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Tenente-coronel da PM invade sala e discute com delegado após prisão de soldado

O PM queria impedir o depoimento do soldado suspeito do atropelamento que matou o adolescente Leandro Rocha.

Por Raimunda Costa 9.281
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29/03/2019 09h09 - Atualizado há 5 anos
Tenente-coronel Francinaldo Machado

O comandante de policiamento da Capital, tenente-coronel da Polícia Militar Francinaldo Machado Bó, invadiu uma sala da Delegacia de Homicídios de Palmas durante o depoimento do soldado Silvestre Vieira de Farias Filho.

Silvestre está preso temporariamente por suspeita de atropelar e matar o adolescente Leandro Rocha da Cunha, no dia 20 de março de 2019, no Jardim Aureny IV, região sul de Palmas.

Um vídeo gravado na sala mostra o momento em que o tenente-coronel e o delegado Guido Camilo discutem sobre a prisão do militar.

Francinaldo queria impedir o depoimento do soldado suspeito do atropelamento do adolescente.

- PM: Agora, por favor, dispensa meu militar que ele tem que voltar para o quartel dele, que lá que é casa dele.

- Delegado: O senhor vai levar ele?

- PM: Eu levo. [inaudível].

- PM: Ele não vai falar nada não.

- Delegado: Aqui.... Aqui o senhor não manda não.

- PM: Eu não mando mesmo não. Eu não mando mesmo não.

- Delegado: Não. Aqui o senhor não manda não.

- PM: Quem disse que eu tô querendo mandar aqui?

- Delegado: Tá? Aqui o senhor não manda não.

- PM: Quem disse que eu tô querendo mandar aqui?

- Delegado: Aqui o senhor não manda.

- PM: Eu só tô falando que ele não vai falar nada não. Que ele vai voltar pro quartel dele.

- Delegado: A senhora que está acompanhando ou é ele?

- A PM: Sou eu.

- PM: Eu sou o comandante de policiamento da capital. Eu sou o superior dele. Eu sou o superior dele e não vou sair não.

- Outra pessoa: Peço que o senhor dê licença.

- PM: Não vou sair daqui.

- só vou pedir que você dê agora a representação dele pra mim.

- eu sou o superior dele.

- ele não vai falar nada.

O comandante de policiamento ainda critica a iniciativa do delegado de pedir a prisão e acrescenta:

- Agora é brincadeira, viu? O negócio foi domingo, o cara é trabalhador, tem endereço fixo, estava trabalhando. Tem tanto bandido aí pra prender. Se ele estiver errado, que no final do inquérito configura isso que ele tá errado. Mas em dois dias, pedir a prisão do militar? É brincadeira.

- eu sou o comandante dele

- ele não vai falar nada

Vídeo

Entenda o caso

O policial militar Silvestre Vieira de Farias Filho foi preso pela Polícia Civil na tarde dessa quarta-feira (27) em cumprimento a mandado de prisão temporária por suspeita de homicídio qualificado.

O militar era quem conduzia a viatura envolvida no atropelamento e morte do adolescente Leandro Rocha da Cunha.

Familiares do adolescente disseram que Leandro estava indo de bicicleta para a casa da namorada quando foi atingido. Testemunhas relataram que o corpo do adolescente teria sido arremessado numa lixeira com o impacto da colisão.

Já a Polícia Militar afirmou que uma equipe de policiamento do 6º Batalhão fazia patrulhamento quando percebeu uma pessoa em atitude suspeita, empurrando uma bicicleta, e buscou realizar uma abordagem.

Laudo

De acordo com o G1 Tocantins, o laudo pericial aponta que o adolescente foi atropelado. Os indícios coletados no local do acidente e destacados na perícia mostram ainda que a cena do crime foi alterada antes da chegada dos peritos.

Uma testemunha contou à polícia que a viatura teria acelerado e passado por cima do adolescente. Para isso os militares invadiram a contramão de uma avenida.

Segundo o laudo, a viatura seguia no mesmo sentido da bicicleta. Porém, o carro foi encontrado estacionado no sentido contrário. A viatura estava a mais de 45 km/h quando atingiu a bicicleta por trás, subiu em uma calçada e arrastou o adolescente, apontou a perícia.

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