Investigação ouviu 15 pessoas durante 10 dias.
A estudante que desferiu um golpe de faca contra uma colega em uma escola de Paraíso do Tocantins deverá responder por ato infracional análogo ao delito de lesão corporal.
A agressão ocorreu em 11 de outubro deste ano e foi motivado por causa de bullying que a autora sofria. Outras menores de idade que praticavam o bullying também vão responder por ato análogo a crime contra a honra.
Conforme a Polícia Civil, três adolescentes que mudaram o turno de estudo na unidade de ensino passaram a sofrer com o bullying. Uma delas, contrariada com a situação, armou-se com uma faca de sua residência e fez uso da arma tão logo foi alvo de nova ‘brincadeira’.
Na data do fato, as adolescentes envolvidas foram conduzidas por equipes das polícias Civil e Militar até a Central de Atendimento da Polícia Civil, em Paraíso.
O procedimento investigativo ouviu 15 pessoas (entre familiares das envolvidas, funcionários da unidade de ensino e alunos) durante 10 dias e foi concluído nesta segunda-feira (24).
Conforme o delegado responsável pelo caso, José Lucas Melo, o conceito de bullying está atrelado a um conjunto de condutas que visa segregar, diminuir, humilhar e perseguir uma ou várias pessoas fazendo com que se sintam rejeitadas por um grupo.
“No âmbito de uma escola, a comunidade acadêmica representa um micro-organismo da sociedade, no qual também, infelizmente, algumas pessoas tentam se sobrepor a outras por seu poder financeiro, pela forma com que se vestem, etc. A partir do momento em que encontram pessoas que não se ‘enquadram’ no padrão criado, separam, reprovam, provocam e desrespeitam”, complementou o delegado José Lucas.
O delegado destacou que o desfecho violento da situação se deu principalmente pelo fato do bullying não ter sido comunicado por nenhum dos envolvidos à direção da escola ou a algum professor.
“Embora fosse de conhecimento de diversos alunos o que estava acontecendo, ninguém teve a iniciativa de informar o fato a quem de direito para que as medidas pertinentes fossem adotadas”, relatou o delegado.
José Lucas também alertou para que os pais e responsáveis por crianças e adolescentes busquem sempre estar em contato com a unidade de ensino e, principalmente, com os menores, a fim de buscar estar a par de tudo o que acontece.
O caso agora foi remetido ao Ministério Público e à Justiça. Órgãos como o Conselho Tutelar e o Centro de Referência em Assistência Social (CREAS) foram informados para acompanhar o caso.