Caso Wagner Milhomem

Justiça afasta delegado de Araguaína suspeito de receber dinheiro para investigar morte de empresário

Por Redação AF
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13/09/2016 13h48 - Atualizado há 5 anos
A Justiça determinou o afastamento do exercício da função pública do delegado de Polícia Civil de Araguaína, Manoel Laeldo dos Santos Nascimento. A decisão, publicada na última terça-feira, 6 de setembro, atende pedido do Ministério Público Estadual (MPE), que acusa o delegado da suposta prática de corrupção passiva, ocultação de capitais e associação criminosa. A medida foi determinada pelo Juiz de Direito Francisco Vieira Filho, da 1ª Vara Criminal de Araguaína. Laeldo é acusado de ter aceitado ajuda financeira da família da vítima de um homicídio para investigar o crime, ocorrido no ano de 2012. Conforme a denúncia do MPE, na época, Laeldo era lotado na Delegacia de Homicídios e investigava o assassinato do empresário  Carlos Santana Milhomem, proprietário da Aralatas. Em janeiro de 2013, Vanhia Maria Santana Milhomem, Antônio Charles Milhomem e Wanor Milhomem Santana, que são familiares da vítima, procuraram o Complexo de Delegacias para saber sobre o andamento das investigações, mas o delegado teria relatado as eles diversas dificuldades na condução dos trabalhos, tais como a falta de estrutura e de pessoal. Segundo o MPE, diante do acúmulo de serviços na delegacia que presidia, o delegado teria informado que somente poderia fazer algo mais [nas investigações] se houvesse uma ajuda por parte dos familiares da vítima. Na ocasião, os familiares teriam repassado R$ 30 mil para a conta da esposa do delegado e outros repasses posteriormente para outras contas, totalizando R$ 65 mil. Ainda conforme a decisão, há diversos registros onde vítimas e testemunhas afirmaram terem sido contatá-las pelo delegado para falar sobre as denúncias. Por isso, a decisão também determina que ele não mantenha contato com as vítimas. O delegado continuará recebendo pagamento, mesmo afastado das funções. Em agosto de 2013, Debes Antônio Rosa,  irmão do vice-prefeito de Araguaína, Fraudneis Fiomare Rosa, chegou a ser preso por suspeita de participar do assassinato do empresário. Segundo as investigações, Debes teria sido o "agenciador" do crime. Entretanto, foi denunciado como "executor" e solto três meses depois, por falta de provas. O empresário tinha um patrimônio avaliado, na época, em R$ 20 milhões. Denúncia contra agente policial No último dia 6 de setembro, o MPE aditou a denúncia para acrescentar o agente de polícia Raimundo Dias de Araújo como réu no mesmo caso. Segundo os promotores Leonardo Gouveia Olhe Blanck, Benedicto de Oliveira Guedes Neto e Tarso Rizo de Oliveira, consta no Inquérito Policial que entre os anos de 2013 a 2015 o agente de polícia agia em conjunto com o delegado. O outro lado O delegado Manoel Laeldo afirmou que recebeu com "surpresa" a notícia do seu afastamento do cargo e garantiu que nunca recebeu e nem exigiu "um só real de qualquer pessoa". "Nunca recebi dinheiro de ninguém, nunca exigi um só real de qualquer pessoa. Como disse, sou delegado há 17 anos, já trabalhei aqui em Araguaína e em várias cidades do Tocantins e não tem sequer uma notícia me vinculando a tal fato. Com certeza, nós iremos apresentar para a Justiça a verdade real, pois eu fui denunciado sem ter sequer sido ouvido", disse. Sobre o afastamento, o delegado afirmou que "não tem motivo que o justifique". "Como disse, eu sou delegado de carreira há 17 anos e tenho muitos serviços prestados. Inclusive, em razão dessa situação, eu mesmo solicitei a minha transferência de Araguaína, para Tocantinópolis, justamente para evitar qualquer discussão em relação a intimidar testemunhas. Eu quero é colaborar com a justiça na elucidação desse fato", afirmou.    

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