Niemeyer fez história na arquitetura mundial

Por Redação AF
Comentários (0)

06/12/2012 09h10 - Atualizado há 5 anos
<div style="text-align: justify;"> <span style="font-size:14px;">O arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, que morreu &agrave;s 21h55 desta quarta-feira (5) aos 104 anos, foi um dos profissionais mais premiados e influentes do mundo.<br /> <br /> Seu trabalho, sempre cheio de curvas em concreto que tornavam seu estilo inconfund&iacute;vel, marcou a paisagem urbana do Brasil e de outros pa&iacute;ses.<br /> <br /> Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho nasceu no bairro das Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro, no dia 15 de dezembro de 1907. Apaixonado por futebol e pelo Fluminense, Niemeyer chegou a jogar no time juvenil do clube de Laranjeiras.<br /> <br /> Casou-se cedo. A uni&atilde;o com Annita Baldo foi aos 21 anos, quando Niemeyer ajudava o pai na tipografia. Em 1929, entrou para a Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde cinco anos depois formou-se engenheiro arquiteto.<br /> <br /> No meio do per&iacute;odo da faculdade, em 1932, nasceu Anna Maria, sua &uacute;nica filha, que morreu em junho de 2012.<br /> <br /> O casamento com Annita Baldo, a primeira mulher, durou 76 anos, quando ela morreu, em 4 de outubro de 2004. Casou-se novamente em 2006, com sua secret&aacute;ria, Vera L&uacute;cia Cabreira.<br /> <br /> Os primeiros passos na carreira que o consagraria como um dos nomes mais influentes na arquitetura foi dado no escrit&oacute;rio de L&uacute;cio Costa e Carlos Le&atilde;o, onde fez est&aacute;gio sem remunera&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> Niemeyer teve a oportunidade de conhecer outro g&ecirc;nio da arquitetura ao ser designado por L&uacute;cio Costa para ajudar Le Corbusier, famoso arquiteto su&iacute;&ccedil;o, que estava de passagem pelo Brasil, em 1936, para colaborar com o projeto do pr&eacute;dio do Minist&eacute;rio da Educa&ccedil;&atilde;o no Rio.<br /> <br /> <br /> <br /> <br /> <strong><u>Ativista pol&iacute;tico</u></strong><br /> <br /> <br /> <br /> <br /> Em 1940 Niemeyer conhece Juscelino Kubitschek, ent&atilde;o prefeito de Belo Horizonte, e realiza seu primeiro grande projeto, o Conjunto da Pampulha, no bairro na capital mineira, que inclu&iacute;a o cassino, a Casa do Baile, o clube e a igreja de S&atilde;o Francisco de Assis.<br /> <br /> Boa parte das obras mais importantes do arquiteto serviu a projetos ideol&oacute;gicos e pol&iacute;ticos. Niemeyer projetou o parque Ibirapuera e o Edif&iacute;cio Copan, ambos em S&atilde;o Paulo. Em 1956, com JK na presid&ecirc;ncia do Brasil, organizou o plano piloto de Bras&iacute;lia e foi respons&aacute;vel pela constru&ccedil;&atilde;o da nova capital federal.<br /> <br /> Com tra&ccedil;os ousados, o filho do modernismo criou o Itamaraty, o Alvorada, o Congresso, a Catedral, a Pra&ccedil;a dos Tr&ecirc;s Poderes, entre outros pr&eacute;dios e monumentos.<br /> <br /> &ldquo;N&oacute;s come&ccedil;&aacute;vamos a imaginar quando &eacute; que Bras&iacute;lia iria surgir. De repente, aparecia uma mancha azul no horizonte. Ela ia crescendo. Depois apareciam os contornos e come&ccedil;&aacute;vamos a dizer: ali &eacute; o Teatro, l&aacute; &eacute; o Congresso, a Torre. Bras&iacute;lia surgia como num passe de m&aacute;gica, um milagre&rdquo;, contou ele.<br /> <br /> A participa&ccedil;&atilde;o de Niemeyer na vida pol&iacute;tica do Brasil fez dele um intelectual comprometido com seu tempo. Comunista hist&oacute;rico - se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1945 -, o arquiteto teve seu escrit&oacute;rio no Rio invadido no golpe de 1964. Depois de passar por interrogat&oacute;rio na pol&iacute;cia, decidiu morar fora do Brasil.<br /> <br /> Conviveu com Jean-Paul Sartre em Paris, passou seis meses em Israel, elaborou o projeto da Universidade Constantine, na Arg&eacute;lia, na &Aacute;frica, e nesse mesmo per&iacute;odo, desenvolveu a sede da ONU em Nova York, nos Estados Unidos.<br /> <br /> Niemeyer passou a ganhar proje&ccedil;&atilde;o internacional e nos anos 70 abriu seu escrit&oacute;rio na Champs Elys&eacute;es, em Paris. O arquiteto tamb&eacute;m projetou a sede da editora Mondadori, em Mil&atilde;o, na It&aacute;lia.<br /> <br /> Foi nesse per&iacute;odo que ele influenciou a arquitetura mundial. As amizades iam do pintor C&acirc;ndido Portinari ao maestro Villa-Lobos, passando por Fidel Castro e Chico Buarque.<br /> <br /> <br /> <br /> <u><strong>Obras em curvas</strong></u><br /> <br /> <br /> <br /> Niemeyer sempre defendeu o uso do monumental na arquitetura, com certa obsess&atilde;o pela leveza em contradi&ccedil;&atilde;o com o concreto. A forma &eacute; a curva, com que substituiu a tradi&ccedil;&atilde;o milenar de &acirc;ngulos e retas.<br /> <br /> &ldquo;N&atilde;o &eacute; o &acirc;ngulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflex&iacute;vel criada pelo homem. O que me atrai &eacute; a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu pa&iacute;s. No curso sinuoso dos sentidos, nas nuvens do c&eacute;u. No corpo da mulher preferida. De curvas &eacute; feito todo o universo&rdquo;, explicou o mestre.<br /> <br /> Ele retornou ao Brasil no in&iacute;cio dos anos 80, per&iacute;odo da anistia dos exilados no governo de Jo&atilde;o Figueiredo. Para consolidar os projetos do amigo Darcy Ribeiro, antrop&oacute;logo e ent&atilde;o vice-governador do Rio na &eacute;poca de Brizola, ele projetou os CIEPs (Centro Integrado de Educa&ccedil;&atilde;o P&uacute;blica) e o Samb&oacute;dromo do Rio.<br /> <br /> A cidade de Niter&oacute;i &eacute; a segunda do Brasil com o maior n&uacute;mero de trabalhos do arquiteto, depois de Bras&iacute;lia. Ap&oacute;s o consagrado Museu de Arte Contempor&acirc;nea (MAC), foi projetado o Caminho Niemeyer, um complexo de edifica&ccedil;&otilde;es assinadas pelo mestre e voltado para a cultura e a religi&atilde;o.<br /> <br /> As obras foram distribu&iacute;das ao longo da orla da Ba&iacute;a de Guanabara, se iniciando pelo Centro da cidade. Entre as nove constru&ccedil;&otilde;es projetadas, est&aacute; o Teatro Popular, inaugurado em 2007.<br /> <br /> <br /> <br /> <u><strong>Centen&aacute;rio</strong></u><br /> <br /> <br /> <br /> No mesmo ano, o mestre da arquitetura completou 100 anos de vida. A comemora&ccedil;&atilde;o contou com a presen&ccedil;a de cerca de 600 amigos e familiares. No dia, Niemeyer citou mais de uma vez que a vida n&atilde;o &eacute; f&aacute;cil e que, se tivesse que resumi-la numa palavra, escolheria a solidariedade: &quot;Os pobres ficam vendo os pal&aacute;cios de hoje sem poder entrar&rdquo;, disse. &ldquo;A vida n&atilde;o &eacute; justa. E o que justifica esse nosso curto passeio &eacute; a solidariedade&rdquo;.<br /> <br /> A fam&iacute;lia era composta pela ent&atilde;o esposa Vera L&uacute;cia Cabreira, a filha Anna Maria, al&eacute;m de quatro netos, 13 bisnetos e seis tataranetos.<br /> <br /> Apesar de tanto sucesso - recebeu todos os pr&ecirc;mios imagin&aacute;veis, incluindo o prestigioso Pritzker em 1988 e a Ordem do M&eacute;rito Cultural - Oscar Niemeyer era um homem modesto. Para os &iacute;ntimos, ele confessou que n&atilde;o conseguia entender a raz&atilde;o de tanta rever&ecirc;ncia. &ldquo;Trabalhei muito, fiz meu trabalho na prancheta, como um homem comum...&rdquo;.</span></div>
ASSUNTOS

Comentários (0)

Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

(63) 3415-2769
Copyright © 2011 - 2024 AF. Todos os direitos reservados.