Ciência e pesquisa

Em posição estratégica, Tocantins pode ganhar porto de lançamento de balões estratosféricos

UFT e Agência Espacial Brasileira assinaram protocolo de intenções.

Por Redação
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30/11/2022 10h17 - Atualizado há 1 ano
Assinatura do protocolo na UFT.

O reitor da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Luís Eduardo Bovolato, e o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Augusto Teixeira de Moura, se reuniram na manhã desta terça-feira (29/11) para assinatura de Protocolo de Intenções entre a universidade e a agência. Na ocasião, também foram discutidas pautas estratégicas para as duas instituições.

O encontro contou com a participação de representantes do Centro Nacional de Estudos Espaciais da França, da UFT, da AEB e do Governo do Estado do Tocantins.

O acordo tem como objetivo propor estudos, pesquisas e ações com foco nas áreas de ciências, tecnologia e inovação, com base nas possibilidades de desenvolvimento e aplicação das tecnologias espaciais e de seus produtos e serviços, pautadas pela exploração e uso do espaço exterior para fins pacíficos. O principal interesse é a possibilidade de criação de um Porto de Lançamento de Balões Estratosféricos no Estado do Tocantins.

Pensando nessa possibilidade, equipes técnicas da AEB e da CNES, acompanhadas por representantes da universidade, estão realizando entre os dias 28 a 30 de novembro uma avaliação das condições dos sítios elencados para abrigar as instalações do possível Porto de Lançamentos.

Posição Estratégica

Stéphane Louvel, representante da CNES, afirma que Palmas é um lugar estratégico, pois além de estar no centro do país, está localizada logo abaixo da floresta, com uma grande área tanto a leste quanto a oeste, para o voo controlado do balão. As altas camadas da atmosfera próximas à região equatorial também são fatores que contribuem para que a região seja considerada excelente para esse tipo de projeto, contribuindo para estudos relacionados às mudanças climáticas e toda essa questão ligada ao clima.

Para o presidente da Agência Espacial Brasileira, Carlos Augusto Teixeira Moura, encontros como esse são uma oportunidade para o Brasil: “A gente precisa conhecer melhor o nosso ambiente, o nosso clima, os nossos biomas, entender o que acontece na alta atmosfera. Então, são oportunidades de nós desenvolvermos nossas pesquisas aqui", destacou.

"Por outro lado, nos alinharmos, nos juntarmos aos franceses nesses esforços que eles fazem mundialmente em pesquisas usando balões. É uma oportunidade de engajamento no que há de fronteira do conhecimento mundo afora. O CNES é uma agência espacial de altíssima relevância e, ter uma parceria com eles, é uma projeção do programa espacial brasileiro e podemos juntar isso ao setor acadêmico nacional - e acabamos de ver aqui no setor regional -, com as perspectivas que tem o Tocantins no Matopiba, é uma liga perfeita de ciência, tecnologia e mercado”, completou.

Parcerias

O reitor da UFT, Luís Eduardo Bovolato, destacou que é importante o estabelecimento dessa cooperação com a Agência Espacial Brasileira e, a partir da agência, essa interação com os pesquisadores franceses e o Centro Nacional de Estudos Espaciais da França, criando um cenário favorável, com possibilidades infinitas de interação e cooperação técnica, probabilidade de interação com estudantes, professores, e, através da agência espacial francesa, ter acesso a outras universidades francesas.

Só vejo possibilidades positivas aqui pra gente e espero que possamos estabelecer uma parceria sólida, bastante duradoura, que todos ganhem com isso, com parceria de outras instituições e o governo do estado”, enfatiza o reitor da UFT

Augusto Rezende, reitor da Universidade Estadual do Tocantins, no ato representando o Governador do Estado, também esteve presente na reunião. Para ele, este momento desperta a percepção do posicionamento estratégico do Estado do Tocantins, em relação ao país e dentro de uma esfera global.

O Estado do Tocantins vê isso com bons olhos, todo o incentivo e todos os projetos que envolvem a pesquisa, a ciência e principalmente a abertura das discussões de fundo científico e técnico, são valorizadas pelo Estado do Tocantins. Estamos à disposição dessas iniciativas”, garante ele.

Futuro

O coordenador de satélites e aplicações da Agência Espacial Brasileira (AEB), Rodrigo Leonardi, lembra que o Brasil já fez lançamento de balões estratosféricos, mas a tecnologia evoluiu. “Em nenhum momento houve uma base permanente desses balões em cooperação com os colegas franceses, houve campanhas temporárias, que em determinados momentos vai-se para uma localidade, organiza-se um esforço para lançar alguns balões, encerram-se as atividades e cada um volta para sua instituição de origem”, explica ele.

Leonardi destaca que há uma visão de futuro, onde eles venham implantar uma base no Brasil para estudo das altas camadas da atmosfera, próximo à região Equatorial: “Ainda existe um longo caminho para que isso seja permanente. Primeiro organizaríamos uma campanha de lançamento, muito provavelmente no ano de 2025 ou 2026 e a partir daí talvez a gente consiga torná-la permanente em algum momento. Algumas outras regiões já foram estudadas e Palmas está em primeiro lugar. Terão alguns estudos técnicos necessários e negociação com as autoridades do Tocantins”, detalhou.

CNES e os Balões Estratosféricos

O Centro Nacional de Estudos Espaciais da França (CNES) é conhecido por ter um dos maiores programas de balões estratosféricos do mundo, com um grande grupo de cientistas dedicados exclusivamente à área de pesquisa em questão. Atualmente o órgão conta com três bases instaladas (Suécia, Austrália e Canadá) e agora pretende instalar uma quarta base na região do Equador e Palmas está entre as possibilidades.

Balões de grande altitude são balões geralmente enchidos com hélio ou hidrogênio, que são liberados para a estratosfera, comumente alcançando entre 18 e 37 km de altitude. Eles são muito usados na meteorologia ou outras aplicações como plataforma de experimentos na atmosfera superior.

O balão estratosférico de pressão zero, por exemplo, se acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), é um veículo espacial sub-orbital, construído de um filme plástico com espessura de 3 a 25 µ, inflado com gás hidrogênio ou hélio, capaz de levar experimentos científicos com peso até três toneladas a altitudes até 45 km, voando ao sabor dos ventos até dezenas de horas.

Programação

Como parte da Missão Estratégica do grupo, eles seguem visitando alguns pontos de Palmas até a manhã desta quarta-feira (30), para levantar dados e estudos de viabilidade técnica.

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