A valorização do dólar impacta diretamente a economia brasileira.
O dólar disparou e alcançou R$ 6,11, marcando um momento histórico para a economia brasileira. Essa alta está diretamente ligada ao cenário fiscal do país, amplamente influenciado pelos recentes anúncios econômicos do governo e pelos dados de emprego divulgados. Entender o impacto dessa variação cambial é crucial para investidores e para a população em geral, especialmente diante das incertezas que permeiam o mercado.
A alta do dólar reflete, em grande parte, os anúncios feitos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O pacote econômico, apresentado na última quarta-feira (27), inclui cortes de gastos de R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026, com uma previsão de economia de R$ 327 bilhões até 2030. Entre as mudanças propostas estão alterações no salário mínimo, aposentadorias de militares e programas sociais.
Porém, um ponto específico do pacote gerou tensão no mercado: a isenção do Imposto de Renda para pessoas com rendimentos de até R$ 5 mil. Embora o corte de gastos tenha sido bem recebido, o custo dessa isenção – estimado em R$ 35 bilhões – trouxe dúvidas sobre o equilíbrio fiscal prometido.
Segundo Haddad, esse impacto seria compensado pela taxação dos mais ricos, com uma alíquota de até 10% para rendimentos acima de R$ 50 mil. No entanto, como explica Bruno Funchal, do Bradesco Asset, “a tramitação de projetos como esse no Congresso é sempre complexa. Isso traz um risco fiscal relevante, especialmente se a compensação não for aprovada.”
Quando há dúvidas sobre a capacidade do governo de honrar suas dívidas, investidores tendem a buscar ativos mais seguros, como o dólar. Esse movimento pressiona a moeda americana para cima, como observado neste caso.
Além disso, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, também sentiu o impacto. Na última quinta-feira (28), o índice caiu 2,40%, marcando sua maior queda diária desde janeiro de 2023. Na sexta-feira (29), o índice continuava em baixa, acumulando perdas de 3,50% na semana.
Apesar do ambiente tenso, os dados de emprego divulgados pelo IBGE trouxeram uma notícia positiva. O desemprego caiu para 6,2% no trimestre encerrado em outubro, o menor índice já registrado. Isso demonstra um mercado de trabalho aquecido, que pode ajudar a mitigar parte dos impactos negativos do cenário econômico.
A valorização do dólar impacta diretamente a economia brasileira, afetando desde o preço de produtos importados até a inflação. Por outro lado, o mercado exportador pode se beneficiar, já que produtos nacionais se tornam mais competitivos no exterior.
No entanto, para o cidadão comum, a alta da moeda americana pode se traduzir em maior custo de vida, especialmente em itens como combustíveis e alimentos.
A confiança do mercado financeiro depende da percepção de que o governo está comprometido com o equilíbrio fiscal. Cortes de gastos são um passo importante, mas precisam vir acompanhados de medidas consistentes para garantir que as contas públicas sejam sustentáveis no longo prazo.
Além disso, a clareza na comunicação e a aprovação de reformas estruturais podem ajudar a reduzir a volatilidade do dólar e estabilizar o mercado.