1ª vez

Reconstrução facial em 3D é realizada a partir de restos mortais encontrados em Araguaína

Perícia estimou os dados biotipológicos como sendo de uma pessoa do sexo feminino.

Por Redação 750
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05/04/2021 17h30 - Atualizado há 3 anos
Parceria entre SSP-TO, UFU e USP permitiu a reconstrução

A reconstrução de uma face em 3D de ossada para fins forenses foi realizada pela primeira vez na história da perícia criminal do Tocantins. Os restos mortais esqueletizados utilizados foram encontrados em Araguaína.

A perícia antropológica da ossada estudada estimou os dados biotipológicos como sendo de uma pessoa do sexo feminino, com estatura estimada de 1,60 metro, idade entre 45 e 60 anos, apresentando características físicas de indivíduo miscigenado (ancestralidade negróide e caucasóide), ainda não identificada.

A divulgação dessa primeira reconstrução facial forense em crânios humanos para auxiliar na perícia de cadáveres não identificados tornou-se possível graças ao Termo de Cooperação Técnica assinado entre a Secretaria da Segurança Pública (SSP-TO), a Universidade Federal de Uberlândia(UFU) e a Universidade de São Paulo (USP).

Conforme a superintendente da Polícia Científica do Tocantins, Dunya Wieczorek Spricigo de Lima, essas instituições de ensino participam do  Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (Procad), uma ação do governo que visa fomentar a cooperação acadêmico científico entre instituições de ensino superior e órgãos de segurança pública  para apoiar projetos voltados para a formação de recursos humanos qualificados para a pesquisa científica e para o desenvolvimento tecnológico nas áreas de segurança pública e ciências forenses.

“Esse projeto, que inclui a USP e UFU, tem a coordenação geral do professor doutor Rodolfo Melani e reúne, além Segurança Pública do Tocantins, os institutos médico legais de São Paulo, Minas Gerais e Roraima, assim como outras universidades e institutos de tecnologia”, explica Dunya.

Reconstrução

O processo forense de reconstrução facial em 3D é realizado em duas etapas. Primeiro, os peritos do Núcleo especializado em Antropologia Forense e Odontologia Legal (NEAFOL) do IML/TO fazem a fotogrametria do crânio para obtenção das imagens, a análise morfológica do crânio e mandíbula (cranioscopia), mensura as medidas do crânio (craniometria) para o estabelecimento do perfil biotipológico.

Após realização da perícia na ossada, os dados são encaminhados para o Departamento Odontolegal da Universidade de Uberlândia, onde o professor doutor Thiago Beaini e equipe realizam a segunda etapa, que consiste na reconstrução facial forense por meio de utilização de programas específicos, seguindo critérios e metodologias científicas para determinação de espessura de tecidos moles, anatomia do nariz, olhos e lábios.

As imagens obtidas são inseridas no programa que produzirá um modelo tridimensional realista do crânio. Adaptada sobre a topografia óssea do crânio, os tecidos moles proporcionarão uma estimativa da aparência do indivíduo periciado que pode ser compartilhada ou comparada ao banco de desaparecidos do Estado.

Para a superintendente e perita oficial Dunya Spricigo, esse projeto vai colaborar para que os crânios de ossadas existentes nos Institutos de Medicina Legal sejam reconstruídos e divulgados para possível reconhecimento de familiares de pessoas desaparecidas.

"Esse projeto visa desenvolver e aplicar técnicas de reconhecimento e identificação de pessoas desaparecidas por meio de imaginologia tridimensional, morfologia facial e reconstrução facial forense", disse.

Para o diretor do Instituto de Medicina Legal do Tocantins, perito oficial Luciano Fleury, a reconstrução facial se reveste de caráter ímpar, pois visa a identificação do falecido, bem como o esclarecimento da causa da morte.

A responsável pelo projeto no Tocantins, perita oficial odontolegista Georgiana Ferreira Ramos, afirmou que a reconstrução facial é mais uma ferramenta que a ciência coloca à disposição da perícia com a finalidade de auxiliar na investigação de pessoas desaparecidas.

"A nossa esperança é que alguma pessoa que procura por seu ente desaparecido possa reconhecer nessa imagem alguma semelhança do seu familiar e nos procure trazendo mais informações para que possamos direcionar as investigações e, quem sabe, poder positivar essa identificação", frisou.

Sobre a reconstrução facial forense, o professor doutor Thiago Leite Beaini, da Universidade Federal de Uberlândia, comenta que ela é uma técnica auxiliar que tem como objetivo aproximar a aparência do indivíduo periciado por meio da aplicação de médias e referências anatômicas.

"As imagens são divulgadas com o mínimo de caracterização possível para evitar o viés por parte do observador. Não há como garantir a identidade do indivíduo, mas a imagem divulgada visa alcançar um grande número de pessoas na expectativa de que alguém que busca o desaparecido reconheça as características individuais obtidas nessa reconstrução", disse.

Reconstrução facial

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