Defensoria e MPTO

'Estamos à beira de um colapso', alerta nota pública; só 3 leitos de UTI estão disponíveis

Alerta foi feito diante do relaxamento das medidas de distanciamento social.

Por Redação 3.619
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01/08/2020 09h10 - Atualizado há 3 anos
Leito covid-19

Uma nota conjunta da 5º Promotoria de Justiça e Defensoria Pública afirma que a pandemia do coronavírus (covid-19) continua se agravando na região de Araguaína e no Tocantins e chama a atenção para a correta leitura dos boletins e painel de leitos.

A nota foi elaborada diante do relaxamento das medidas de distanciamento social e informações equivocadas que passam falsa sensação de tranquilidade quanto à covid-19. Ela é assinada pelos promotores de Justiça Saulo Vinhal e Leonardo Olhe Blanck e pelo defensor público Sandro Ferreira.

INCOERÊNCIA NA CONTAGEM DOS LEITOS

Conforme o documento, há distorções da taxa de ocupação dos leitos de UTI decorrentes de falhas na transparência dos dados.

A afirmação baseia-se no fato de que os boletins divulgados somam todos os leitos avançados (leitos de estabilização em UPA, leitos pediátricos e leitos privados) para chegar ao cálculo do percentual, quando, na verdade, os percentuais deveriam ser analisados isoladamente, para cada grupo de leito.

“Com um número maior de leitos na base de cálculo, há uma distorção da taxa de ocupação, a qual tende a ser menor, produzindo a falsa impressão de tranquilidade”, diz a nota.

Conforme o esclarecimento, os leitos pediátricos não podem ser ocupados por adultos e os leitos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) não deveriam ser considerados no cálculo da oferta, por serem destinados a pacientes transitórios.

Em outro ponto, o documento esclarece que algumas vezes, por questões pontuais, leitos são bloqueados porque não têm condições de tratamento de paciente, mas, ainda assim, constam como leitos abertos e em funcionamento.

"A taxa de ocupação de leitos apresentada nos boletins oficiais pode permitir uma interpretação equivocada com a falsa percepção de ampla disponibilidade de vagas", argumenta.

SITUAÇÃO PIOROU EM ARAGUAÍNA

Conforme a nota, em julho, a situação da covid-19 piorou em Araguaína, com mais pessoas doentes. Em idêntico sentido, houve expressivo aumento de casos ativos, para 1.541, já descontados os números de óbitos e de pacientes recuperados.

LEITOS 

Temos hoje em Araguaína 6 leitos públicos de UTI exclusivos para pacientes pediátricos com covid-19 (Hospital Municipal Eduardo Medrado) e 37 leitos públicos de UTI exclusivos para pacientes adultos (17 no Hospital Regional de Araguaína, 10 no Hospital e Maternidade Dom Orione e 10 no Hospital Municipal de Campanha)

NO HRA, DOS 17 LEITOS, SÓ 10 FUNCIONAM

Para se ter uma ideia, das 17 vagas de UTI exclusivas para os pacientes de Covid-19 no Hospital Regional de Araguaína, apenas 10 estão atualmente em operação e as demais encontram-se bloqueadas por falta de profissionais.

Hoje a taxa de ocupação no HRA é de 90%, mas nos últimos dias estava completamente lotado. Situação agravada pela lotação total da UTI no Hospital e Maternidade Dom Orione, sendo que nos últimos dias as vagas para tratamento intensivo estavam disponíveis apenas no Hospital Municipal de Campanha, que possuía só 3 leitos disponíveis.

Em números absolutos, para pacientes adultos acometidos por covid-19, há atualmente na região norte tão somente 3 leitos públicos de UTI disponíveis no Hospital Municipal de Campanha e 1 leito público aberto ao longo da manhã no Hospital Regional de Araguaína, após triste ocorrência de 02 óbitos. Uma das vagas abertas com óbitos foi imediatamente tomada por um paciente em estado grave, demonstrando a celeridade da doença.

ALERTA 

A nota finaliza conclamando a população a se prevenir e a adotar medidas de isolamento social, a fim de que não haja aumento no número de doentes, de pacientes hospitalizados e de mortes no município.

“Ainda que estejamos trabalhando para ampliar a disponibilidade de leitos em Araguaína, sem o esforço conjunto de todos não conseguiremos deter a Covid-19 e sofreremos inevitavelmente os seus terríveis reflexos em todo o sistema de saúde – como já estamos sofrendo, aliás”, afirma a nota. 

A cidade de Araguaína registrou no mês de julho uma média diária de 100 casos de Covid-19 confirmados, maior média do período de pandemia.

"Por favor, se puder, fique em casa! Se sair, previna-se. Estamos à beira de um colapso", finaliza a carta.

A nota completa pode ser encontrada aqui

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