A situação se agravou com a entrada do Estado Islâmico no conflito.
Os rebeldes sírios declararam, na quinta-feira (5), que avançaram sobre a cidade de Hama, um movimento estratégico no conflito que já dura mais de uma década. Segundo eles, a ofensiva, iniciada no início da semana, conquistou vilarejos próximos, como Maar Shahur, pressionando as forças do governo de Bashar al-Assad. Por outro lado, a mídia estatal da Síria refuta essas alegações, afirmando que as tropas governamentais continuam controlando a cidade.
A batalha em Hama tem implicações significativas, considerando que a cidade, o quarto maior município sírio, permaneceu sob domínio do regime de Assad desde o início da guerra civil, em 2011. A retomada do conflito em uma área tão simbólica traz à tona questões maiores sobre a estabilidade do regime e as forças em jogo no país.
Por que Hama é tão estratégica?
Localizada no centro da Síria, Hama tem importância histórica, econômica e militar. Desde o início da guerra civil, a cidade foi um bastião estratégico para o governo, essencial para conectar diferentes regiões do país. A perda de controle sobre Hama representaria não apenas uma derrota militar, mas também um golpe simbólico para Assad.
O avanço dos rebeldes ocorre em um momento em que aliados de Assad, como Rússia e Irã, continuam investindo em apoio logístico e militar ao regime. Isso evidencia a complexidade do conflito, que envolve uma série de interesses regionais e internacionais.
O conflito começou em 2011, durante a Primavera Árabe, quando manifestantes pró-democracia enfrentaram uma violenta repressão do governo. A revolta evoluiu para uma guerra civil de grande escala, com a formação do Exército Sírio Livre para combater as forças governamentais.
A situação se agravou com a entrada do Estado Islâmico no conflito, que chegou a controlar 70% do território sírio. Esse cenário atraiu potências globais, transformando a guerra em um palco de disputa de influência:
Rússia e Irã apoiam Assad, justificando sua presença militar como combate ao terrorismo.
Estados Unidos e aliados ocidentais lideraram uma coalizão contra o Estado Islâmico, apoiando alguns grupos rebeldes.
Embora um cessar-fogo em 2020 tenha reduzido os combates, a guerra deixou marcas profundas: mais de 300 mil civis mortos e milhões de deslocados, segundo a ONU.
Se confirmado, o avanço rebelde em Hama pode marcar um ponto de virada no conflito sírio. Isso aumentaria a pressão sobre Assad, que depende de seus aliados para manter o controle em áreas estratégicas. Além disso, o episódio destaca o ressurgimento da insurgência, mesmo após anos de relativa estabilização militar.
Por outro lado, as alegações contraditórias entre os rebeldes e a mídia estatal refletem a dificuldade de verificar informações em zonas de conflito, onde a propaganda de guerra é uma ferramenta constante.