Corpos da Guerrilha do Araguaia 'sumiram' a mando do Exército

Por Redação AF
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24/03/2014 08h52 - Atualizado há 5 anos
<span style="font-size:14px;">O coronel reformado do Ex&eacute;rcito Paulo Malh&atilde;es disse &agrave; Comiss&atilde;o Estadual da Verdade do Rio que a busca pelos restos mortais de militantes de esquerda desaparecidos na Guerrilha do Araguaia &eacute; in&uacute;til. Ele contou que, na segunda metade da d&eacute;cada de 1970, foi encarregado de chefiar uma miss&atilde;o na regi&atilde;o da guerrilha, na regi&atilde;o de Xambio&aacute; (TO) e sul do Par&aacute;, cujo objetivo era desaparecer para sempre com os corpos.<br /> <br /> Segundo seu relato, eles foram desenterrados e jogados em rios, ap&oacute;s terem arcadas e dedos das m&atilde;os arrancadas, para n&atilde;o serem identificados.<br /> <br /> Ainda de acordo com o coronel, na chamada &quot;opera&ccedil;&atilde;o limpeza&quot; do Araguaia teriam sido empregadas as mesmas t&eacute;cnicas utilizadas para o desaparecimento de opositores do regime militar em &aacute;reas urbanas. Os corpos eram postos em sacos imperme&aacute;veis e com pedras de peso calculado, para impedir que afundassem completamente ou flutuassem. O ventre da v&iacute;tima tamb&eacute;m era cortado, evitando assim que inchasse.<br /> <br /> O objetivo era criar condi&ccedil;&otilde;es para que o corpo fosse arrastado pelo rio. &quot;Podem escavar o Brasil todo, mas n&atilde;o v&atilde;o achar ningu&eacute;m, porque n&oacute;s desaparecemos com todo mundo&quot;, disse Malh&atilde;es.<br /> <br /> O coronel disse ainda que &quot;chefiou a opera&ccedil;&atilde;o na regi&atilde;o da guerrilha, durante a qual desenterravam os corpos e desapareciam com eles. O padr&atilde;o era o mesmo: ap&oacute;s os cortes no abd&ocirc;men, ensacavam e jogavam no rio, com pedras. Isso era feito l&aacute; mesmo, nos locais onde eram encontrados.&quot;<br /> <br /> Malh&atilde;es, hoje com 76 anos, fazia parte do n&uacute;cleo mais duro do Ex&eacute;rcito e foi um dos respons&aacute;veis pela Casa da Morte, em Petr&oacute;polis - o maior centro de tortura e desaparecimento de presos pol&iacute;ticos do Pa&iacute;s entre 1971 e 1973.<br /> <br /> Para o presidente da Comiss&atilde;o da Verdade, que tamb&eacute;m preside a Comiss&atilde;o Nacional de Direitos Humanas da OAB, ainda n&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel dizer o quanto s&atilde;o ver&iacute;dicas as informa&ccedil;&otilde;es do coronel. &quot;Quem tem que vir a p&uacute;blico agora s&atilde;o as autoridades, o ministro da Defesa, os comandantes das For&ccedil;as Armadas, O Pa&iacute;s precisa de uma palavra oficial do Estado sobre esses fatos&quot;, afirmou. &quot;Se n&atilde;o fizerem isso, nunca saberemos a verdade. N&atilde;o d&aacute; mais para conviver com essa omiss&atilde;o do Estado brasileiro. As autoridades militares t&ecirc;m que confirmar ou desmentir o relato do coronel, que afirma ter executado a opera&ccedil;&atilde;o a mando das For&ccedil;as Armadas.&quot;</span>
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