<span style="font-size:14px;">O Ministério Público Federal no Tocantins propôs à Justiça Federal ação civil pública contra a Investco S.A e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) pela mortandade de peixes na usina hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães, em Lajeado (TO).<br /> <br /> Em pedido de antecipação de tutela, é requerida a determinação para que a Investco mantenha equipes de resgaste em prontidão nas primeiras horas do dia para resgatar peixes aprisionados nos pedrais evitando novas mortandades e apresente em 30 dias projeto definitivo de solução para o problema do concentrado de rochas para aprovação do Naturatins e do Ibama, além de não provocar variações bruscas do nível da água à jusante da barragem.<br /> <br /> Quanto ao ONS, é requerido que não mais determine a variação brusca do nível de água, já que a operação de usinas hidrelétricas no Brasil está interligada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), através do qual todas as usinas são obrigadas a atender às determinações do ONS para reduzir ou aumentar a carga mínima produzida por suas máquinas. A ação ministerial considera imprescindível que o Operador busque conciliar a coordenação e o controle do SIN com medidas que visem reduzir oscilações bruscas de vazão da usina em Lajeado, a fim de dissipar a possibilidade de nova mortandade de peixes.<br /> <br /> <u><strong>Danos ambientais são discutidos desde 2012</strong></u><br /> <br /> A medida é consequência de procedimento administrativo que tramita na PR/TO, que desde 2012 discute os danos ambientais causados por usinas de grande porte instaladas no Estado em razão dos diversos casos de morte de peixes nos reservatórios. Na seara administrativa, já foram várias as tentativas de chegar a uma solução que preserve os peixes da bacia do rio Tocantins, todas infrutíferas, já que a mortandade continua a acontecer.<br /> <br /> Segundo relatório técnico de vistoria elaborado pelo Naturatins que instrui o procedimento, a morte dos peixes acontece quando há liberação da água pela UHE, o que provoca a elevação do volume de água na usina. Com isso, alguns espécimes de peixes entram em tocas submersas para se esconder ou se alimentar durante a noite. Quando a vazão é interrompida e o volume da água diminui, os peixes ficam presos nas tocas e morrem por falta de oxigenação. Alguns morrem pelo choque físico com a água que flui com grande velocidade.<br /> <br /> Já o Ibama constatou que embora a variação do nível da água por conta da demanda das usinas hidrelétricas seja algo esperado, há forte relação com a vulnerabilidade dos peixes concentrados no local, uma vez que quando atinge níveis muito baixos à jusante, o rio Tocantins favorece a mortandade dos peixes que lá se encontram. Portanto, medidas mitigatórias devem ser estudadas para evitar um impacto maior sobre as populações de peixes do trecho, e inclusive auxiliar a embasar novos projetos de UHE's que possam ser menos impactantes.<br /> <br /> <u><strong>Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)</strong></u><br /> <br /> Após diversas reuniões e a realização de um workshop para debater a conservação da fauna no rio Tocantins, nova mortandade aconteceu em fevereiro deste ano, o que motivou mais um encontro na PR/TO com presenças do Naturatins e Ibama. Na ocasião foi proposto um termo de ajustamento de conduta (TAC) à Investco, que afirmou cumprir todas as recomendações dos órgãos ambientais desde os eventos de 2012, e que por isso não seria necessária a assinatura do termo.<br /> <br /> Entretanto, não é esta a conclusão do parecer de monitoramento do Naturatins, datado de fevereiro de 2014, que aponta a mortandade como sendo resultante de uma sequência de fatos já conhecidos, os quais poderiam ter sido minimizados ou mesmo evitados caso a empresa tivesse adotado e mantido as medidas estabelecidas reiteradamente pelos órgãos ambientais desde as primeiras ocorrências de morte de peixes da espécie curimba (papa-terra).<br /> <br /> <u><strong>Pedidos do MPF na Ação</strong></u><br /> <br /> Além dos pedidos da liminar, o MPF requer da Justiça que a Investco seja condenada a apresentar estudo geotécnico da área abaixo do vertedouro com apresentação de propostas definitivas para que não haja o aprisionamento de peixes, manter equipes de resgate em prontidão nas primeiras horas do dia, inclusive nos fins de semana, e pagar indenização ao meio ambiente em razão dos danos provocados no curso da execução da usina, a qual deverá ser revertida ao Fundo Nacional de Meio Ambiente, no valor de R$2.500.000,00.<br /> <br /> Quanto ao requerido ONS, deve conciliar a coordenação e o controle do Sistema Interligado Nacional com medidas que visem reduzir oscilações bruscas de vazão da usina em Lajeado.</span>