<span style="font-size:14px;">Seis meses após ter o seu contrato de concessão assinado, a construtora Galvão Engenharia paralisou as obras da rodovia BR-153 no trecho entre Anápolis (GO) e Aliança do Tocantins (TO) e deve ter o cronograma de duplicação da estrada revisto pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).<br /> <br /> A empreiteira venceu o leilão no âmbito do Programa de Investimentos e Logística (PIL), no ano passado, mas — incluída nas investigações da Operação Lava-Jato, que apura desvios de recursos nos contratos da Petrobras — ainda não teve acesso ao empréstimo inicial do BNDES. Os recursos seriam usados para começar a duplicação da rodovia. Sem dinheiro para tocar a obra, demitiu cerca de 400 trabalhadores e deixou de contratar outros 400 que já deveriam estar em treinamento para a empresa assumir formalmente a operação da rodovia no início de maio.<br /> <br /> Diante de dificuldades financeiras, a construtora solicitou à ANTT uma reavaliação do seu contrato, assinado em setembro, com adiamento dos prazos. Se aprovada a prorrogação, a data de início de operação da rodovia fica condicionada à liberação do empréstimo-ponte do BNDES. Na entrada em operação, a concessionária terá que ofertar, por exemplo, ambulâncias e guinchos para os usuários.<br /> <br /> <u><strong>Dificuldade para obter crédito</strong></u><br /> <br /> Desde o ano passado, a Galvão vem tentando junto ao BNDES a liberação desse empréstimo. Por ora, sem o dinheiro, a ação da concessionária na rodovia se restringe a tapar buracos e concluir a adequação de uma ponte, consideradas obras emergenciais. A previsão de investimento ao longo dos 30 anos de concessão é de R$ 4,36 bilhões, sendo que o empréstimo-ponte solicitado ficaria ao redor de R$ 800 milhões.<br /> <br /> — São várias crises reunidas, principalmente pelo problema fiscal do governo para fornecer novos empréstimos e pelas incertezas do setor financeiro com o desenlace da Lava-Jato. Quem mais perde com isso é o usuário da estrada — disse uma fonte a par da situação.<br /> <br /> Na ocasião do lançamento do Programa de Investimento e Logística (PIL), a presidente Dilma Rousseff apresentou as condições de financiamento para essas concessões, assegurando a oferta de linhas de crédito do BNDES. <br /> <br /> Procurado, o BNDES informou que, entre as seis rodovias concedidas pelo </span><span style="font-size:14px;">Programa de Investimento e Logística (PIL)</span><span style="font-size:14px;">, apenas a BR-153 ainda não fechou o "empréstimo-ponte", que é um adiantamento. Segundo o banco, já houve contratação de quase R$ 3,5 bilhões em financiamentos desse tipo para as outras cinco rodovias do Programa.<br /> <br /> Segundo pessoas ligadas ao setor, todas as concessionárias têm tido dificuldades para obter empréstimos definitivos para sua concessão, principalmente depois da elevação da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) no fim do ano passado. Depois de dois anos estagnada em 5% ao ano, em dezembro o governo elevou a 5,5% ao ano, alterando as projeções das empresas.<br /> <br /> Segundo nota do BNDES, a divulgação prévia das condições de financiamento do banco é praxe para que os consórcios tenham conhecimento das condições de crédito, mas não significa compromisso com a concessão de empréstimo nessas condições. “Todo e qualquer projeto de investimento submetido ao BNDES segue, necessariamente, as diferentes etapas que se sucedem entre a análise até a contratação”, completou a nota.<br /> <br /> Segundo acompanhamento da ANTT, a BR-153 é a única rodovia do Programa que, em janeiro, ainda não tinha dado início às obras de duplicação. Os concessionários tinham prazo de um ano desde a assinatura do contrato para duplicar 10% das estradas e, assim, iniciar a cobrança de pedágio.</span>