Hospital de Palmas

Em menos de 72h, outra grávida perde bebê por falta de médicos em hospital do TO

Samara Mateus estava grávida de oito meses e chegou ao hospital sentido dores e contrações, mas não foi atendida.

Por Raimunda Costa 6.065
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08/01/2019 12h02 - Atualizado há 5 anos
Maternidade onde o bebê morreu

Mais um bebê morreu por falta de médicos nos hospitais do Tocantins. Este é o segundo caso registrado no prazo de 72 horas.

A jovem Samara Mateus, de 24 anos, grávida de oito meses, deu entrada na Maternidade Dona Regina, em Palmas, na tarde de domingo (6), sentido dores e contrações. 

Segundo informações apuradas, Samara chegou a ser atendida na unidade de saúde por um médico plantonista, mas nenhum obstetra a avaliou ou verificou a situação do bebê.

Ainda segundo as informações, Samara foi medicada para aliviar as dores das contrações e permaneceu na sala de espera até a manhã dessa segunda-feira (7). Por volta das 8 horas, um exame de ultrassonografia constatou que o bebê já estava morto.

BOLETIM DE OCORRÊNCIA 

Diante da situação, o Conselho Federal de Medicina registrou um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil depois que uma servidora do hospital denunciou o caso. Ela não teve o nome revelado por temer retaliação.

OUTRO CASO

Viviane Pimentel da Silva, de 33 anos, também perdeu o bebê por falta de atendimento médico. Ela mora em Monte Santo do Tocantins e estava grávida de nove meses.

Natanael Nascimento Dias, marido de Viviane, disse que sua esposa começou a sentir as contrações do parto na sexta-feira (4) e foi encaminhada ao Hospital Regional de Paraíso, mas não havia médico na unidade de saúde.

Somente no dia seguinte, sábado (5), é que Viviane foi transferida para a Maternidade Dona Regina, em Palmas, onde foi submetida a uma cesárea, mas a criança não resistiu.

SOCIEDADE DE PEDIATRIA

Por meio de nota, a Sociedade Tocantinense de Pediatria (Stop) afirmou que os ajustes administrativos feitos pelo governador Mauro Carlesse (PHS) foram “atos mal planejados”. A nota faz referência à exoneração de 629 médicos.

Segundo a nota, “o Governo não se preocupou em observar onde esses médicos atuavam, suas habilidades especificas, sua função em cada equipe”.   

Em outro trecho, a nota enfatiza que nos hospitais de referência, como Hospital Infantil Público de Palmas (HIPP), Hospital e Maternidade Dona Regina (HMDR), Hospital Geral de Palmas (HGP) e Hospitais Regionais, estão com serviços desfalcados e equipes desfeitas.

“Como sempre, a população paga a conta, sofre, é ludibriada e usada. Porém, dessa vez, atingiram não só o profissional, mas o cidadão médico, comprometendo sua dignidade e autoestima, desestimulando o trabalho daquele que se doa em prol da comunidade”, afirma o documento.

ÍNTEGRA DA NOTA

“A Sociedade Tocantinense de Pediatria (Stop) vem a público externar sua indignação aos últimos atos mal planejados cometidos pelo Governo do Estado do Tocantins. Já no primeiro dia do ano fomos surpreendidos com a exoneração e extinção dos contratos temporários de cem por cento dos médicos contratados do Estado, sendo esse número de 629 colegas que prestavam serviço sem garantias, pois há dez anos não temos concurso público.

Diante da perplexidade de diretores, coordenadores, Sindicato dos Médicos (SIMED) e Conselho Regional de Medicina (CRM), uma nova lista foi publicada revogando aleatoriamente a exoneração de apenas 386 médicos.

O governo não se preocupou em observar onde esses médicos atuavam, suas habilidades especificas, sua função em cada equipe. Hoje nos defrontamos com hospitais de referência como Hospital Infantil Público de Palmas (HIPP), Hospital e Maternidade Dona Regina (HMDR), Hospital Geral de Palmas (HGP) e Hospitais Regionais, com serviços desfalcados, equipes desfeitas.

Setores do HIPP e HGP com pacientes graves e sob cuidados intensivos encontram-se completamente sem médicos na escala, sobrecarregando colegas que estão se desdobrando na assistência.

Como sempre, a população paga a conta, sofre, é ludibriada e usada. Porém, dessa vez, atingiram não só o profissional, mas o cidadão Médico, comprometendo sua dignidade e autoestima, desestimulando o trabalho daquele que se doa em prol da comunidade.

Muitos colegas foram deixados de lado sem nenhuma justificativa. A Pediatria do Estado, conquistada a duras penas, formando especialistas através da Residência Médica e incentivando-os a ficar no serviço público, foi fortemente golpeada.

Neste momento, a Stop se solidariza com cada pediatra que foi exonerado e juntamente ao Simed e CRM exige rápida resposta do Governo no restabelecimento dos serviços e equipes da assistência médica aos pequeninos, foco do nosso empenho e motivo maior das nossas lutas.

Estamos Juntos!”

Sociedade Tocantinense de Pediatria (Stop)

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