<span style="font-size:14px;"><u>Gabriel Bocorny Guidotti</u><br /> <br /> Historicamente, o Brasil é um país de direita. Nos últimos tempos, entretanto, está difícil avaliar o viés ideológico dos partidos. Em vez de escolas de política, as legendas tornaram-se trampolins eleitorais que atendem aos próprios interesses. No Governo Federal, o PT não é diferente. A legenda nasceu na guarida do movimento trabalhista, um dos mais importantes de nosso país. Chegando ao poder, tudo mudou.<br /> <br /> A oposição no Brasil – oficialmente liderada pelo PSDB – foi discreta no primeiro semestre deste ano. E há motivos para o zelo nas críticas, afinal, o PT tem feito todo o serviço sozinho. A incapacidade em tapar furos de administração somada às denúncias de corrupção contribui à aniquilação da imagem do partido. Difícil é ser situação nesse país instável. Os tucanos, como na natureza, aguardam o momento certo para dar o bote. Não que isso vá reverter o resultado das urnas em 2014, mas ao menos um rival histórico está sangrando.<br /> <br /> Em entrevistas na mídia, personagens importantes da história do PT demonstram seu descontentamento. A sigla deixou de atuar para os trabalhadores e passou a acompanhar os interesses dos patrões. Falta identidade, caiu na vala comum. A medida provisória que alterou regras para a concessão de benefícios trabalhistas constituiu um exemplo de afronta. Em campanha, Dilma Rousseff garantiu que não mexeria na área. A realidade econômica voltou-se contra a promessa eleitoreira. A presidente falou em vão, o que é muito grave.<br /> <br /> O problema no PT começa de dentro para fora. Não há mais coesão interna. Isso sem mencionar a oposição revestida de situação: o PMDB. Um inimigo dentro do próprio quintal. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou recentemente que o relacionamento entre os dois partidos “está na CTI”. O aviso é claro. Acanhada, Dilma parece aceitar o cerco de seus rivais, demonstrando morosidade ao lidar com a crise. A pressão também vem do próprio povo brasileiro: ninguém mais tolera a inflação.<br /> <br /> Tendo em vista todos esses fatores, a moda de momento é bater no PT. O bombardeio é generalizado, especialmente o realizado pela imprensa, que faz o seu papel, isto é, noticia as mazelas de nosso tempo. Para o azar dos petistas, a legenda está no centro das maiores polêmicas da realidade brasileira. Pergunto-me se, sabendo o que viria pela frente, Dilma concorreria ao segundo mandato. Vou além. Pergunto-me se, sabendo o que viria pela frente, o eleitorado manteria a petista no poder. Respostas? Somente na imaginação de cada um.</span><br /> <br /> <span style="font-size:14px;"><u>Gabriel Bocorny Guidotti</u> - <em>Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo.<br /> Porto Alegre – RS</em></span>