A solicitação é dos vereadores suplentes que assumiram após a prisão de 10 parlamentares.
A Câmara de Vereadores de Augustinópolis, no norte do Estado, abriu um processo de cassação contra o prefeito, Júlio da Silva Oliveira (PRB), nessa quarta-feira (30), após o escândalo que levou à prisão 10 dos 11 vereadores da cidade.
A comissão de Justiça e Redação acatou o pedido de investigação apresentado por vereadores suplentes que assumiram os cargos na Câmara no sábado (26).
O prefeito será notificado e terá dez dias para apresentar sua defesa. Depois disso, o processo segue para votação na Câmara.
Investigações
De acordo com a Polícia Civil, as investigações ainda continuam, mas já deixou clara a participação dos dez vereadores no esquema de corrupção e recebimento de propina.
Contudo, a polícia adiantou ao AF Notícias que o prefeito não é investigado até o momento, mas é fato que existia pagamento da propina por parte da Prefeitura aos vereadores. O gestor só será investigado caso seja comprovada sua participação efetiva no esquema de corrupção.
“Temos provas contundentes que os dez vereadores recebiam a quantia variada na prefeitura, no chamado ‘mensalinho’”, afirmou a polícia.
Ainda conforme a Polícia Civil, os atuais vereadores entenderam que houve efetiva participação do prefeito, que ele tinha ciência de todo o esquema e colaborou.
Entenda o caso
A Polícia Civil deflagrou a Operação Perfídia na manhã do dia 25 deste mês para prender dez dos 11 vereadores de Augustinópolis, no norte do Tocantins.
As investigações apontaram que os parlamentares cobravam propina para aprovar projetos enviados pela prefeitura. O esquema movimentava cerca de R$ 40 mil por mês.
Apenas o presidente da Câmara, Cícero Cruz Moutinho, não teve a prisão decretada, mas foi levado para depor. Ele foi o único parlamentar que ficou no cargo.
O esquema
A Polícia investiga os crimes de corrupção passiva e corrupção ativa após denúncia feita por um cidadão. As propinas variavam de R$ 1 mil até R$ 8 mil por mês. Os valores seriam diferenciados e determinados em razão da força política que exercem dentro da estrutura administrativa e social.
Todo o esquema seria "negociado, gerenciado e liderado" pelo vereador Edvan Neves da Conceição (MDB), conhecido como Neguin da Civil, por ser policial civil e, por isso, ele recebia em patamar superior.
A vereadora Maria Luísa de Jesus do Nascimento, Luizinha (PP), também recebia valores mais expressivos em razão da sua força política, com ligações estreitas com o Palácio Araguaia.
Deixaram prisão
Ainda nessa terça-feira (29), nove vereadores deixaram a unidade prisional em Augustinópolis. Apenas Antônio José Queiroz dos Santos (PSB) ficou preso.
Eles foram liberados porque o prazo das prisões temporárias venceu e a polícia entendeu que não havia necessidade de pedir prorrogação.
São eles: Maria Luisa de Jesus do Nascimento, Antônio Silva Feitosa, Antônio Barbosa Sousa, Edvan Neves Conceição, Ozeas Gomes Teixeira, Francinildo Lopes Soares, Angela Maria Silva Araújo de Oliveira, Marcos Pereira de Alencar e Wagner Mariano Uchôa Lima.