Brasil - Argentina

Ausência de vestibular na Argentina atrai milhares de brasileiros, mas ensino é rígido

A Universidade de Buenos Aires (UBA) é bastante procurada e uma das 15 melhores da América Latina.

Por Raimunda Costa 1.599
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21/01/2019 09h30 - Atualizado há 5 anos
Universidade de Buenos Aires

O que estaria levando o jovem brasileiro a deixar o País? Oportunidade de vida melhor no exterior? A violência? Qual o real motivo para esse êxodo dos jovens tupiniquins? Por que a Argentina é um dos destinos finais da maioria dos check-in nos aeroportos brasileiros para estudantes? 

Esse último questionamento é fácil de responder: o tão temido vestibular. Na terra dos "los Hermanos" esse pré-requisito para ingressar em uma faculdade não existe. 

Depois de encontrar a porta da educação praticamente aberta, agora é hora de escolher o curso que lhes darão um título no mercado de trabalho. Mais uma vez é fácil lançar o dardo e acertar o alvo: medicina. Na capital dos portenhos não há limite de vagas e a migração é em massa. 

Em Palmas, a capital do Tocantins, a mais jovem da Federação, por exemplo, o vestibular 2019/1 para medicina computou 312,38 inscritos por vaga.

Vale ressaltar que os animados jovens brasileiros se esquecem, às vezes, que o maior desafio eles ainda não venceram. Pior que enfrentar uma maratona de estudo é dominar o idioma pátrio: O espanhol. 

Sem conseguir falar ou ler a fuga em massa para conquistar um lugar ao sol ficará totalmente prejudicada. Todos os conteúdos lhes chegarão às mãos em castelhano. Chega a ser hilária a ingenuidade, a falta de pesquisa e planejamento.

Deixando esse pequeno detalhe sem fazer parte dos sonhos, até agora o bilhete de embarque nessa aeronave educacional só apresentou facilidades. Um ledo engano vai puxar o tapete dos futuros acadêmicos que optaram pelos caminhos considerados fáceis. 

Aqueles que escolherem, por exemplo, a Universidade de Buenos Aires (UBA) para cursar Medicina, uma das 15 melhores da América Latina, de acordo com o ranking QS, terão que fazer o ciclo básico Comum (CBC) composto por seis materiais, e, se aprovado em todas, estarão com passe liberado para frequentar o curso tão sonhado.

"Aqui eles não complicam o ingresso do estudante, mas exigem muito na qualidade no ensino. A metodologia é muito diferente da do Brasil. Aqui é mais difícil", afirmou uma brasileira que já faz o sexto período do curso. 

Nos primeiros anos, as provas de Medicina são divididas em parte oral, escrita e múltipla escolha. O curso tem uma duração total de sete anos. Após isso, é necessário que o futuro médico ainda trabalhe por seis meses como interno em um hospital. Depois de vencer todas essas etapas receberá o suado canudo. 

Saindo da área médica direto para a moda. O curso de Design de Modas é um dos menos procurados, mas excessivamente caro e difícil. A ressalva é de uma brasileira recém-formada em "Desenho de Indumentária", com especialidade em "Vision Couture".  

"O ensino da Argentina é muito rígido. Aqui o estudante é como se fosse um autodidata e o professor, um monitor. Você tem que mostrar um nível extremamente profissional nos primeiros anos. Principalmente, para a área de desenho, você precisa ter conhecimentos bastantes elevados. Eu pensei que aqui os trabalhos também seriam apresentados no Word ou PowerPoint. Em Design de Modas, você realmente aprende os pontos, a costurar e todos têm apresentação em passarela. A qualificação é extremante exigida do aluno. É fácil entrar, pois você não faz o vestibular, mas estuda de verdade ou então não sai de nenhuma faculdade na Argentina", disse a recém-formada. 

No frigir dos ovos, podemos arriscar que o vestibular na Argentina só mudou de nome. Aqui é CBC e o jovem brasileiro não se livrou do processo seletivo. E sobre o idioma que tal chegar já sabendo pelo menos essas palavras: gracias, hola, que tal, buenos dias, cuanto sale.

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Raimunda Costa - é jornalista do AF Notícias e mora na Argentina há mais de 5 anos. 

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