Justiça

'Com a prisão dele, lavei minha alma', diz policial que prendeu assassino do pai 25 anos depois

Crime ocorreu em 1999 e Gislayne Silva de Deus, hoje escrivã da Polícia Civil tinha apenas 9 anos

Por G1
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28/09/2024 09h25 - Atualizado há 4 meses
Gislayne Silva prendeu o assassino do pai 25 anos depois.

Notícias do Tocantins -  Uma história da prisão de um assassino. E não é uma história comum. O Carnaval de 1999 ficou gravado para sempre na memória de Gislayne Silva de Deus, hoje escrivã da Polícia Civil, aos 36 anos. Com apenas 9 anos na época, ela teve o pai assassinado em plena luz do dia. 25 anos depois, Gislayne participou da operação que prendeu o criminoso. 

Foragido desde 2016, o homem, de 60 anos, foi preso na última quarta-feira (25/09) em Boa Vista. Raimundo Alves Gomes teve o primeiro mandado de prisão expedido ainda em 2016. Ele foi julgado e sentenciado em 2013 pelo Tribunal do Júri, do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR), por matar Givaldo José Vicente de Deus, à época com 35 anos. Ele foi julgado 14 anos depois do crime e condenado a 12 anos de prisão pelo homicídio

De acordo com os depoimentos feitos à época e das memórias da própria Gislayne, o crime aconteceu em plena luz do dia em época de carnaval. Ela relembra que o pai, que era marceneiro mas também tinha um mercado, montou uma tenda para vender variedades em uma avenida durante a passagem dos foliões nos blocos de carnaval..

O crime aconteceu no dia 16 de fevereiro de 1999 em um bar no bairro Asa Branca, zona Oeste de Boa Vista, por volta das 16h.

"Ele saiu da barraquinha para comprar umas coisas e passou no bar da Vanusa. Aí ele foi com um amigo, jogaram sinuca e tal. Era carnaval, estavam todos em clima de descontração", contou Gislayne.

Durante o jogo de sinuca, Raimundo Alves apareceu no bar para cobrar uma dívida de R$ 150. De acordo com Gislayne, Raimundo era fornecedor de produtos para o mercado de Givaldo e a dívida era desses acordos. Ela conta que o pai ainda tentou negociar a dívida oferecendo um freezer em troca.

"Meu pai disse: 'olha, eu não tenho dinheiro agora, mas tem um freezer lá, pode pegar'. O Raimundo só saiu, o meu pai achou que tava tudo bem e voltou a jogar sinuca com o amigo dele", explicou a policial.

Foi então que, meia hora depois, Raimundo voltou ao bar com uma arma na mão. Conforme depoimento à época, a dona do bar viu e chegou a avisar Givaldo que o homem estava armado e que iria matá-lo. Raimundo e Givaldo entraram em luta corporal e chegaram a rolar no chão.

"Meu pai tentou segurar o braço dele e eles entraram em luta corporal. O amigo do meu pai tentou ajudar, mas o Raimundo conseguiu virar a arma e atirou, acertando na região do umbigo", conta a escrivã.

Após o tiro, conseguiram desarmar Raimundo. O amigo que estava com Givaldo chegou a obrigar o assassino a levá-lo para o hospital e assim o fez.

De acordo com o depoimento dos agentes da Polícia Militar que atenderam o caso, Raimundo fugiu do hospital à pé, mas recebeu voz de prisão em flagrante a poucos metros do local. Ele estava com a arma do crime na ocasião e os agentes chegaram a perguntar pelos documentos do revólver, mas o acusado disse que não tinha documentação.

Raimundo foi solto e depois sentenciado em 2013. Ele só foi considerado foragido em 2016, quando teve o primeiro mandado de prisão expedido pela Justiça de Roraima. Agora, com ele preso, Gislayne comemora.

"Com a prisão dele, lavei minha alma e a de toda minha família. Foi o encerramento de um ciclo. Hoje temos paz e o sentimento de que a justiça foi feita", disse.

A prisão do homem, feita por policiais da Delegacia Geral de Homicídios, foi na noite da última quarta-feira (25), em uma área de chácaras no bairro Nova Cidade, também na zona Oeste de Boa Vista. Um vídeo registrou o momento em que a escrivã ficou frente a frente com o assassino do pai

O crime de homicídio prescreve após 20 anos, a partir da sentença condenatória e se a pena for maior que 12 anos. No caso de Raimundo, que teve a pena de 12, a prescrição seria em 16 anos a contar da conclusão do julgamento, ou seja, em 2031 — faltavam sete anos para que isso acontecesse, explicou o Bruno Caciano, advogado e presidente da Associação Nacional da Advocacia Criminal (Anacrim) em Roraima.

Autor do crime foi preso 25 anos depois, com a ajuda da filha da vítima.

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