Greve da Educação chega à terceira semana com mobilização na Câmara.
Notícias de Araguaína - A greve dos professores da rede municipal de Araguaína segue sem acordo. Nesta segunda-feira (03/11), os profissionais estão novamente mobilizados na Câmara de Vereadores, em protesto contra o novo Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) do magistério.
Apesar da paralisação, a Prefeitura comunicou o retorno às aulas nesta segunda. "As escolas municipais vão funcionar normalmente. Haverá aulas para todas as crianças", diz o comunicado divulgado nas redes sociais.
Segundo a Prefeitura, "alguns professores optaram por aderir ao movimento do sindicato. Mesmo assim, a Secretaria da Educação garantiu equipes e organização para manter o atendimento sem prejuízo às famílias e aos alunos".
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Tocantins (Sintet), a rede municipal conta com menos de mil servidores concursados e quase quatro mil contratados, o que impacta diretamente a adesão ao movimento.
“O grande número de contratos impacta na adesão, pois muitos profissionais têm medo de perder o emprego e acabam indo às escolas pressionados pela gestão. É por isso que surgem informações desencontradas sobre a greve. Mas entre os professores efetivos, cerca de 99% aderiram ao movimento, exceto aqueles que ocupam cargos de confiança”, afirmou Rosy Franca, presidenta do Sintet Regional de Araguaína.
O sindicato reforça que a paralisação continua firme e que a categoria permanece unida na luta pelo cumprimento dos direitos e valorização dos profissionais da educação.
O que motivou a greve
A mobilização teve início após o prefeito Wagner Rodrigues enviar à Câmara Municipal o projeto que reformula o PCCR do Magistério. O Sintet considera a proposta um “ataque direto aos direitos e à valorização profissional”, por alterar garantias conquistadas em planos anteriores, como progressão funcional, valorização por tempo de serviço e reconhecimento por mérito.
No dia 21 de outubro, dezenas de docentes ocuparam o plenário da Câmara em um ato de resistência contra o texto, pedindo revisão do projeto e abertura de diálogo com a gestão municipal.
O que muda com o novo PCCR
A proposta de reformulação reestrutura toda a carreira do magistério, mantendo o salário-base alinhado ao piso nacional e incluindo duas novas gratificações:
Gratificação de Difícil Acesso (GDA): 3% do piso nacional para docentes que lecionam em áreas rurais ou de difícil acesso.
Gratificação de Incentivo Profissional (GIP): bônus de 10% para especialização, 25% para mestrado e 30% para doutorado — atualmente, o plano permite até 50% de acréscimo.
O texto também prevê afastamento remunerado de 50% para professores que cursarem mestrado (por até dois anos) ou doutorado (por até quatro anos), em áreas pedagógicas de interesse do município. A progressão horizontal, com reajuste a cada três anos e 10 níveis salariais, também é mantida.
Apesar das alterações, o Sintet afirma que o projeto reduz direitos já consolidados e desestimula a formação continuada dos educadores.