A elevação da previsão da inflação para 4,71% está ligada a fatores internos e externos.
A previsão do mercado financeiro para a inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), passou de 4,63% para 4,71% em 2024. Essa estimativa foi divulgada no Boletim Focus, relatório semanal do Banco Central, que reúne expectativas de instituições financeiras para indicadores econômicos importantes. O aumento reflete a percepção do mercado sobre os desafios econômicos que o país enfrenta, principalmente no controle da inflação e no cenário global incerto.
A elevação da previsão da inflação para 4,71% está ligada a fatores internos e externos. Internamente, o aumento dos gastos com habitação e alimentos em outubro, que resultaram em uma inflação mensal de 0,56%, reforçou as expectativas de alta para o acumulado do ano. Em termos externos, a alta do dólar e as incertezas na economia global também pressionam os preços e impactam a inflação no Brasil.
Essas condições indicam que, apesar dos esforços para conter a inflação dentro da meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a economia ainda enfrenta desafios significativos.
Atualmente, a meta de inflação definida pelo CMN para 2024 é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, de 1,5% a 4,5%. No entanto, a previsão de 4,71% já ultrapassa esse limite.
A partir de 2025, o Brasil adotará o sistema de meta contínua, com um centro fixo de 3% e a mesma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Essa mudança elimina a necessidade de fixar metas anuais, trazendo maior previsibilidade ao mercado financeiro.
As projeções para os próximos anos refletem esse novo modelo:
Esses números demonstram uma tentativa de convergência para níveis mais baixos de inflação no longo prazo, mas ainda exigem ações robustas do Banco Central.
Para atingir as metas de inflação, o Banco Central utiliza a taxa básica de juros, a Selic, como principal ferramenta. Atualmente fixada em 11,25% ao ano, a Selic reflete uma estratégia de contenção da demanda aquecida, que pode pressionar os preços.
Nos últimos meses, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic após um longo período em 13,75%, mas retomou aumentos diante da necessidade de controlar as expectativas inflacionárias. Para 2024, o mercado projeta que a Selic termine o ano em 11,75%.
Esse movimento impacta diretamente a economia:
Apesar do cenário inflacionário, o Produto Interno Bruto (PIB) tem mostrado desempenho acima do esperado. Em 2023, o PIB cresceu 2,9%, totalizando R$ 10,9 trilhões. Para este ano, a projeção subiu de 3,17% para 3,22%.
Já a cotação do dólar, que influencia diretamente os preços no mercado interno, está estimada em R$ 5,70 para o final de 2023, podendo cair para R$ 5,60 até o fim de 2025.
Referência: Agência Brasil