Dia Nacional do Doador de Órgãos

Tocantins já salvou 13 pessoas com doação de órgãos e tem histórias surpreendentes

Patrícia autorizou a doação dos órgãos do marido, depois de um diagnóstico de Morte Encefálica.

Por Nielcem Fernandes 869
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27/09/2018 12h14 - Atualizado há 5 anos
Cirurgia sendo realizada

Os caminhos da vida levaram a Assistente Social, Patrícia Cristina de Morais, a ajudar o próximo com sua experiência pessoal e formação profissional na Central Estadual de Transplantes de Orgãos e Tecidos (CETTO).

Há 28 anos, juntamente com a família do esposo, Patrícia autorizou a doação dos órgãos dele, depois de um diagnóstico de Morte Encefálica. Na época ela não imaginava que seu futuro seria de trabalho para conscientizar novas pessoas a serem doadores de órgãos e tecidos.

“Meu esposo começou a sentir muita dor de cabeça, dias depois ele teve um acidente vascular cerebral (AVC) e foi levado para o hospital da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC). Eu tinha 17 anos, um filho de um ano e nove meses e estava nos últimos dias de gestação da minha segunda filha, foi um momento muito difícil. Nos avisaram sobre o diagnóstico de Morte Encefálica e uma freira que era assistente social, conversou comigo e falou sobre a doação de órgãos. Autorizamos a doação dos rins dele”, disse. 

Depois de muito tempo, Patrícia seguiu a vida e cursou Serviço Social. Dentro da profissão ela atuou em diversas áreas, atualmente trabalha na Central Estadual de Transplantes de Orgãos e Tecidos (CETTO) e vivencia o trabalho de captação de órgãos no Estado.

“É muito gratificante pra mim, hoje me coloco no lugar das famílias, mais do que ninguém eu sei que é um momento difícil e de muita dor”, ressaltou a Assistente Social. 

Os sentimos de Patrícia são compartilhados por outras famílias que no Estado realizaram doação de órgãos de seus familiares que vieram a óbito.

No momento não foi fácil tomar essa decisão, mas com o apoio e esclarecimentos da equipe do Hospital, eles me convenceram e me mostraram o caminho certo, que eu poderia colocar a vida da minha filha em pessoas que estavam entre a vida e a morte e, que no futuro quem sabe essa pessoa possa brilhar como minha filha sonhava”. Essa é a fala emocionada da professora Antônia Facundes de Souza, que autorizou a doação dos órgãos da sua filha, de 24 anos, que teve a morte encefálica confirmada, após um acidente de trânsito.

Esse ato pôde salvar a vida de cerca de seis pessoas que aguardavam transplantes na fila do sistema nacional de transplante. Os profissionais efetivaram a captação com sucesso do pâncreas, fígado, rins e córneas dessa doadora.

“Saber que evitamos o sofrimento de várias famílias, que poderão agora sorrir com mais um tempo ao lado de seus entes queridos, nos ajuda a aliviar a dor que estamos sentindo”. Essa é a declaração da camareira Neide Barbosa, que também autorizou neste mês, a doação de todos os órgãos possíveis de seu marido, que veio a óbito por Trauma Crânio Encefálico (TCE), em decorrência de um acidente automobilístico.

Para que a doação de órgãos aconteça é necessário que em vida o doador avise a família. Se a pessoa tem essa vontade e deixou claro para os familiares, com certeza ela será respeitada.

Na última sexta-feira, 21, foi realizada a primeira captação de múltiplos órgãos em criança no Tocantins. Essa foi a quarta captação de múltiplos órgãos em poucos meses no Estado. A doação só foi possível graças ao gesto de amor e solidariedade dos pais da criança, os funcionários públicos, Odimar Rodrigues Brito e Adriana Rocha da Silva que tomaram esta importante decisão após o diagnóstico de morte encefálica de sua pequena de nove anos, devido um afogamento.

Foram captados os rins, fígado e córneas que atenderão cinco pacientes no Tocantins, São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo o pai sua filha era muito especial e após uma semana acompanhando-a em coma no HGP, e que infelizmente veio ao óbito, este seria o último gesto de amor. 

“Temos a certeza de que a vida de nossa filha irá continuar em outras pessoas e isso é muito importante neste momento de dor”, afirmou o servidor.  A primeira captação múltipla de órgãos para transplante foi realizada em março deste ano no Hospital Geral de Palmas (HGP), onde foram captados, com sucesso, coração, fígado, rins e córneas.

Dados

O Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos é celebrado em 27 de setembro. O principal objetivo desta data é conscientizar a população em geral sobre a importância de ser doador de órgãos, com o intuito de ajudar a milhares de pessoas que lutam por uma oportunidade de salvarem as suas vidas.

Este ano no tocantins 04 famílias optaram pela doação de múltiplos órgãos. Foram captados treze órgãos e 13 pessoas que aguardavam em listas foram beneficiadas com as doações. Os doadores podem doar rins, coração, pulmões, fígado, pâncreas e também tecidos como córneas, pele e ossos.

Quando um paciente evolui para o quadro clínico de morte encefálica, a Comissão Intra-hospitalar para a Doação de Órgãos e Tecidos para transplantes do HGP, entra em contato com a família  fala sobre a opção  da doação dos órgãos. Se a família concordar com a doação, é realizado o processo de validação do doador, com realização de exames específicos.

Com o paciente validado, a Central Estadual de Transplantes  - CETTO comunica a Central Nacional de Transplantes, que realiza a distribuição para os demais estados com receptores que aguardam órgãos compatíveis com os órgãos ofertados e providencia a logística da equipe que os retira e leva até o receptor beneficiado em prazos que variam de acordo com cada órgão.

Transplantes no Estado

O Tocantins também dispõe de um Banco de Tecidos Oculares Público (BOTO), em funcionamento desde dezembro de 2016 e 04 equipes credenciadas para a realização de transplante de córnea, sendo 01 público, no Hospital Geral de Palmas e 03 privados. Desde a implantação da CETTO, foram realizados 110 transplantes de córnea no serviço público e privado e 76 famílias optaram pela Doação de tecidos.

O Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos é celebrado em 27 de setembro
Patrícia passou pelo processo de doação há 28 anos e hoje na trabalha na CETTO

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