Aos 16 anos

Abandonado ao nascer, jovem do Tocantins com deficiência é exemplo de superação

Ele tem comprometimento nos membros inferiores, superiores e na fala, mas sua força física e agilidade são surpreendentes.

Por Redação 1.621
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24/11/2018 09h04 - Atualizado há 5 anos
Luiz Fernando Pereira

O estudante Luiz Fernando Pereira, de 16 anos, teve um começo de vida difícil. Ele nasceu aos seis meses de gestação com paralisia cerebral e foi abandonado num terreno baldio após o parto, no setor Taquari, em Palmas.

Segundo a mãe adotiva, Maria Lucirene Pereira da Silva, ele foi encontrado hipotérmico e rodeado de formigas. Luiz não é apenas um sobrevivente, é um campeão, que vem superando suas limitações por meio do esporte paralímpico. 

O jovem tocantinense integra a delegação do Estado nas Paralimpíadas escolares 2018, que acontece em São Paulo, de 20 a 23 de novembro. Luiz tem comprometimento nos membros inferiores, superiores e na fala, mas sua força física e agilidade são surpreendentes. Estreante nas Paralimpíadas, ele faturou três medalhas de ouro no atletismo.

Para a mãe, ele é motivo de muito orgulho. Emocionada, ela relatou como foi o encontro dos dois. “Meu menino é um milagre. Foi Deus que me mandou voltar a pé do trabalho, no dia que achei ele. Vi um rasto de sangue no chão e fui ver o que tinha acontecido. Quando vi que era um bebê, não acreditei, porque ele nem estava chorando. Peguei ele no colo, enrolei com uma toalha e saí correndo para o hospital. Os médicos falavam que ele não ia escapar, porque a mulher tinha tentado abortar ele. Era doentinho e tinha só 700 gramas. Mas eu sempre acreditei que não era por acaso que eu tinha encontrado o Luiz e que ele ia viver muito”, contou.

Lúcia teve que abrir mão do emprego e a própria casa pra poder cuidar de Luiz Fernando. “Fiquei com ele um mês internado para ganhar peso e completar sete meses. Larguei o emprego e quando eu cheguei em casa com o Luiz meu ex-marido não quis saber de nós. Saí de casa com duas mudas de roupa e mais nada. Então eu fui acolhida pelo meu irmão, que registrou ele como filho e o que me ajuda a cuidar dele até hoje como pai”, disse.

Quem vê o desempenho do paratleta do Tocantins não imagina que ele contou com muito auxilio profissional e com a fé dos pais adotivos para conseguir se locomover e se alimentar sozinho.

Ele usou sonda até quatro anos. Os primeiros passos dele sozinho foram também nessa idade dentro de uma igreja do Senhor do Bonfim. Nesse mesmo dia ele falou a primeira palavra: papai. Foi uma emoção muito grande ver esse milagre e que a promessa que eu e meu irmão fizemos foi atendida. Os médicos já tinham falado que ele não ia andar. Até ganhou cadeira de rodas, mas graças a Deus ele anda e hoje já é um atleta que enche a gente de orgulho. É a melhor coisa que aconteceu na minha vida”, revela Maria Lucirene.

MEDALHISTA DE OURO

Luiz Fernando compete na classe F35, para atletas com mesmo grau de deficiência. Nas Paralimpíadas Escolares disputou e ganhou o ouro no lançamento de dardo, arremesso de peso e lançamento de disco. A força do paratleta é impressionante. Ele chegou a lançar numa distância de 15,70m, com 75% de índice técnico competitivo.

Aluno da Escola Estadual Maria dos Reis, ele foi revelado pelos Jogos Paradesportivos Estudantis do Tocantins (Parajets). Luiz treina atletismo há cerca de dois anos com apoio do instituto Reviver e da Apae de Palmas. Além das medalhas regionais, este ano ele estreou no Circuito Loterias Caixa, em Goiânia, e foi medalhista de bronze. Neste ano, ele ficou em 11º lugar no ranking brasileiro adulto.

INSPIRAÇÃO

A história de superação do jovem Palmense tem inspirado muitas pessoas, uma delas é o fisioterapeuta da delegação do Tocantins nas Paralimpíadas, Raphael Costa Couto. “Luiz foi meu paciente quando tinha seis anos de idade e foi um dos principais incentivos que me levaram a atuar no paradesporto. Admiro muito a força de vontade e dedicação dele e da família que o apoia irrestritamente”, revelou.

Além das medalhas, Luiz teve outra vitória nas Paralimpíadas, foi escolhido para ser o porta bandeira do Tocantins na cerimônia de abertura. Auxiliado pela chefe da delegação tocantinense, Keilla Cristine Gonçalves, Luiz externou que nestes quatro dias em São Paulo realizou muitos sonhos: ter andado de avião pela primeira vez, ganhado três medalhas de ouro e ainda ter representando seu Estado. “Muito legal aqui. Estou feliz demais”, disse.

(Núbia Daiana Mota)

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