Política de Gênero

Apesar de homenagens, ambiente político se mostra muito hostil para mulheres no Tocantins

Apenas três deputadas ocuparam cadeiras na Aleto, revelando um cenário de exclusão feminina.

Por Leydiane Lima 587
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13/03/2025 15h00 - Atualizado há 1 semana
Homenagem promovida pela Assembleia Legislativa para as mulheres

Notícias do Tocantins -  Enquanto a Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto) promove cerimônias para homenagear as mulheres, a realidade política do estado expõe uma contradição gritante: das 24 cadeiras do parlamento, apenas três são ocupadas por mulheres. Janad Valcari (PL), Cláudia Lelis (PV) e Vanda Monteiro (UB) representam apenas 12,5% da composição legislativa, um índice muito abaixo do ideal para garantir uma participação equitativa na tomada de decisões.

Apesar dos discursos sobre empoderamento e igualdade de gênero, a presença feminina segue limitada, refletindo um problema estrutural na política tocantinense

A baixa representatividade feminina na Aleto não é um acaso, mas o resultado de obstáculos como a falta de apoio partidário, o machismo estrutural e a violência política de gênero. Muitos partidos lançam candidaturas apenas para cumprir a cota mínima de 30%, sem oferecer suporte real. Além disso, mulheres que entram na disputa enfrentam ataques, difamação e descaso social, fatores que contribuem para suas poucas chances de sucesso eleitoral. 

Enquanto a Assembleia Legislativa mantém um índice de participação feminina extremamente baixo, a Câmara Municipal de Palmas apresenta um cenário relativamente melhor, com seis vereadoras entre os 18 parlamentares (25%). Esse dado reforça que mudanças são possíveis quando há incentivo e investimento nas candidaturas femininas. 

Já em Araguaína, a segunda maior cidade do Estado, a Câmara Municipal tem 19 cadeiras, mas nenhuma delas é ocupada por mulher.

VIOLÊNCIA E AMEAÇAS

O ambiente político hostil para as mulheres se reflete em episódios recentes de violência política de gênero. Em fevereiro de 2025, um vereador foi condenado a prestar serviços comunitários e a pagar R$ 15 mil por xingar uma ex-vereadora durante uma sessão parlamentar no município de Miracema. O caso reforça a cultura machista enraizada no meio político e mostra como mulheres eleitas ainda enfrentam desrespeito e ataques apenas para ocuparem um espaço de poder. A condenação do vereador é um avanço simbólico na luta contra a violência política de gênero, mas a prosperidade financeira e social ainda é branda diante do impacto que esse tipo de comportamento tem na participação feminina na política.

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Em Colinas do Tocantins, a vereadora Naiara Miranda (MDB) foi ameaçada pelo prefeito da cidade, Josemar Casarin (UB), em plena sessão na Câmara Municipal. "Tu te prepara porque aqui a bala pega", falou o gestor municipal após a vereadora declarar sua posição de independência em relação ao Executivo.

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Recentemente, na cidade de Filadélfia, o líder do prefeito na Câmara, vereador João Fernando (Progressistas), intimidou a vereadora Wedla Medeiros (PSDB) durante a votação de um projeto para contratação de servidores pela prefeitura. A parlamentar questionou os salários previstos, principalmente para os professores. Após um intenso debate, João Fernando se exaltou, apontou o dedo para a vereadora, bateu na mesa e disparou: “Tu pode votar toda vez contra, nós passa [sic] por cima de tu porque somos 6 vereadores, pra tu ser besta!”.

Infelizmente, episódios como esses afastam as mulheres da política. As homenagens são importantes, porém, não bastam para garantir respeito às mulheres e incentivar a participação feminina na política.  

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