A família tenta conseguir a internação do paciente há mais de 24 horas.
Caminhoneiro, 34 anos, com diagnóstico de covid-19 e 50% dos pulmões comprometidos em razão da doença. Essa é a situação de David Ariel da Silva Júnior, morador de Colinas do Tocantins, que está há mais de 24 horas tentando conseguir uma internação no Hospital Dom Orione, em Araguaína.
O paciente saiu de Colinas na manhã dessa quarta-feira (10), passou pelo Hospital Municipal de Campanha e foi encaminhado, em uma ambulância do Samu, para o Dom Orione, onde realizou uma tomografia computadorizada e o diagnóstico aponta o comprometimentos de 25% a 50% dos pulmões.
Desde então, a família vem lutando para conseguir a internação do paciente, mas sem sucesso.
"Estou aqui com meu sobrinho desde ontem por volta das 14 horas e tivemos que voltar para casa a noite porque ele estava largado no corredor. Retornamos hoje cedo e o paciente continua no corredor. Ele tem plano de saúde e não há nenhum impedimento, mas até agora não foi internado e ninguém diz a razão pela qual ele continua sem atendimento. Quanto mais tempo esse paciente ficar sem tratamento vai piorar a situação dele”, desabafou a tia Marilene Fernandes.
Segundo a família, o maior problema é a falta de informações e de transparência por parte do hospital, além do descaso, inclusive de médicos e profissionais.
"Ninguém diz por que não interna, sendo que já pediram a internação. Vem uma pessoa atrás da outra e ninguém resolve nada. Ficamos ontem até quase nove da noite e o médico saiu do plantão sem atender. O outro [médico] que iria ocupar o lugar dele chegou tarde da noite, não assumiu a sua função e depois começou foi a mandar os acompanhantes para fora. Chamou segurança, polícia, ao invés de estar dentro do consultório atendendo os pacientes. Estou revoltada", relatou Marilene.
O caminhoneiro está também com quadro de pneumonia e a família já ofereceu até um cheque caução ao hospital, apesar de o paciente ter plano de saúde.
“A coisa está emperrando em questão burocrática, sendo que eu já me comprometi a pagar os custos caso o plano não pague. Mas mesmo assim eles institem em ficar procurando documentos e não atender o paciente. Quando mais tempo passa, mais ele corre risco. Já procurei falar com a direção, assistente social, coordenadora, mas nada. Hoje é o segundo dia que estamos aqui no hospital”, relatou.
Devido à situação, a família decidiu procurar a Delegacia de Polícia Civil para registrar um Boletim de Ocorrência, já na noite desta quinta-feira (11).
O QUE DIZ O HOSPITAL
"O Hospital Dom Orione esclarece que o paciente está internado na unidade, na ala exclusiva para pacientes com Covid-19, recebendo toda assistência necessária.
O referido paciente deu entrada no Pronto Atendimento na quarta-feira, dia 10 de junho, às 14:22. Recebeu atendimento médico, passou por exames e estava sendo assistido pela equipe. Porém, o paciente se evadiu da unidade por conta própria, sem receber alta e sem comunicar o hospital. Na quinta-feira, dia 11 de junho, por volta das 8h, retornou à unidade para solicitar o resultado dos exames e retirada da punção. O paciente foi orientado a permanecer no hospital e realizar nova consulta médica, mas recusou e saiu da unidade novamente. Por volta das 10h retornou ao hospital para ser atendido e passou por nova consulta médica.
Às 17:22 foi gerado o atendimento de internação. Quando o paciente estava sendo encaminhado para internação no leito clínico, pediu para aguardar o retorno de sua acompanhante que tinha saído da unidade. Essa espera atrasou o translado do paciente do Pronto Atendimento para a Ala Covid-19, que já leva certo tempo, pois é preciso isolar todo o trajeto que será percorrido, e logo em seguida, fazer a desinfecção do ambiente. É importante ressaltar que o protocolo de internação de pacientes com Covid-19 é demorado, visto que é preciso seguir várias medidas de segurança. Às 20:30 da quinta-feira, dia 11/06, o paciente foi recebido na Ala Covid e segue internado.
O Hospital Dom Orione esclarece ainda que durante todo o período que o paciente esteve na unidade, foi assistido e monitorado continuamente."