<span style="font-size:14px;"><u>Gabriel Bocorny Guidotti</u></span><br /> <br /> <span style="font-size:14px;">No último domingo (12/03), uma nova leva de protestos ecoou pelo Brasil. Comparativamente, o número de manifestantes foi menor do que o ocorrido em março. Entretanto, pelo visto em placas, cartazes e na cobertura da imprensa, o enfoque era semelhante: a indignação contra a corrupção e contra o governo Dilma Rousseff. Em alguns vídeos compartilhados na rede, a violência ideológica de manifestantes impressionou.<br /> <br /> O foco é sempre o PT e como o partido estaria ‘destruindo’ o Brasil. Não acredito que Dilma e Lula sejam os únicos culpados, embora reconheça um distanciamento cada vez maior deles consoante às suas bandeiras históricas. Há muitos outros aspectos envolvidos, sobretudo o jogo político: a oposição está enraizada dentro do próprio Governo Federal. Tanto é que, em grandes veículos de todo o país, andam proliferando entrevistas de petistas insatisfeitos com o modo pelo qual a sigla está sendo conduzida. Pelo lado do PMDB, então, nem se fala. 2018 já começou.<br /> <br /> Para o argumento do impeachment – muito pedido entre os populares – ganhar peso, há dois critérios básicos: o político, que já se completou, afinal, a crise é grande, em diversos segmentos, e o jurídico, pelo qual exigiria o cumprimento de uma ilegalidade por parte da presidente. Do jeito que vão as coisas, sobretudo por algumas falsas promessas de campanha do PT, e pela pressão de alguns setores do poder, tal critério não está muito longe de se materializar.<br /> <br /> É direito protestar, reclamar contra a corrupção, demonstrar insatisfação pelo pernicioso momento econômico que vive o Brasil. É lícito também condenar a falta de firmeza com que Dilma coordena a presidência, contudo, a maior afronta das últimas décadas no país ficou de coadjuvante nas manifestações: o projeto de lei da terceirização, uma grande derrota dos trabalhadores. Este deveria ter sido o enfoque. A aprovação do projeto é o mesmo que pegar a CLT e a rasgá-la na frente de um grande comício de classe.<br /> <br /> Destarte, não acredito na troca de presidente para como fator decisivo para a mudança do país. A política brasileira criou estruturas que renovam mais do mesmo. Se Temer assumisse, a vantagem seria uma interlocução mais eficaz entre Governo Federal e Congresso Nacional. Mas o Brasil estaria nas mãos de um partido camaleão, que se manifesta como situação quando, verdade seja dita, só faz oposição. Afinal, será que esse jogo de poder tem algo a nos ensinar ou levará todos nós à ruína?<br /> <br /> <u><em>Gabriel Bocorny Guidotti</em></u><br /> Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo.<br /> Porto Alegre – RS</span>