Sistema prisional

Presos do Tocantins e SP combinam morte de rivais em reuniões semanais por telefone

Em outubro, uma mulher foi presa ao tentar entrar no presídio de Palmas com 30 celulares novos.

Por Raimunda Costa 964
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18/12/2018 09h30 - Atualizado há 5 anos

Investigações realizadas pela Polícia Civil apontaram que presos do Tocantins faziam reuniões semanais por audioconferência por celulares com detentos de São Paulo e combinavam execuções de membros de facções criminosas rivais.

Em uma das conversas, grampeada com autorização judicial, eles combinam como vão matar um detento que ocupa a mesma cela no Tocantins.

Preso do TO: Fica no mesmo prédio irmão, aqui não tem divisão de ala não. Só o sol que é separado.

Preso de SP: E para pegar ele aí?

Preso do TO: Para pegar ele é dia de visita irmão, dia de sol nosso também, quebra cadeado e cai para dentro.

Preso de SP: É assim que é as ideia.

Preso do TO: É, meter o estanho (bala) mesmo.

Em vistorias realizadas por agentes penitenciários nas três principais unidades prisionais do Tocantins neste ano, foram apreendidos 327 celulares. O número é maior que 2017 inteiro, quando foram apreendidos 258 aparelhos. A maioria desses celulares foi encontrada em revistas na unidade de Cariri do Tocantins. 

Em outubro, uma mulher foi presa ao tentar entrar no presídio de Palmas com 30 celulares novos com baterias e carregadores. Os aparelhos estavam camuflados dentro de um fundo falso de uma TV.

A Delegacia Especializada em Investigações Criminais (Deic) abriu inquérito para apurar como os aparelhos entram nos presídios do Estado e, entre os investigados, estão servidores do sistema penitenciário. O inquérito também apura uma facção paulista que atua no Tocantins.

Scanners corporais

No dia 14 deste mês, o governo entregou armamentos para as unidades prisionais do Estado e anunciou a aquisição de 19 scanners corporais que serão colocados nas três maiores unidades penitenciárias e outras de médio porte.

A primeira unidade a receber o equipamento será a Casa de Prisão Provisória de Palmas (CPPP) até o final deste ano.

Segundo o secretário de Estado da Cidadania e Justiça, Heber Fidelis, o Tocantins é o único estado que não dispõe de scanners corporais. “Como não fazemos revistas vexatórias, pois são proibidas, os scanners corporais representam uma ampliação da segurança do sistema prisional e terá, como efeito, a desmobilização das quadrilhas dentro dos presídios e contenção da entrada de ilícitos”, enfatizou.

O QUE DIZ A SECIJU

"A Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju), por meio do Sistema Penitenciário Prisional do Tocantins (Sispen), informa que realiza rotineiramente vistorias nas celas com o objetivo de buscar objetos que são proibidos dentro dos estabelecimentos penitenciários do Tocantins.

A Seciju esclarece que parte dos aparelhos celulares encontrados em inspeções e revistas está relacionada ao fato de que o Tocantins ainda não dispõe de scanners corporais nas unidades prisionais.

Para reforçar a segurança e os protocolos de revista nos estabelecimentos penais, a Seciju está adquirindo 19 scanners corporais que serão alocados nas três maiores unidades penitenciárias do Estado e em outras de médio porte.

A primeira unidade a receber o equipamento será a Casa de Prisão Provisória de Palmas (CPPP) até o final deste ano. Seja sob as vestes ou no interior do corpo, qualquer objeto é identificado pelo scanner corporal. Desta forma, é impossível burlá-lo.

 Cabe informar ainda que as revistas rotineiras de celas e pavilhões são praticas operacionais que independem de equipamentos de inspeção.

A Seciju esclarece que de acordo com uma portaria estadual, fica vedada qualquer forma de revista invasiva ou constrangedora que submeta o visitante a condições vexatórias, como a nudez ou posições que exponham a intimidade ou a privacidade do visitante. O que pode facilitar a entrada de explosivos, celulares e drogas.

A Seciju investiga o possível envolvimento de servidores através de processos administrativos e se comprovado, as medidas corretivas serão aplicadas a cada caso".

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