Fiscalizar, denunciar e punir serve de exemplo apenas aos outros?

Por Redação AF
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12/07/2013 16h51 - Atualizado há 5 anos
<div style="text-align: justify;"> <span style="font-size:14px;"><u><strong>Arnaldo Filho</strong></u><br /> <em>Portal AF Not&iacute;cias</em><br /> &nbsp;<br /> Acabar com um aux&iacute;lio-moradia de R$ 3,4 mil mensais &eacute; cortar na pr&oacute;pria carne. Creio que o fizeram apenas por serem pressionados por aqueles que t&ecirc;m nas m&atilde;os o verdadeiro poder: o voto. Por isso acredito que n&atilde;o foi a sensibilidade, o clamor do povo ou as vozes das ruas que fiz com os deputados mudassem de ideia, mas sim a revolta das ruas e o medo do reflexo uma decis&atilde;o imoral pode trazer no resultado das urnas.<br /> <br /> Os ing&ecirc;nuos deputados esperavam que a extin&ccedil;&atilde;o do aux&iacute;lio-moradia na Assembleia Legislativa fosse vista como &ldquo;um exemplo a ser seguido&rdquo; pelos membros do Tribunal de Contas do Estado, do Tribunal de Justi&ccedil;a e Minist&eacute;rio P&uacute;blico, que tamb&eacute;m usufruem da mesma benesse.<br /> <br /> Acontecem que at&eacute; agora estes &oacute;rg&atilde;os parecem pouco se importar sobre o que pensam as ruas, muito menos interessados em zelar pela imagem das institui&ccedil;&otilde;es cujo trabalho &eacute;, dentre outros, primar pela moralidade e legalidade no trato da coisa p&uacute;blica.<br /> <br /> <strong><u>Minist&eacute;rio P&uacute;blico</u></strong><br /> <br /> Embora ainda n&atilde;o esteja sendo pago, cada membro do MPE ter&aacute; direito a R$ 2.062,61 de aux&iacute;lio-moradia se o &oacute;rg&atilde;o resolver manter e pagar o benef&iacute;cio. O sal&aacute;rio dos promotores &eacute; de R$ 20.626,16 e o dos procuradores &eacute; de R$ 25.323,51.<br /> <br /> Visto n&atilde;o podemos esquecer que este &eacute; o mesmo Minist&eacute;rio P&uacute;blico que outrora conquistou apoio praticamente un&acirc;nime da sociedade, e tamb&eacute;m da imprensa, na luta contra a imoral PEC 37, popularmente conhecida como PEC da Impunidade. A moraliza&ccedil;&atilde;o da coisa p&uacute;blica foi, e continuar&aacute; sendo, uma das principais bandeiras para reprova&ccedil;&atilde;o da proposta. Isso mostra que aux&iacute;lio-moradia para membros do MPE &eacute; antag&ocirc;nico, contradit&oacute;rio e n&atilde;o deixar&aacute; de ser imoral por ser pagos aos promotores e procuradores de justi&ccedil;a.<br /> <br /> N&atilde;o tenho d&uacute;vidas de que a manuten&ccedil;&atilde;o deste benef&iacute;cio ir&aacute; t&atilde;o somente manchar a imagem de uma institui&ccedil;&atilde;o que conquistou seu espa&ccedil;o e confian&ccedil;a atrav&eacute;s da bandeira da legalidade e moralidade.&nbsp;&nbsp;<br /> <br /> Este tamb&eacute;m &eacute; o Minist&eacute;rio P&uacute;blico que ingressa constantemente com A&ccedil;&otilde;es de Improbidade Administrativa responsabilizando os gestores por suas imoralidades, mas que ao mudar de cen&aacute;rio, parece aceitar com naturalidade o que tamb&eacute;m &eacute; imoral.&nbsp;<br /> <br /> <u><strong>Tribunal de Justi&ccedil;a</strong></u><br /> <br /> J&aacute; o Tribunal de Justi&ccedil;a tenta sustentar a imoralidade sob um argumento meramente legalista. Segundo o &oacute;rg&atilde;o, o aux&iacute;lio-moradia &eacute; pago em tribunais superiores e tribunais estaduais, amparado pela Lei Org&acirc;nica da Magistratura Nacional (LOMAN), de 14 de mar&ccedil;o de 1979, em seu artigo 65, inciso II.<br /> <br /> O valor do benef&iacute;cio de R$ 2.062,61, conforme a resolu&ccedil;&atilde;o 13/2012, a t&iacute;tulo de ajuda de custo para moradia, correspondente a 10% do subs&iacute;dio mensal de Juiz Substituto.<br /> <br /> O Tribunal de Justi&ccedil;a, &oacute;rg&atilde;o &ldquo;supremo&rdquo; no Tocantins, n&atilde;o sinalizou qualquer disposi&ccedil;&atilde;o para rever a imoralidade. Justamente por isso tamb&eacute;m n&atilde;o podemos esquecer que este &eacute; o mesmo Tribunal que tentar reconstruir uma imagem desgastada quando um ter&ccedil;o dos seus julgadores (4 dos 12 desembargadores) foram afastados acusados de venderem senten&ccedil;as, ou melhor, vender a justi&ccedil;a.<br /> <br /> Resta evidente que mesmo tendo afastados os desembargadores, o manto da desconfian&ccedil;a e falta de credibilidade ainda s&atilde;o vestes que atormentam nosso egr&eacute;gio Tribunal de Justi&ccedil;a. Da mesma forma, extinguir o aux&iacute;lio-moradia &eacute; o m&iacute;nimo que o TJ/TO deve fazer para tentar reconquistar o respeito da sociedade e de quem repouso sobre suas decis&otilde;es.&nbsp; N&atilde;o custa lembrar que moralidade n&atilde;o tem sido ultimamente uma de suas grandes virtudes.<br /> <br /> <strong><u>Tribunal de Contas do Estado</u></strong><br /> <br /> No TCE os sete conselheiros, nove procuradores e doze auditores recebem R$ 2,4 mil a mais, por m&ecirc;s, em seus pagamentos como aux&iacute;lio-moradia que foi aprovado em dezembro do ano passado. O impacto anual &eacute; de cerca de R$ 800 mil nos cofres p&uacute;blicos.<br /> <br /> O &oacute;rg&atilde;o &ldquo;pretende conversar&rdquo; para discutir sobre o fim da imoralidade. Quem tem a palavra da vez &eacute; o presidente Jos&eacute; Wagner Praxedes. Este &eacute; o mesmo homem que teve o nome atolado nas den&uacute;ncias de favorecimento com diversos shows que foram pagos com dinheiro p&uacute;blico na Pousada Encontro das &Aacute;guas, em Araguatins, pertencente &agrave; sua fam&iacute;lia.<br /> <br /> O TCE &eacute; o &oacute;rg&atilde;o que fiscaliza, aprova e rejeita as contas dos gestores p&uacute;blicos e lhes aplica multas quando princ&iacute;pios como legalidade e moralidade n&atilde;o s&atilde;o observados.&nbsp; N&atilde;o raramente tamb&eacute;m vemos na m&iacute;dia que o &oacute;rg&atilde;o coloca sob &ldquo;suspeita&rdquo; investimentos em obras e contratos p&uacute;blicos.<br /> <br /> <u><strong>Por fim</strong></u><br /> <br /> Pelo menos por enquanto, ao que se percebe a hipocrisia resume bem a forma de atuar dos muitos &oacute;rg&atilde;os que fiscalizam, cobram e punem os agentes que se trilham os caminhos tortuosos da ilegalidade e imoralidade. Infelizmente percebemos que o ditado &ldquo;fa&ccedil;a o que eu digo, mas n&atilde;o o que eu fa&ccedil;o&rdquo; nunca foi t&atilde;o verdadeiro e posto em pr&aacute;tica no Tocantins quanto agora.<br /> <br /> E ai MPE, TJ e TCE, v&atilde;o permanecer com o aux&iacute;lio-moradia?</span></div>
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