Xambioá

Filha pede justiça após morte da mãe por Covid: 'sem teste, sem UTI, sem ambulância'

Idosa procurou atendimento na unidade dias antes de ser internada.

Por Márcia Costa | Conteúdo AF Notícias 1.849
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04/02/2022 08h40 - Atualizado há 2 anos
Idosa Maria Soares da Rocha, de 82 anos

Familiares da idosa Maria Soares da Rocha, de 82 anos, que faleceu no dia 21 de janeiro no Hospital Regional de Xambioá, denunciaram que a paciente foi vítima de negligência por falta de atendimento adequado e materiais básicos na unidade de saúde, como teste de Covid-19.

A filha, Patrícia Soares, contou que sua mãe não estava se sentindo bem e procurou o hospital por volta do dia 15, porém, foi orientada a voltar para casa, pois seria apenas uma gripe.

"Minhas irmãs então ficaram com ela em casa por uns dias. Quando acharam que a saúde dela havia piorado a levaram de novo para o hospital umas 8h da noite do dia 19, mas não foi feito teste para saber se era coronavírus. No hospital não tinha teste para covid-19! Então minha irmã, depois de 24 horas, comprou um teste com dinheiro do próprio bolso, e o resultado foi positivo. Minha mãe faleceu no dia 21 às 11h da manhã, sem atendimento adequado", denunciou a filha.

Conforme Patrícia, somente após o diagnóstico positivo para Covid e a piora no quadro de saúde é que sua mãe foi intubada, mas seus batimentos cardíacos já estavam bem baixos, apenas 30 bpm, e não havia leito de UTI na unidade. Segundo a filha, conseguiram uma vaga no Hospital Regional de Augustinópolis, mas não havia ambulância no momento para fazer a transferência.

"Eles arrumaram a ambulância em Augustinópolis que só chegou 24 horas depois. Minha mãe passou horas sentada na cadeira esperando por essa ambulância e nada de aparecer, usando um oxigênio que não era adequado. E quando a ambulância apareceu, não acharam a veia da minha mãe e a ambulância voltou para Augustinópolis. Quando acharam a veia pela manhã, não teve mais tempo, ela faleceu. O certo era a ambulância ficar na porta aguardando e não retornar para a cidade", relatou a filha.

Indignada com a situação, a filha pede justiça e fiscalização na unidade por parte dos órgãos de controle.

"Chegou ao hospital e disseram que era gripe. Retornou depois e foi internada de forma inadequada, sem teste, sem UTI, sem ambulância, pura negligência. Eles acabaram com nossa família. Queremos justiça, queremos que haja fiscalização. Ela não estava doente, tinha feito exames de saúde 15 dias antes e tinha recebido a 3º dose contra a covid”, desabafou a filha. Ele disse que vai denunciar o caso ao Ministério Público Estadual (MPE).

O que diz a Secretaria de Saúde?

"A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) lamenta o óbito da senhora M. S. R. e esclarece que não é verídica a informação que a paciente passou por diversos atendimentos no Hospital Regional de Xambioá (HRX). Conforme registros da Unidade Hospitalar, a paciente recebeu atendimento no mês de janeiro, apenas na noite do dia 19, aonde chegou bem debilitada.

Devido aos sintomas gripais da paciente, a equipe médica solicitou teste de Covid-19, sendo realizado o exame RT-PCR, padrão ouro, que é o utilizado pelas unidades hospitalares estaduais, com amostra encaminhada para o Lacen de Araguaína. As unidades hospitalares não utilizam teste rápido, como a família solicitava. Assim, devido a situação, a equipe da unidade hospitalar solicitou ao município o teste swab rápido, mas a secretaria municipal não tinha em estoque, naquele momento. Diante disso, a família se prontificou e fez a aquisição do teste para a paciente, com o diagnóstico positivo.

Com o agravamento do quadro e o teste positivo para Covid-19, a equipe médica solicitou leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para a paciente, que rapidamente foi liberada. Porém, quando a UTI móvel chegou à unidade hospitalar a paciente não tinha condições de remoção/transporte, os médicos tentaram estabilizar a paciente sem sucesso. Durante a noite, após intenso trabalho da equipe hospitalar, a paciente foi estabilizada, e solicitado novamente leito de UTI, mas, infelizmente, a paciente piorou e foi a óbito, na manhã do dia 21, antes da transferência ser concluída.

A SES-TO esclarece que todas as informações sobre o atendimento da paciente estão disponíveis no prontuário médico, que pode ser consultado pela família. Por fim, a SES-TO lamenta o óbito e se solidariza com a família e amigos."

Idosa ficou horas sentada numa cadeira à espera da ambulância, segundo filha
Ambulância solicitada estava na cidade de Augustinópolis

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