A hipertricose pode ter diversas causas, incluindo fatores genéticos.
A síndrome do lobisomem, também conhecida como hipertricose, é uma condição rara e surpreendente que causa o crescimento excessivo de pelos em diversas partes do corpo. Recentemente, o caso de 11 bebês afetados pela hipertricose na Espanha trouxe à tona novos dados sobre essa condição, levantando preocupações e reflexões sobre a segurança no uso de medicamentos como o minoxidil.
A hipertricose pode ter diversas causas, incluindo fatores genéticos, metabólicos ou mesmo exposição a medicamentos. No caso identificado na Espanha, o crescimento anormal de pelos foi relacionado ao uso de minoxidil tópico, um medicamento amplamente utilizado para tratar a alopecia androgênica (calvície).
Essa descoberta veio à tona após a análise de casos em que pais que usavam minoxidil entraram em contato próximo com seus filhos, resultando na exposição acidental do medicamento aos bebês. Em todos os episódios registrados, os sintomas desapareceram após a interrupção do uso do medicamento pelos pais.
O minoxidil é conhecido por sua eficácia no tratamento da calvície em homens e mulheres. Disponível em formulações tópicas de 2% e 5%, o medicamento atua como um vasodilatador, estimulando o crescimento capilar. No entanto, apesar de sua eficácia, casos como esses apontam para a necessidade de maior cautela no manuseio e na aplicação do produto, especialmente em lares com bebês.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) recentemente revisou a bula do minoxidil, destacando o risco de hipertricose em crianças devido à exposição acidental. Esse alerta serve como um lembrete para que os usuários sigam rigorosamente as orientações, como lavar as mãos após a aplicação e evitar o contato do medicamento com crianças.
O caso mais recente registrado pelo Centro de Farmacovigilância de Navarra envolveu um lactente que apresentou crescimento anormal de pelos nas costas, pernas e coxas. Uma investigação aprofundada revelou outros seis casos semelhantes em bebês de até nove meses, todos associados ao uso de minoxidil pelos pais.
Além desses, um incidente anterior, em 2019, destacou outro problema envolvendo hipertricose em crianças. Na ocasião, cerca de 20 bebês foram afetados após ingerirem, por engano, lotes de minoxidil rotulados como omeprazol. Apesar da gravidade da situação, nenhuma das crianças sofreu sequelas permanentes.
Diante desses episódios, especialistas reforçam algumas medidas preventivas:
Lave as mãos após a aplicação: mesmo pequenas quantidades de minoxidil podem ser transferidas para a pele de bebês.
Evite o contato direto: mantenha as áreas tratadas longe do alcance das crianças, especialmente durante períodos prolongados de cuidado, como licenças parentais.
Siga as instruções da bula: leia atentamente as orientações fornecidas e consulte um médico ou farmacêutico em caso de dúvidas.
Para os pais que enfrentaram essa condição, a experiência foi marcada por estresse e incertezas. Além do impacto emocional, os bebês precisaram passar por diversos exames e consultas médicas para descartar possíveis danos em órgãos como o coração e os rins.
Conforme destacou Gabriela Elizondo, do Centro de Farmacovigilância de Navarra, a detecção precoce desses casos foi essencial para evitar complicações mais graves.