Operação da Polícia Federal

ABIN paralela: assessor de Ramagem mandou “sentar o pau” em assessor de Barroso, diz PF

Assessor de Ramagem orienta subordinado a atacar assessor de Barroso, revela PF.

Por Mariana
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11/07/2024 20h04 - Atualizado há 3 dias
Preso pela PF, Bormevet era homem de confiança de Alexandre Ramagem

Diálogo ocorreu quando ministro era presidente do TSE; operação cumpre mandados de prisão e de busca e apreensão

Central 190 - Assessor de Ramagem, Marcelo Bormevet, preso pela Polícia Federal (PF) em 11 de julho de 2023, instruiu seu subordinado, Giancarlo Gomes Rodrigues, a "mandar bala" e "sentar o pau" [sic] em um assessor do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. Segundo a PF, Bormevet era um homem de confiança do delegado Alexandre Ramagem, então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atualmente deputado federal pelo PL.

O incidente teria ocorrido em 2021, durante o mandato de Barroso como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O relatório da PF sugere que a citação a Barroso foi motivada por uma publicação no X (antigo Twitter) sobre supostas invasões às urnas eletrônicas e por declarações de um perfil identificado como "Kim Paim", que alegava que o assessor do ministro estava sob investigação.

Em uma conversa pelo WhatsApp com Giancarlo, Marcelo Bormevet mencionou: “Estou assistindo o KIM Paim de hoje. Ele disse que o Assessor do Barroso já é investigado. Temos que sentar o pau nesse assessor”. Giancarlo respondeu: “Manda bala”.

Atentados ao Judiciário e a familiares

A PF indica que, além dos atos de obstrução de investigações, as ações contra ministros da Suprema Corte constituem um ataque ao livre exercício do poder Judiciário. O relatório destaca que os ataques também atingiram familiares dos ministros: “As práticas destinadas a desacreditar o sistema eleitoral brasileiro não se restringiram aos ataques direcionados a Ministros do Supremo Tribunal Federal, mas também contra familiares dos membros da mais alta corte de Justiça”.

A CNN tentou contato com a defesa de Alexandre Ramagem para comentar as acusações e aguarda resposta. A defesa de Marcelo Araújo Bormevet e de Giancarlo Gomes Rodrigues ainda não foi localizada.

Quem é Marcelo Bormevet?

Marcelo Bormevet é um dos alvos de prisão preventiva na quarta fase da Operação Última Milha, deflagrada em 11 de julho pela PF. Ele fazia parte da equipe de segurança do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018. Sob a gestão de Alexandre Ramagem, Bormevet foi nomeado chefe do Centro de Inteligência Nacional (CIN) da Abin. Investigações indicam que essa estrutura, conhecida como “Abin paralela”, era usada para monitorar ilegalmente adversários políticos de Bolsonaro.

A operação

A operação, conduzida pela PF, cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão nas cidades de Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo. Além de Marcelo Bormevet, os alvos incluíam ex-servidores cedidos à Abin e influenciadores digitais do chamado "gabinete do ódio" do governo Bolsonaro.

De acordo com a PF, a organização criminosa monitorava ilegalmente autoridades públicas e produzia notícias falsas utilizando os sistemas da Abin. Membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos das ações do grupo, que criava perfis falsos e divulgava fake news. A organização também acessava ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.

Reflexões sobre a integridade das instituições brasileiras

O caso do assessor de Ramagem e as ações da "Abin paralela" levantam questões profundas sobre a integridade das instituições brasileiras e a fragilidade do sistema democrático diante de práticas ilegais e antiéticas. A utilização de uma agência de inteligência para fins políticos e pessoais não só compromete a segurança nacional, mas também mina a confiança pública nas instituições.

Este episódio serve como um alerta para a necessidade de maior transparência e accountability nas operações de inteligência e segurança do país. O papel das agências de inteligência deve ser rigorosamente monitorado para evitar abusos de poder e assegurar que suas atividades sejam realizadas dentro dos limites da legalidade e com respeito aos direitos humanos.

Fonte: CNN

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