<span style="font-size:14px;">A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, pode se tornar a próxima mulher a ser presidente do Brasil, segundo um longo perfil da política publicado nesta quinta-feira (4) pela <a href="http://www.bloomberg.com/news/articles/2015-06-04/is-this-the-brazilian-woman-next-in-line-to-succeed-rousseff-" target="_blank">rede de notícias de economia “Bloomberg''</a>.<br /> <br /> Em um texto sobre a vida e a carreira da ministra, a “Bloomberg'' destaca seu posicionamento a favor do mercado (em oposição ao “intervencionismo'' do atual governo) e pergunta: “Esta mulher brasileira é a próxima na fila para suceder Rousseff?''.<br /> <br /> “Mesmo que os princípios de livre mercado de Abreu sejam opostos à tendencia intervencionista de Rousseff, as duas mulheres formaram uma relação complexa, mas próxima, que ajudou a avançar os interesses da comunidade fazendeira'', diz, argumentando que este grupo tem esperança de vê-la no Executivo nacional.<br /> <br /> Segundo a reportagem, a ministra tem empurrado o Brasil em disputas por mercados internacionais, e o país que já é o maior exportador de carne, frango, suco de laranja, café e açúcar do mundo pode agora ultrapassar os EUA nas exportações de soja.<br /> <br /> Entrevistada na reportagem, a ministra diz que “claro que todos os políticos querem um dia presidir o Brasil'', mas alegou que isso é definido pelo destino.<br /> <br /> <strong><u>Confira a matéria completa da Bloomberg</u></strong></span><br /> <br /> <span style="font-size:14px;">No dia 1º de fevereiro, Kátia Abreu havia cumprido tudo o que sempre sonhou. Ou quase tudo.<br /> <br /> Primeiro ela foi empossada como senadora. Depois, entregou o cargo a um substituto para poder continuar como ministra da Agricultura do Brasil para defender o agronegócio, que gera um quarto da economia do país.<br /> <br /> E antes de o dia acabar, ela se casaria com um amigo de longa data, Moisés Pinto Gomes, enquanto a presidente Dilma Rousseff, uma ex­adversária política, sorria na primeira fila, atrás deles. Apesar de os princípios de livre mercado de Kátia Abreu serem contrários às inclinações intervencionistas de Dilma, as duas mulheres formaram uma relação complexa, porém cálida, que ajudou a levar adiante os interesses da comunidade agrícola, assim como os dela, e aumentar as esperanças entre os seus apoiadores de que Kátia Abreu poderá ocupar a presidência um dia.<br /> <br /> “É claro que todos os políticos gostariam de algum dia ser presidente do Brasil”, disse Kátia Abreu, de 53 anos, em entrevista sobre uma ampla variedade de assuntos, no mês passado. “Mas é questão de destino, essas coisas simplesmente acontecem. A presidente Dilma, por exemplo, nunca havia sido candidata e se tornou presidente. Era o destino dela”. <br /> <br /> O destino de Kátia Abreu foi posto em marcha por uma tragédia. <br /> <br /> Ela tinha 25 anos, dois filhos e estava grávida de um terceiro quando o pequeno avião pilotado por seu marido caiu durante uma decolagem. Viúva, ela foi ao sindicato local de fazendeiros para cuidar do futuro da fazenda da família. Em um tempo relativamente curto, ela subiu e se tornou presidente daquele grupo, antes de avançar para expandir sua influência nacionalmente.<br /> <br /> <u>Confederação da Agricultura</u><br /> <br /> Desde então, ela se tornou presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), o mais importante grupo nacional representativo do setor, e foi eleita para o Senado para representar Tocantins. Nesta semana, ela ficou lado a lado com Dilma para anunciar um plano de financiamento de US$ 60 bilhões para a próxima safra.<br /> <br /> Kátia Abreu diz que este será o ano em que o Brasil, atualmente o maior exportador mundial de carne bovina, frango, suco de laranja, café e açúcar, finalmente superará os EUA em exportações de soja.<br /> <br /> “No momento em que a presidente me convidou para ser sua ministra, ela convidou a Kátia, com todas as suas ideias e todos os seus princípios”, disse Kátia Abreu na entrevista. “Eu sou assim e continuarei sendo assim, uma pessoa que respeita o direito à propriedade, o liberalismo econômico, que acredita no mercado e que acredita na democracia”.<br /> <br /> Ironicamente, Dilma e Kátia quase acabaram em lados opostos nas eleições de 2010, segundo Saulo Queiroz, secretário ­geral do antigo partido de Kátia Abreu, que a conhece há 15 anos. Ele disse que Kátia Abreu considerou a possibilidade de concorrer na coligação do partido de centro­direita PSDB</span><span style="font-size:14px;">com José Serra, opositor de Dilma.<br /> <br /> <u>Aposta perdida</u><br /> <br /> Mas Queiroz, reconhecendo que Serra era uma aposta perdida, aconselhou­a a esperar.<br /> <br /> “Eu disse a ela, ‘Kátia, este não é o momento’”, lembra Queiroz. “Nós lutaremos para que você seja candidata a presidente da República”.<br /> <br /> Agora Kátia Abreu faz parte do PMDB, um membro menos estatista da base de governo. Continua em aberto o questionamento sobre se Kátia Abreu, que é relativamente uma recém­chegada, seria capaz de unir um dos maiores partidos políticos do Brasil em torno de sua candidatura presidencial em 2018, segundo membros antigos do PMDB, que pediram anonimato, citando a política do partido. <br /> <br /> Conversas com pessoas próximas a Kátia Abreu pintam um retrato de uma líder política hábil que, como a própria Dilma, é orientada aos detalhes, tem força de vontade e é propensa a ter pouca paciência com seus subordinados. Sua defesa feroz do agronegócio lhe rendeu uma série de adversários, desde os ruralistas pobres, que citam defesa do agronegócio, até os ambientalistas, por seu apoio a leis vistas como uma permissão ao desmatamento.<br /> <br /> Kátia Abreu conheceu Dilma em 2011, quando representava a CNA. Dilma, recém­eleita, sabia pouco sobre sementes, ciclos e riscos da vida rural e estava interessada em aprender mais a respeito. Kátia Abreu disse que tinha dois pedidos: uma melhor infraestrutura e uma política agrícola que desse segurança financeira aos fazendeiros.<br /> <br /> Agora, Kátia Abreu não demora em descrever Dilma como sua maior aliada, alguém que ela diz ficar “braca” quando os cortes no orçamento mergulham muito profundamente na agricultura. <br /> <br /> “Eu tento ser parceira do ministro da Fazenda, ter uma boa relação”, disse Kátia Abreu. “Eu deixo a presidente cumprir o papel de brava e ela realmente fica muito brava quando ele tenta mexer com o financiamento para produtores rurais. Ela não deixa”.</span>