<div style="text-align: justify;"> <span style="font-size:14px;"><u><strong>Por Washington Araújo</strong></u><br /> <br /> A Declaração Universal dos Direitos Humanos chega aos 64 anos de existência com alguns excelentes frutos: moldou comportamentos, definiu responsabilidades, criou laços de solidariedade, destacou temas vitais como dignidade humana, justiça, liberdade e segurança coletiva. Em alguns de seus aspectos fundamentais ainda é uma carta de boas intenções.<br /> <br /> Neste último meio século mais de uma centena de nações vieram à existência. A Declaração de Direitos Humanos esteve reforçada na função de representativa da totalidade das nações emergentes ao ser gradativamente ratificada pelo dobro dos países signatários originais. Ela é o documento básico que articulou os direitos inalienáveis de todos os membros da família humana e de certa forma, seu conteúdo poderia ser visualizado como sendo o conjunto de anseios e esperanças acalentados por gerações de homens e mulheres, crianças e idosos, das mais variadas raças, etnias e crenças religiosas - anseios e esperanças essas pelos quais todos de alguma maneira viveram, lutaram e pereceram.<br /> <br /> Guerras e conflitos sangrentos foram travados sempre que temas relevantes como justiça, liberdade, dignidade ou soberania nacional estiveram ameaçadas pela mão forte do opressor. Esta Declaração representa o melhor que uma humanidade angustiada saída dos escombros da segunda Grande Guerra poderia produzir. E tem personificado de certa maneira uma apólice de seguros – sem data de prescrição – para uma humanidade sempre arredia ao bacilo da guerra.<br /> <br /> Quando nossos olhos são violentados por crianças “vestidas de pele e osso” em tantas nações africanas, asiáticas, latino-americanas em contraponto com o desperdício acumulado no leito da civilização ocidental, dita cristã, dita europeia, ficamos consternados e em alguns casos indignados: há de um lado, excesso de alimentos e de outro, excesso de fome e de miséria. Uma época que vê os povos do mundo tendo acesso crescente a todos os tipos de informação e a uma diversidade de ideias irá descobrir que a justiça se afirma como o princípio governante da organização social bem sucedida. Aos olhos de Deus, assegura Bahá'u'lláh (1817-1892), “a justiça é a mais amada de todas as coisas, pois permite que cada indivíduo veja com seus próprios olhos e não através dos olhos de outros”.<br /> <br /> A interdependência entre povos e nações é, à medida que vemos tomar velocidade o corrente século XXI tão evidente quanto a constatação que em 1989 foi derrubado o Muro de Berlim e extirpado da face da humanidade essa sua última cicatriz conseguida durante a II Guerra Mundial. Este documento ainda precisa transpor os limites dos protocolos internacionais e se transformar em políticas públicas sólidas, reais, encetadas e monitoradas de perto por governos de todos os povos e nações. É assim que saudamos este próximo dia 10 de dezembro, a data que evoca aquele ano de 1948, o dia em que a humanidade aprovou o inteiro teor da Declaração Universal dos Direitos Humanos.<br /> <br /> <u><strong>Washington Araújo</strong></u> é jornalista, escritor, palestrante e ativista dos direitos humanos. E-mail: <strong>wlaraujo9@gmail.com</strong></span></div>