Vítima tentou denunciar os fatos, mas foi desmotivada por familiares.
Notícias do Tocantins - Um professor de ensino fundamental em Esperantina (TO) suspeito de estuprar a própria filha foi preso pela Polícia Civil na manhã desta sexta-feira (19). O crime teria ocorrido em 2014, quando a vítima tinha 14 anos.
Na época, a adolescente resolveu denunciar os fatos, mas acabou sendo desestimulada pela família paterna com uma chantagem emocional de que a sua avó morreria e os seus irmãos cresceriam sem a presença do pai, dentre outras.
Depois do abuso sexual, a vítima acabou desenvolvendo Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Atualmente com 24 anos, como parte do tratamento psiquiátrico, buscando superar o trauma sofrido há uma década, a vítima procurou a Polícia Civil para denunciar os fatos. Inclusive, após registrar o boletim de ocorrência, a vítima voltou a ser desestimulada por seus familiares, já que novamente buscavam blindar o autor dos abusos sexuais.
Das investigações
Após o registro do boletim de ocorrência, a Polícia Civil realizou as diligências necessárias e ouviu testemunhas que moravam na mesma residência na época do ocorrido. Além dos depoimentos, foi possível obter documentos contemporâneos que apontam para o abuso sexual ocorrido.
Após a instrução do inquérito policial, a polícia chegou à conclusão de que, por não aceitar uma paquera da filha na adolescência, aos 14 anos, o professor efetivamente a estuprou em 9 oportunidades.
Em razão da gravidade dos fatos, a Justiça decretou a prisão preventiva do suspeito, que atualmente tem 46 anos.
Material apreendido será periciado
Além de confirmarem os indícios de abuso sexual contra a sua filha, as testemunhas afirmaram que o agressor sexual também tinha costume de espiar e até mesmo filmar as suas filhas e enteadas adolescentes tomando banho.
Por tais razões, a Polícia Civil entende que, apesar do tempo, é possível obter eventuais vídeos da época dos fatos e/ou outros arquivos envolvendo pornografia infantojuvenil. A partir de agora, o Núcleo de Inteligência Policial vai analisar os aparelhos eletrônicos apreendidos na residência do suspeito, a fim de verificar a eventual existência de conteúdo criminoso.
Ao falar sobre o caso, o delegado Jacson Wutke pontuou sobre a importância de as vítimas procurarem a Polícia Civil para denunciar os abusos sexuais que eventualmente tenham sofrido, independente do tempo.
“Nunca é tarde para se procurar justiça, principalmente em um país que, como o Brasil, infelizmente temos um estupro a cada 6 minutos. Todos nós temos o dever de contribuir, no que puder, para extirpar a cultura do estupro, acabar com a impunidade e tentar evitar uma próxima vítima”, disse.
Após ser interrogado, o suspeito foi recolhido na Unidade Penal Regional de Augustinópolis. Se condenado, pode pegar até 30 anos de prisão.