<span style="font-size:14px;">O contraste social e econômico no Estado mais novo da Federação foi assunto de reportagem do jornal Folha de São Paulo em matéria intitulada: <em>"No Tocantins, há fome enquanto número de milionários cresce 510%"</em>, publicada neste domingo (7).<br /> <br /> Segundo a reportagem, o Tocantins, um dos maiores celeiros de grãos do país, o Estado viu seu número de milionários crescer 510% na última década, mas 172 famílias ainda passam fome. Exemplo dessa disparidade está no município </span><span style="font-size:14px;">de Mateiros, onde </span><span style="font-size:14px;">o rio Galhão empresta seu nome a realidades opostas: uma fazenda do tamanho de um quarto da área da cidade de São Paulo e uma comunidade descendente de escravos que tem na cozinha apenas sal e óleo.</span><br /> <br /> <span style="font-size:14px;">Mas essa triste realidade se repete em outros pontos do Matopiba (nova fronteira agrícola formada por regiões dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). </span><span style="font-size:14px;">A expectativa é que, na safra 2014/­2015, a nova fronteira produza 20 milhões de toneladas de grãos, quase 10% da produção nacional.<br /> <br /> Segundo a Folha de S.Paulo, o sucesso do agronegócio e investimentos na indústria de agricultura e pecuária quintuplicaram o número de milionários no Tocantins. Na última década, a quantidade de pessoas com renda acima de US$ 1 milhão saltou de dez para 61 ­a maior alta do país, segundo a Receita Federal.<br /> <br /> No mesmo Estado, 37,6% dos domicílios ­ou seja, 172 mil famílias­ enfrentam algum tipo de dificuldade na hora de colocar alimentos na mesa, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2013.<br /> <br /> <img alt="" src="http://www.afnoticias.com.br/administracao/files/images/agricultura.jpg" style="width: 300px; height: 200px; border-width: 0px; border-style: solid; margin-left: 5px; margin-right: 5px; float: right;" />Na Agrícola Rio Galhão, condomínio de produtores rurais paulistas dedicado ao cultivo de 5.500 hectares de milho e soja, o maquinário moderno se mantém a poucos quilômetros das enxadas da comunidade quilombola.<br /> <br /> "É uma região que vem se desenvolvendo muito, recebendo investimentos de produtores do Sul e de empresas de capital aberto", diz o empresário paulistano Sérgio Bueno, 47, cuja família comprou terras na região em 1986.<br /> <br /> Nos limites da fazenda de Bueno, ficam as casas de taipa com teto de palha onde vivem cerca de 200 moradores da comunidade Galhão.<br /> <br /> "Faz tempo que a gente está aqui. Os filhos e os netos são todos nascidos e criados nesta terra, ninguém nunca saiu", diz a agricultora aposentada Maria de Lurdes Gomes, 59. Mãe de 12 filhos e avó de tantos que nem lembra o número, ela divide um aposento com o </span><span style="font-size:14px;">marido e quatro netos.<br /> <br /> Enquanto as terras de Bueno produzem 12 mil toneladas de milho por safra, os moradores da Galhão plantam mandioca para comer e vendem o pouco que sobra.<br /> <br /> Uma vez por mês, toda a família se reúne na casa de Maria para produzir farinha a partir da mandioca colhida. As filhas se revezam para mexer a farinha durante o preparo, enquanto os homens moem e secam a mandioca. "Não dura muito. Os meninos têm muita fome", diz Maria.<br /> <br /> <u><strong>Quilombolas</strong></u><br /> <br /> No Tocantins, 27 comunidades são reconhecidas como quilombolas pela Fundação Cultural Palmares, mas nenhuma tem o título de posse da terra. "Antes a gente plantava arroz, feijão, milho, abóbora. Mas agora não. O espaço está pouco demais por causa das fazendas, estamos cercados", reclama Maria, que recebe um auxílio de R$ 110 mensais do Bolsa Família.<br /> <br /> O isolamento e a péssima condição das estradas dificultam a obtenção de alimentos que ela não planta mais, como arroz e feijão. Cerca de 50 quilômetros separam sua casa do mercado mais próximo, no centro de Mateiros (a 160 km da capital, Palmas).</span><br />