Mundo artístico

Conheça Birita, a palhaça com paralisia cerebral que fará palestra show no Festival de Taquaruçu

Segundo o diagnóstico médico, ela não conseguiria andar e nem falar.

Por Redação
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03/07/2020 15h08 - Atualizado há 3 anos
Dida nos concedeu essa entrevista falando um pouco de como Birita mudou sua vida

O 7º Festival de Circo de Taquaruçu, que esse ano acontece de forma digital nos formatos de lives, recebe uma atração bastante especial, a Palestra Show da Palhaça Birita que aborda o tema capacitismo para pessoas com deficiência. A palestra acontece no dia 04 de julho às 10h.

Palhaça Birita é a personagem da artista Ariadne Antico (Dida) que nasceu com um tipo de paralisia cerebral (PCD). Segundo o diagnóstico médico, Dida não conseguiria andar e nem falar, porém não foi o que aconteceu. Ao descobrir o universo da palhaçaria, Ariadne aprendeu a usar suas limitações a seu favor transformando limites, dificuldades e crises em alegrias, desafios e realizações.

Hoje Ariadne não só anda e fala como também se apresenta em diversos lugares com a sua palhaça Birita contando suas aventuras e desventuras através de palestras, incentivando a não superproteção da criança/pessoa com deficiência e expondo a importância da arte como agente transformador.

Dida nos concedeu essa entrevista falando um pouco de como Birita mudou sua vida e como através dela tenta transformar a vida de mais pessoas com PCD.

Festival: Como a palhaçaria entrou em sua vida, como nasceu a Palhaça Brita e como você passou a lidar com a sua deficiência depois dela?

Ariadne: Foi meio de repente, tinha recém chegado na cidade e fui convidada pelo Márcio Douglas pra fazer um curso de palhaçaria que ele ministraria, a princípio neguei o convite alegando que tinha muita vergonha e que não me via num palco sendo vista por várias pessoas. Depois de alguma insistência dele decidi ir assistir uma aula, acabei fazendo a aula e não parei nunca mais essa pesquisa.

Com a palhaçaria eu aprendi a usar minha deficiência a meu favor, por exemplo eu caio bastante, tenho movimentos involuntários e fala disartrica (sequelas da paralisia cerebral) isso tudo para uma palhaça é um baita presente e quando eu levo todas essas questões que permearam durante anos a minha vida, de forma negativa, pro palco e me divirto fazendo isso, naturalmente a vida fica mais leve. Não tenho dúvidas de que a "Birita" mudou minha vida.

Festival: Qual a importância que você enxerga no seu trabalho e principalmente para pessoas com deficiência?

Ariadne: Nos meus trabalhos abordo temas como a importância da não superproteção da criança/pessoa com deficiência, a empregabilidade de vagas de cota para PCD no mercado de trabalho, entre outros. Ao trazer esses assuntos para cena percebi no decorrer das apresentações que fiz no Brasil a fora e através de depoimentos do público, que é possível através da arte, do humor, transformar vidas e mudar olhares sobre as pessoas com deficiência.

Festival: Você acha que o circo é um meio inclusivo?

Ariadne: A Sociedade de um modo geral não é inclusiva, pouco se fala sobre o capacitismo por exemplo. Contudo, se levarmos em conta que há menos de cem anos, nós pessoas com deficiência éramos mortas, não tínhamos nem o direito à vida, entendemos que (estamos no lucro rsrs) a inclusão é um processo longo e que estamos no meio desse caminho, ainda falta muito para chegar no final. Penso que o circo, assim como a sociedade, percorre lentamente esse caminho, mas percorre!

Festival: Como surgiu a ideia da palestra show e porque tem o nome “Muros e Grades são invenções Humanas”?

Ariadne: A palestra show surge de um depoimento (incentivando a não superproteção da pessoa com deficiência) que fui dar para uma turma de faculdade, no final o retorno das pessoas que estavam me ouvindo mexeu demais comigo e foi nesse momento que percebi o poder transformador da minha história e resolvi sair contando ela por aí. Se você que está lendo isso e teve curiosidade de saber mais sobre esses retornos, vem assistir a apresentação que te conto hahaha.

Sobre o nome, eu realmente acredito que as pessoas sempre podem mais do que imaginam e que o ser humano vive criando muros e grades mentais. Um dia ouvindo uma música de um amigo compositor me deparei com essa frase no meio da canção "Muros e Grades são Invenções Humanas" e ele logo me deu ela de presente.

Festival: Como a Pandemia afetou o seu trabalho e como você tem lidado com isso?

Ariadne: Com a pandemia todos os meus trabalhos foram cancelados, assim como o de muitos artistas. Para me manter em movimento tenho feito apresentações da Palestra show online, lives com pessoas com deficiência e encontros para discutir questões desse universo PDC inclusive no meio artístico, mas confesso que ainda estou tentando entender esse novo jeito de fazer e refletindo muito sobre a sobrevivência de todos nós artistas.

Festival: Por fim, o que o público deve esperar de sua Palestra show?

Ariadne: Muitas histórias, movimentos involuntários, uma mula, algumas risadas, um pouco de reflexão e a "Birita"

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