Projeto do Serviço Geológico do Brasil investe R$ 10,5 milhões e deve seguir até dezembro.
Notícias do Tocantins - Uma aeronave equipada com sensores de alta precisão começou a sobrevoar municípios das regiões central e sudeste do Tocantins para realizar um levantamento aerogeofísico. O objetivo é mapear o subsolo e identificar áreas com potencial para exploração mineral, por meio de medições que analisam variações no campo magnético, na radiação natural e no campo gravitacional da Terra - com foco especial nos minerais críticos, como as terras raras, voltados à transição energética.
A iniciativa marca a retomada, após uma década, de uma nova geração de levantamentos aerogeofísicos, agora com tecnologia de última geração e equipamentos mais modernos. O Projeto Aerogeofísico Sudeste do Tocantins, executado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), inaugura essa nova fase, com investimento de cerca de R$ 10,5 milhões do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC).
“Esse é um marco para o Brasil. Nosso papel, enquanto instituição referência na geração de conhecimento geocientífico, é apoiar o país com ciência de qualidade. Com esse projeto, vamos impulsionar o desenvolvimento regional sustentável e movimentar toda a cadeia produtiva do setor mineral”, destacou a diretora-presidente interina do SGB, Sabrina Góis.
Os serviços são realizados pela empresa LASA Prospecções S.A. (Xcalibur Smart Mapping), vencedora da licitação. A área mapeada abrangerá cerca de 20 mil km², contemplando cidades como Ponte Alta do Tocantins, Almas, Dianópolis, Natividade, Taguatinga, Arraias e Paranã.
Modernização tecnológica e nova geração de estudos
De acordo com o geólogo da Agência de Mineração do Tocantins (Ameto), Sanclever Freire Peixoto, o levantamento representa um avanço tecnológico significativo:
“As técnicas empregadas são voltadas principalmente à prospecção de minerais metálicos como cobre, ouro, zinco, chumbo, prata, ferro, manganês, níquel e elementos de terras raras - fundamentais para a transição energética. Mas os dados gerados também têm aplicações em agricultura, gestão ambiental e planejamento territorial.”
Essa nova etapa é considerada a terceira geração de levantamentos aerogeofísicos do país. As anteriores ocorreram entre 1971 e 2015, cobrindo mais da metade do território nacional. Agora, com tecnologia de ultra-resolução, o Brasil se equipara a potências minerais como Canadá e Austrália.
Segundo o diretor de Geologia e Recursos Minerais do SGB, Valdir Silveira, o Tocantins foi escolhido por seu alto potencial geológico e por integrar uma nova fronteira mineral brasileira:
“Os levantamentos iniciam em um momento oportuno, em que o potencial geológico brasileiro coloca o país em destaque no cenário internacional, diante da alta demanda por minerais críticos para a transição energética e a segurança alimentar.”
Como funciona o mapeamento
O levantamento é feito por aeronaves equipadas com sensores de última geração instalados na cauda, que voam a cerca de 100 metros de altitude, realizando medições simultâneas de magnetometria, gamaespectrometria e gravimetria strapdown.
Esses métodos permitem detectar variações no campo magnético, na radiação natural e no campo gravitacional - como se fossem “fotografias do subsolo”. A partir dessas leituras, são criadas imagens detalhadas que revelam a estrutura geológica e o potencial mineral de cada região.
“A geofísica permite investigar o subsolo sem necessidade de perfuração. É possível obter informações desde os primeiros centímetros até centenas de quilômetros de profundidade, identificando recursos minerais, energéticos ou hídricos”, explicou Iago Costa, chefe da Divisão de Sensoriamento Remoto e Geofísica do SGB.
As linhas de voo terão 250 metros de espaçamento, proporcionando um detalhamento sem precedentes. O sobrevoo das aeronaves poderá ser visto com frequência em cidades do sudeste tocantinense até o fim de 2025.

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Resultados esperados
Os primeiros dados do levantamento devem começar a ser entregues no primeiro semestre de 2026. A expectativa é que as informações sirvam de base para atrair investimentos, estimular novas pesquisas, gerar empregos e fortalecer a economia local - especialmente em municípios com potencial de mineração.
Além de orientar a exploração de recursos minerais, o mapeamento também contribuirá para o planejamento urbano, a gestão ambiental e o uso sustentável do solo. “Os levantamentos aerogeofísicos são uma ferramenta de excelente custo-benefício, permitindo mapear o subsolo de forma detalhada, rápida e não invasiva. Esse conhecimento será fundamental para o desenvolvimento sustentável do Tocantins”, reforçou Sanclever.
Municípios contemplados no Tocantins:
Almas • Arraias • Aurora do Tocantins • Chapada da Natividade • Combinado • Conceição do Tocantins • Dianópolis • Lavandeira • Natividade • Novo Alegre • Novo Jardim • Paranã • Pindorama do Tocantins • Ponte Alta do Bom Jesus • Ponte Alta do Tocantins • Porto Alegre do Tocantins • São Valério • Silvanópolis • Taguatinga • Taipas do Tocantins.
