Corrupção na saúde

Médicos cobravam até R$ 3 mil por cirurgias gratuitas realizadas pelo SUS no Tocantins

Dois médicos e um fisioterapeuta foram presos na operação.

Por Redação 3.285
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15/03/2022 11h06 - Atualizado há 2 anos
Materiais apreendidos durante a operação

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Tocantins (Gaeco/MPTO) prendeu quatro pessoas investigadas pela suposta formação de um esquema criminoso de fura-fila para a realização de cirurgias no Hospital Geral de Palmas (HGP) .

Com apoio da Polícia Civil, a Operação Betesda cumpriu mandados de busca e apreensão e de prisão temporária contra dois médicos e um fisioterapeuta, nesta terça-feira (15), tanto no HGP quanto em endereços particulares.

Também foi cumprido mandado de prisão temporária contra um quarto participante do esquema, que atuava na cooptação de pacientes em Ponte Alta do Tocantins.

A operação foi autorizada pelo juiz Luiz Zilmar dos Santos Pires, da 2ª Vara Criminal de Palmas, que decretou a prisão temporária por cinco dias de quatro pessoas: Augusto Ulhoa Florencio de Morais, Idael Aires Tavares, Jorge Magalhães SeixasRailon Rodrigues da Silva.

Conforme o Gaeco, o médico Jorge Magalhães Seixas seria o responsável por cooptar os pacientes e intermediar as cobranças. O fisioterapeuta Railton Rodrigues da Silva ficaria responsável por receber o dinheiro e repassar aos demais integrantes do grupo. O médico Augusto Ulhoa receberia a propina para realizar as cirurgias.

Já Idael Aires Tavares seria apenas o responsável por encaminhar pacientes de Ponte Alta do Tocantins ao HGP para a realização dos procedimentos. O médico Jorge Seixas foi candidato a deputado estadual nas eleições de 2018, mas não foi eleito.

Conforme as investigações, os profissionais de saúde cooptavam pacientes junto a agentes públicos e particulares de diversas regiões do Tocantins, depois cobravam até R$ 3 mil de cada paciente para beneficiá-los ilegalmente, realizando suas cirurgias no HGP sem observar os protocolos de agendamento e fila de espera do Sistema Único de Saúde (SUS). O dinheiro obtido indevidamente era destinado aos médicos que realizavam as cirurgias e a outros envolvidos no esquema.

Nas investigações, o Gaeco interceptou, com autorização judicial, diversas ligações telefônicas em que fica comprovado o esquema criminoso e a negociação de valores, de R$ 2 mil a R$ 3 mil, para a realização de cirurgias diversas – hérnia inguinal, histerectomia, vesícula e outras.

Os três profissionais de saúde são investigados pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e concussão.

O QUE DIZ A SAÚDE

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) afirmou que está à disposição do Gaeco, do Ministério Público do Tocantins (MPE), Polícia Civil e do próprio judiciário, para prestar todos os esclarecimentos que forem pertinentes à Pasta sobre a operação que investiga o possível esquema de cobrança indevida dentro do Hospital Geral de Palmas (HGP), para realização de cirurgias.

Conforme a nota, o secretário da Saúde, Afonso Piva, e o diretor geral da unidade, Leonardo Toledo, acompanharam a operação dando total suporte para elucidação dos fatos.

Os agentes tiveram acesso aos documentos solicitados, como também, a prontuários médicos e demais documentos relativos aos encaminhamentos e procedimentos de pacientes.

Paralelamente, o secretário determinou imediata abertura de sindicância - a ser instaurada pela corregedoria de saúde - a fim de apurar os fatos, obedecendo, logicamente, o princípio da ampla defesa aos investigados.

O Governo do Tocantins reafirmou os serviços públicos de saúde são totalmente gratuitos. A Secretaria afirmou que não compactua com qualquer forma de corrupção ou ingerências, e não medirá esforços para que tais ações sejam coibidas na gestão pública tocantinense.

Gaeco apreendeu prontuários médicos no HGP

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