Levantamento

Rodovias federais estão piores em 2022: 66% em situação regular, ruim ou péssima, aponta CNT

Estudo é o maior e o mais completo acompanhamento das rodovias no país.

Por Redação
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16/11/2022 11h33 - Atualizado há 1 ano
Situação das rodovias federais piorou em 2022.

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou os resultados da 25ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias, no último dia 9 de novembro. Os dados apontam que o estado geral da malha rodoviária (a qualidade das rodovias brasileiras) piorou em 2022. Dos 110.333 quilômetros avaliados, 66% foram classificados como Regular, Ruim ou Péssimo. Em 2021, esse percentual era de 61,8%.

Desde 1995, a CNT avalia 100% da malha rodoviária pavimentada federal e as principais rodovias estaduais, com o objetivo de colaborar para o desenvolvimento do transporte rodoviário de cargas e de passageiros no país. Neste ano, durante 30 dias, 22 equipes percorreram as cinco regiões do Brasil de forma a compor os resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2022.

O estudo é o maior e mais completo acompanhamento da qualidade das rodovias brasileiras. No levantamento, são analisados os aspectos relacionados a ‘pavimento’, ‘sinalização’ e ‘geometria da via’, assim como a existência de ‘pontos críticos’. 

Tais características levam em conta variáveis como condições da superfície; placas e faixas de sinalização e defensas; e elementos da via, como curvas, acostamentos, pontes e viadutos. Esses aspectos recebem as classificações Ótimo, Bom, Regular, Ruim ou Péssimo.

Em toda a malha pesquisada, foi observada uma piora significativa na característica Pavimento em relação ao resultado de 2021. A CNT identificou que 55,5% (61.311 km) da extensão encontram-se em estado Regular, Ruim ou Péssimo, um acréscimo de 3,3 pontos percentuais em relação ao ano anterior.

Para a sinalização, 60,7% (66.985 km) foram considerados deficientes (Regular, Ruim ou Péssimo), enquanto para geometria da via, o valor corresponde a 63,9% (70.445 km).

Rodovias sob gestão pública

Na comparação com o ano passado, a piora dos trechos federais e estaduais sob gestão pública chama a atenção. O ‘estado geral’ na classificação Ótimo e Bom caiu de 28,2% para 24,7%, em 2022 — a segunda queda consecutiva, visto que, em 2019, o percentual era de 32,5%. 

Em 2020, o levantamento não foi realizado devido à pandemia de Covid-19. Portanto, 75,3% (65.566 km) da malha rodoviária sob gestão pública apresentam algum tipo de problema, sendo classificados como Regular, Ruim ou Péssimo. 

Já entre as características analisadas, ‘pavimento’ apresentou a maior queda de qualidade: o percentual da classificação Regular, Ruim e Péssimo aumentou de 59,4%, no ano passado, para 62,7%, neste ano.

Rodovias sob gestão concedida

Em contrapartida, os resultados da avaliação do ‘estado geral’ das rodovias concedidas apontam que 69,0% dos 23.238 km pesquisados são classificados como Ótimo ou Bom; 25,8% (5.988 km), Regular; e apenas 5,2% (1.209 km), Ruim ou Péssimo. 

O cenário é diferente porque, tradicionalmente, há um maior investimento feito pelas concessionárias em relação às aplicações realizadas pelo setor público. Porém, assim como nos trechos sob gestão pública, em 2022 as rodovias sob responsabilidade da iniciativa privada também não escaparam da piora. Em 2021, o ‘estado geral’ Ótimo ou Bom destas rodovias era de 74,2% — ou seja, o índice apresentou queda de 5,2 pontos percentuais.

Aumento de acidentes e de custos operacionais

As implicações práticas dos dados apresentados pelo estudo da CNT já são verificadas nas estatísticas federais. De 2020 para 2021 os números de acidentes, lesões e mortes nas rodovias federais cresceram após uma década sem elevação. Os percentuais de acréscimo foram de, respectivamente, 1,4%, 0,3% e 1,7%.

O relatório da pesquisa da CNT conclui que os resultados são desfavoráveis aos transportadores e aos demais usuários, visto que circular em rodovias em condições inadequadas pode trazer graves riscos à segurança, além de custos adicionais de operação, como manutenção frequente do veículo e aumento do tempo de viagem e do consumo de combustível. Empresas do transporte rodoviário de cargas podem ter um acréscimo de, em média, 33,1% no custo operacional que teriam caso as rodovias estivessem em estado Ótimo.

Essas condições inadequadas ocasionam, ainda, segundo o estudo da CNT, danos ambientais e à saúde, visto que propiciam o aumento das emissões de gases de efeito estufa. 

Além disso, representam, segundo os cálculos dos pesquisadores, um custo de aproximadamente R$ 4,89 bilhões para os transportadores de cargas e de passageiros no Brasil – uma vez que se estima um consumo adicional e desnecessário de 1,072 bilhão de litros de diesel. Dessa forma, “os resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2022 demonstram a urgência de estruturação de ações voltadas à melhoria das rodovias brasileiras”, aponta o estudo.

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