Araguaína

Mãe de adolescente de 14 anos que foi morto por PM contesta versão sobre troca de tiros

Janete Soares disse que seu filho estava em uma lanchonete.

Por Conteúdo AF Notícias 10.174
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06/01/2022 18h50 - Atualizado há 2 anos
Adolescente Eduardo Pereira Soares tinha 14 anos

A família do adolescente de 14 anos que morreu em um suposto confronto com um policial que estava de folga questionou as informações divulgadas pela Polícia Militar e disse que não houve troca de tiros. O caso aconteceu no domingo, dia 2 de janeiro, em Araguaína.

Janete Pereira Soares, mãe de Eduardo Pereira Soares, decidiu procurar a reportagem para contar sua versão sobre os fatos. Ela autorizou que o nome e a foto do filho fossem divulgados. 

Além de Eduardo, outro adolescente de 17 anos também foi morto na ação. Eles são suspeitos de envolvimento em um assalto à filha do policial envolvido no caso.

O militar que perseguiu a dupla disse que houve confronto. Como ele não estava em serviço, o caso será investigado tanto pela Corregedoria da PM como também pela Polícia Civil.

Segundo Janete, testemunhas relataram que seu filho e o colega estavam em uma lanchonete, perto de casa, quando foram abordados por três homens em um carro, modelo Pajero de cor branca, dizendo que “não iriam algemar e sim matar”.

"A sociedade viu quando eles pegaram esses meninos e rodaram pela Vila Azul. Recebi a ligação dizendo que tinham pego meu filho e que não eram pessoas de boa bisca. Deram a descrição do carro e andei pela Vila Azul e BR-153 atrás desse veículo. Até que alguém encontrou o carro na entrada da Vila Verde, que dá acesso à rua de um parque aquático [sic]", relatou a mãe.

Conforme Janete Soares, uma das pessoas que estava ajudando a procurar pelo seu filho encontrou um homem na beira da estrada e perguntou se ele estaria com o adolescente, mas o mesmo negou. “Ele disse que não estava com ninguém dentro do carro e que não tinha nada para a pessoa [sic]”.

Contudo, chegando ao local, Janete relata que viu luzes dentro do mato e tentou ir atrás, mas foi impedida. Ela conta que chegou a ligar para a Polícia Civil e Polícia Militar, e chamou uma viatura que estava passando pelas proximidades.

"Passou uma viatura da polícia e eu chamei, contei que tinham pegado meu filho e levado para o mato e pedi ajuda para ver o que estava acontecendo. Depois saiu um Gol branco, um cara que não estava uniformizado saiu de dentro nervoso, desceu do carro e deu ordem para os policiais não entrarem que estava resolvendo, e os policiais não entraram. Os dois policiais ficaram lá em pé por duas horas, sendo omissos por aquela criança de 14 anos. Falei para eles que meu filho era menor, e eles disseram: e daí se é menor, ele roubou!".

Janete disse que não imaginava que seu filho seria morto. Porém, momentos depois, chegaram um carro do IML, outras viaturas da PM e o mesmo veículo VW Gol branco que havia saído.

“Me desesperei, me ajoelhei e perguntei porque tinham matado meu filho. Estou abalada e arrasada. Morreu sem direito a socorro nenhum, sem Samu, como o pior bandido de Araguaína, com vários marmanjos do lado que não sei quem eram. Se não houver justiça em Araguaína, vou buscar justiça em outro Estado. Quase morri para ter esse filho, minha gravidez foi de risco”, desabafa Janete.

TROCA DE TIROS

Janete Soares também nega a versão de que houve troca de tiros. “Mentira sobre troca de tiros. Também não sei se acredito que meu filho roubou. Depois que abordaram meu filho na lanchonete, ele aparece morto dentro do mato e com uma arma artesanal, com carteira e celular como se tivesse roubado isso. É inacreditável, difícil de acreditar nessa autoridade. Se meu filho estava dentro de um carro que não era da polícia e com 3 pessoas! Se mentiram sobre isso, devem ter mentido sobre o restante”.

Conforme a mãe, o adolescente não possuía nenhuma passagem pela polícia. "Ele tinha alguns probleminhas psicológicos, tomava remédio controlado, temperamento agitado, era hiperativo e estava sendo acompanhado pelo Caps, mas não era bandido", declarou Janet.

“Os amigos estão questionado o motivo de terem feito isso, se porque ele era negro, usava brinco na orelha, cabelo pintado. Por que fizeram isso com um menino de 14 anos? Estou sem chão, peço ao Comandante, as autoridades por justiça. Não é justo, nenhum desses homens estava sendo ameaçados por uma criança de 14 anos. Eu só não vi eles matando, mas teve gente que viu pegando ele na lanchonete. Os policiais omitiram socorro quando pedi. Eles viram os homens com ele dentro do mato e não fizeram nada”, finalizou.

O QUE DIZ A POLÍCIA MILITAR?

Diante da versão da mãe do adolescente, a reportagem procurou a Polícia Militar para comentar o caso. Veja a nota na íntegra:

"A Polícia Militar informa que em decorrência do roubo no setor Santa Helena, em Araguaína, na noite do último domingo, 02, que resultou em confronto entre o pai de uma das vítimas, que é policial militar e estava fora de serviço e dois menores infratores, o agente público se apresentou voluntariamente na Delegacia de Polícia Civil da região, responsável pelo caso. E a Polícia Militar, após tomar conhecimento dos fatos, adotará as medidas legais cabíveis ao caso.

Segundo informações da ocorrência, os dois menores de 14 e 17 anos, portando arma de fogo, renderam uma mulher de 23 anos, a constrangeram sexualmente, tocando seu corpo, e em seguida roubaram sua motocicleta Biz de cor rosa, aparelho celular, jaleco e CNH que estavam com compartimento do veículo. Enquanto a equipe policial militar em serviço se deslocava para atender ao chamado da vítima, foi informada de outra ocorrência de roubo praticada por suspeitos com as mesmas características.

Enquanto a guarnição registrava o roubo referente à primeira vítima, mulher, 23 anos, a equipe foi informada de que o pai da vítima havia localizado os dois suspeitos na região do Setor Vila Azul, onde teria entrado em confronto com os dois homens. Ao chegar no local indicado, a equipe da PM se deparou com a motoneta roubada, e, ao lado do veículo, aparentemente sem vida, o corpo do homem, 14 anos, com perfuração possivelmente provocada por arma de fogo. Ao lado do corpo, foi encontrada uma arma de fogo artesanal, calibre 22. O segundo suspeito foi encontrado no dia seguinte, nas proximidades do mesmo setor.

Foram acionados o delegado da Polícia Civil, perícia e Instituto Médico Legal para realizarem seus procedimentos no local. Diante dos fatos, a motoneta e alguns objetos da primeira vítima, mulher de 23 anos, bem como o celular da segunda vítima, homem de 28 anos, e uma arma artesanal calibre 22 foram apresentados na Delegacia da Polícia Civil."

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