Especialistas comentam

Araras sobrevivem na mira do tráfico de animais silvestres no Tocantins

A trajetória de tratamento da espécie se estende por diferentes períodos, conforme as condições de saúde.

Por Redação
Comentários (0)

25/09/2018 13h48 - Atualizado há 5 anos
A alimentação adequada é necessária à recuperação nutricional das aves

Da apreensão de araras por motivo de tráfico, durante operação de fiscalização ou do recebimento por motivo de entrega voluntária aos órgãos ambientais até o momento da soltura, a trajetória de tratamento desta espécie se estende por diferentes períodos, conforme as condições de saúde e de preparo da ave para a reintegração à natureza.

Nesta terça-feira (25), a equipe responsável pela fauna do Tocantins, no Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), relatou questões relacionadas ao tráfico dessas aves.

Com o fluxo de recebimento e soltura de espécies, no Centro de Fauna do Tocantins (Cefau), a quantidade de animais hospedados se mantém diariamente flutuante e pode mudar substancialmente de uma hora para outra.

"O último levantamento referente ao ano de 2018 registra o recebimento de 84 aves oriundas de entregas voluntárias, cinco é resultado de apreensão e outras 70 são de origem do tráfico”, relatou, Grasiela Pacheco, responsável pelo departamento de Fauna.

A médica veterinária lembra que, entre as aves de uma volumosa apreensão, no início do ano foram identificadas ararajubas, araras vermelhas, papagaios e  curiós, capturadas no estado do Pará.

Especialista em herpetologia, o biólogo Silionamã Dantas destaca aspectos observados durante uma pesquisa de identificação dos hábitos de um traficante de animais silvestres.

"Durante a observação da prática do traficante, percebemos que ainda não sabemos nada sobre o mundo do tráfico de animais. Em um estado vizinho ao Tocantins, o traficante vai até o interior e compra com facilidade e muito barato uma arara, por exemplo, e vende ao valor de centenas de vezes a mais do valor pago”, declara.

O biólogo complementa: “Se por um lado, temos um indivíduo no interior de um município interessado em uma fonte de renda, por outro temos um intermediário que sabe que com a venda de apenas uma dessas aves vai compensar toda a operação criminosa", diz.

Do ponto de vista do especialista, o risco para a espécie é alto. Ele enfatiza que cada vez mais a fauna precisa de socorro. Para ele, as apreensões representam pouco o número real traficado. E as instituições deveriam firmar parceria com profissionais de campo nos municípios, no incentivo a pesquisa e monitoramento para melhorar essa atuação.

No ritmo que estamos, logo teremos mais espécies à beira da extinção. Pois, além da retirada dos indivíduos e da sua prole, retiram animais filhotes e jovens, então a população que permanece na natureza está se tornando senil e consequentemente diminui as posturas, agravando o declínio da população e extinção da espécie", estima o biólogo.

Quanto à fiscalização nas rodovias, Grasiela Pacheco manifesta. "Apesar de ainda branda, a fiscalização nas estradas tem contribuído para o volume de apreensões. Porém, não há uma cobertura integral. Por outro lado, não basta só o trabalho da fiscalização e dos órgãos ambientais para a defesa desses animais”, pontua.

A veterinária Grasiela explica que o processo de desaparecimento das espécies acontece de forma rápida. Em duas gerações, muitas espécies deixaram de ser vistas, pois a recuperação da natureza não consegue competir com a degradação praticada pelo ser humano.

Por isso é muito importante a participação da população. Nunca vamos conseguir melhorar esse quadro, já que é difícil pegar o traficante sem a denúncia”, alertou.

Crime ambiental

O tráfico de animais silvestres é crime ambiental previsto na Lei Nº 9.605/1998 e regulamentado por meio do Decreto Nº 6.514/2008, que define sobre as infrações contra a fauna.

Para denúncia de crime ambiental no Tocantins, o Naturatins dispõe do Linha Verde, através do telefone 0800 63 1155.

Para acionar o monitoramento da equipe de fauna e notificar a localização de um ninho, o cidadão pode entrar em contato por meio do telefone 63 3218-2677 ou via email fauna@naturatins.to.gov.br.

O último levantamento do Naturatins indica 70 aves originadas do tráfico
Ave sendo alimentada

Comentários (0)

Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

(63) 3415-2769
Copyright © 2011 - 2024 AF. Todos os direitos reservados.