<span style="font-size:14px;"><u>Da Redação</u><br /> <br /> Maior grupo empresarial de carnes do mundo e principal doador da campanha eleitoral realizada neste ano no País, o frigorífico JBS, da marca Friboi, faz lobby contra a indicação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para comandar o Ministério da Agricultura no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Essa é a reportagem destaque do jornal <em>O Estado de S.Paulo</em> nesta terça-feira (2).<br /> <br /> Segundo o Estadão, o empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo, esteve na quarta-feira com o chefe da Casa Civil do governo, Aloizio Mercadante, com quem tratou do tema em uma reunião reservada, fora da agenda oficial do ministro. A direção do grupo confirma a reunião com Mercadante, mas nega que esteja fazendo lobby contra a senadora.<br /> <br /> O JBS doou ao todo R$ 352 milhões nas eleições de 2014, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos quais R$ 69,2 milhões foram destinados à campanha de Dilma à reeleição.<br /> <br /> Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), é uma das principais lideranças do agronegócio no País, o que lhe ajudou a arrecadar quase R$ 7 milhões neste ano para sua reeleição.<br /> <br /> Conforme o Estadão, o lobby do maior frigorífico do mundo explicita uma guerra nos bastidores sobre o comando na Agricultura. Como representante dos pecuaristas, a senadora assumiu uma posição de ataque à empresa. Os criadores de gado temem a concentração de mercado que a empresa exerce cada vez mais, influenciando no valor da carne vendida por eles. O grupo JBS é responsável por cerca de 20% do abate bovino no País. O peso do frigorífico na formação de preço é uma das explicações para a acidez da senadora contra a empresa.<br /> <br /> O clima entre Kátia e o empresário Joesley Batista ficou ruim depois que a senadora acusou de antiética a campanha publicitária do JBS sobre a segurança sanitária representada pela Friboi. Em discurso no Congresso, em agosto de 2013, a senadora protestou: "Vá e diga que a sua carne é boa, que tem boa qualidade, que é produzida em frigoríficos de primeira. Mas não diga que é a única que o povo brasileiro pode comer."<br /> <br /> <u><strong>Oposição ao nome de Kátia tem seus motivos</strong></u><br /> <br /> Segundo o jornal, o grupo JBS exerce grande influência no Ministério da Agricultura, onde acumula uma série de decisões favoráveis.<br /> <br /> Em outubro deste ano, a Justiça impôs derrota ao Ministério por ter beneficiado o JBS. Determinou a aplicação de multa diária de R$ 100 mil caso não fosse suspensa uma limitação à exportação pelos Entrepostos de Carnes e Derivados (ECDs), operados por pequenos frigoríficos.<br /> <br /> Em setembro, menos de dois meses após proibir o uso de expressões como "especial" e "premium" em rótulos de carne, o Ministério da Agricultura desobedeceu a própria regra para atender pedido do JBS.<br /> <br /> O Estadão afirma que apesar das resistências, Kátia Abreu vai ser anunciada oficialmente ministra da Agricultura - algo que já está decidido há algumas semanas por Dilma, segundo assessores do Planalto - logo após o dia 15 de dezembro. É que nessa data ela tomará posse como presidente reeleita da CNA - se fosse indicada ministra antes, não poderia assumir o cargo na entidade de classe.</span>