimas de funcionamento em sua principal referência hospitalar no Norte do Tocantins.
O QUE DIZ O GOVERNO?
"A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que as unidades hospitalares sob sua gestão estão abastecidas de medicamentos e insumos para o funcionamento de rotina e algumas faltas pontuais se dão por demora na entrega, por parte dos fornecedores e por trâmites processuais em fase final de compra.
A Pasta destaca que para todos os itens faltosos, há substituição com similares de forma que a assistência à população siga de forma ininterrupta.
Sobre o abastecimento de água no Hospital Regional de Araguaína (HRA), a SES-TO pontua que as faltas são decorrentes de problemas por parte da fornecedora.
Quanto ao enxoval da unidade, a SES-TO esclarece que pela normativa interna, eles são disponibilizados apenas aos pacientes e nenhuma pessoa internada no HRA está sem o item.
Palmas, 03 de outubro de 2025
Secretaria de Estado da Saúde"